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17 DE SETEMBRO DE 1981

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A situação da indústria, quer do ponto de vista económico quer financeiro, é relativamente má, muito especialmente no que se refere a este último aspecto, e só uma abordagem global dos problemas que afligem o sector poderá contribuir para o encontro da solução satisfatório que se pretende.

Com efeito, as empresas encontram-se, na sua maioria, descapitalizadas, pelo que só se podem manter através do recurso ao crédito.

Isto significa que empresas com uma situação económica aparentemente desafogada podem sentir enormes dificuldades se, por exemplo, houver solução de continuidade na concessão de créditos ou se verificarem, por parte da banca, exigências apertadas na liquidação dos referidos créditos.

No entanto, a situação não é exactamente a mesma relativamente às empresas com fábricas no Norte e no Sul do País (incluindo Setúbal), visto que as unidades do Norte, talvez por conseguirem uma maior produtividade conduzindo a custos de produção mais baixos, se encontram, de um modo geral, economicamente mais equilibradas, pelo que não se prevê o seu descalabro a curto prazo.

No conjunto do País pode afirmar-se que, nesta altura, excluindo as já falidas, existem cerca de uma dúzia de empresas cujos graves problemas económicos e financeiros nos levam a temer pela sua situação futura, por a considerarmos desastrosa ou, pelo menos, de muito difícil recuperação.

No aspecto tecnológico também a situação das diversas empresas, ou das suas unidades fabris, varia substancialmente. Enquanto parte delas já dispõe de um certo grau de mecanização, outras há em que os fabricos se efectuam ainda inteiramente pelos processos tradicionais.

É certo que o Instituto Português de Conservas de Peixe, ao emitir parecer sobre equipamentos a adquirir pelas unidades fabris conserveiras sempre tem considerado conveniente a manutenção de uma linha tradicional de fabrico em paralelo com a mecanizada, baseados no conhecimento do produto final obtido utilizando uma e outra. Assim, enquanto a linha mecanizada proporciona grandes produções, a tradicional origina produtos cuidados, de alta qualidade.

Poderemos, portanto, dispor desta produção mais cuidada para mercados de elevado poder de compra e de uma outra mecânica, que, permitindo grande produção, melhora a rentabilidade industrial.

A inadequada topografia da grande maioria das unidades que possuem unicamente linhas de fabrico manual é, em parte, responsável por deficiências de rendimento, originadas pelas frequentes interrupções nas respectivas linhas, ainda que algumas fábricas disponham já de transportadores mecânicos para obviar a este inconveniente.

Contudo, está a indústria a levar a efeito um esforço de actualização no que se refere a métodos e mecanização, no sentido de se conseguir obter maior economia sem prejuízo da qualidade do produto final, o que não é tarefa fácil dadas as características da sardinha portuguesa — Sardina Pilchardus—, bem diferenciadas das espécies utilizadas pelos países nórdicos.

Nos centros conserveiros da Póvoa de Varzim e de Matosinhos existem já mais de duas dezenas de unidades que possuem equipamentos modelares, com maior ou menor número de máquinas consoante o

desafogo económico e financeiro da empresa. No Algarve, quer no Barlavento quer no Sotavento, predominam as unidades de trabalho manual. No entanto, em quase todas elas houve também já uma modernização com a aquisição de azeitadeiras e cra-vadeiras automáticas, máquinas de empapelar, etc.

Dada a dificuldade evidente experimentada no abastecimento de peixe, nota-se ainda o interesse demonstrado pela indústria em dispor de câmaras de frio privativas que lhe permitem uma regular laboração.

Assim, expressas em três, constatava-se a existência das seguintes capacidades de armazenagem nos vários centros, em meados do ano findo:

Póvoa de Varzim — 6204; Matosinhos —12 857; Peniche — 800; Setúbal — 3640; Lagos — 413; Portimão—6852; Olhão—1660;

Vila Real de Santo António — 4730.

Analisadas sucintamente as principais condicio nantes da situação actual da indústria de conservas de peixe em Portugal, procurar-se-á alinhar algumas das medidas que se julga poderão contribuir para ultrapassar as dificuldades que a mesma atravessa.

Em primeiro lugar é de salientar, uma vez mais, que a regularização do abastecimento de peixe à indústria é o problema prioritário e que, sem se para ele encontrar a solução conveniente, todas as medidas que possam ser tomadas só servirão para atenuar as dificuldades sentidas, não se conseguindo mesmo superar a crise, a menos que haja uma redução drástica do número de unidades em laboração.

Com efeito, pode dizer-se que, para o número de fábricas que actualmente se encontram a trabalhar, só uma produção não inferior a 4000 milhares de caixas, na base 1/4 club 30 m/m, das quais cerca de 2 700 000 de conservas de sardinha, poderia contribuir para uma utilização mais racional da respectiva capacidade de produção, com a consequente baixa de custos fixos e mesmo dos resultantes da mão-de--obra, presentemente não completamente utilizada, a qual, no entanto, mesmo sem corresponder a trabalho efectivo, tem de ser remunerada na base mínima de 45 horas semanais.

Há que ter em conta ainda que, como se disse atrás, parte das unidades industriais se encontram já providas de íinhas de fabrico mecanizadas que conduzem, relativamente às linhas tradicionais, & uma capacidade só aproveitada com grandes produções.

Sabe-se que, para produzir o número de caixas acima referido de conservas de sardinha correspondentes a cerca de 50 0001, na base de 19 kg por caixa, serão precisas aproximadamente 75 0001 de sardinha fresca e congelada, na proporção de 70 °fo para a primeira e 30 °lo para a segunda, atendendo a que serão precisos, em média, 25 kg daquela e 35 kg desta para fabricar uma caixa na base 1 /4 club 30 m/m, números estes que conduzem a 47 000 í de sardinha fresca e 28 0001 de sardinha congelada.

Enquanto, teoricamente pelo menos, é possível a obtenção destas quantidades de sardinha congelada, já se torna, nas condições actuais, extremamente difícil, em concorrência com o consumo público, o