O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1614

II SÉRIE — NÚMERO 63

mente uma questão de papel e lápis: multiplica-se 1700 contos por 12.

Por isso, temos de «convencer» o Ministério das Finanças e do Plano — e são os Srs. Deputados que representam uma Nação e que têm responsabilidades desse tipo que devem lembrar ao Parlamento este tipo de situação, pois desde há muitos anos o Ministério dos Negócios Estrangeiros interrompeu de uma maneira inexplicável a sua compra de casas. Nós hoje temos um acervo patrimonial no estrangeiro que vale milhões de contos. Não o continuámos, mas devemos continuá-lo porque, no fundo, é uma poupança.

Em relação às questões colocadas pelo Sr. Deputado Joaquim Miranda quanto às verbas, responder-lhe-ei que em matemática aprendi que «menos com menos dá mais».

Risos.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): — Só às vezes!

O Orador: — No entanto, isto não é resposta que se dê, e espero que o Sr. Deputado me perdoe e me releve este tipo de liguagem, mas de vez em quando é bom para descontrair.

Como toda a gente sabe — e até é desnecessário di-zê-lo—, nós atravessamos um período gravíssimo do ponto de vista económico-financeiro. Acredite, Sr. Deputado, que os Ministros Coimbra Martins, Jaime Gama e eu próprio fizemos — e peço que me desculpem a terminologia que vou usar porque é pretensiosa, mas é verdadeira— uma análise profunda e penso que exaustiva das prioridades do Estado Português no campo cultural. Assim, com as verbas dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura, vamos tentar executar uma política —evidentemente que é uma perda de inércia— de manutenção de um dinamismo nas áreas que consideramos importantes para a manutenção da imagem do Estado Português que neste momento é necessária.

Portanto, vamos abandonar certo tipo de acções em Estados longínquos que vamos guardar para um período melhor, como é, por exemplo, o caso do Japão, da China, da índia —este último está num estado gravíssimo e temos que desenvolver lá uma política cultural—, para concentrar a imagem de Portugal junto dos Estados onde há grande concentração demográfica portuguesa. E isto porquê? Porque pensamos —e julgo que a bancada do PCP também estará de acordo— que, na medida em que o Estado Português fizer uma melhor difusão daquilo que é o pensamento vivo português, do que é a realidade cultural portuguesa, levando aos outros países as coisas concretas e válidas, isso irá ajudar nesses países a melhorar também a situação do emigrante. Assim, na perspectiva das pessoas que virem essas manifestações, que assistirem a esses actos culturais e que visitarem essas exposições, os emigrantes passarão a ser vistos como representantes de uma mesologia que pensa e que é válida. Portanto, vamos juntar os nossos meios para conseguir manter um certo dinamismo naquilo que estes dois Ministérios pensam que é prioritário.

Ê evidente que outras áreas ficarão por colmatar. No entanto, neste momento, dada a situação econó-mico-financeira do País é impossível fazê-lo, mas fá-lo--emos com calma e segurança nos anos vindouros.

Quanto às linhas de crédito, vou propor uma resposta para ver se a bancada do PCP aceita: a cooperação deve ser pensada como algo de complementar do comércio e da indústria de Portugal. Assim, a cooperação deve dinamizar e criar as condições possíveis para que essas linhas de crédito possam ser actuantes, benéficas e ter o reflexo e o refluxo do seu pagamento para o Estado Português. Este é um conceito complementar de cooperação que pensamos ser efectivo e que iremos pôr em acto.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP):—Dá-me licença que o interrompa, Sr. Secretário de Estado?

O Orador: — Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): — Sr. Secretário de Estado, a questão que se coloca é a seguinte: com as verbas que possuímos não temos cooperação. Podemos ter linhas de crédito, podemos desenvolver todo um trabalho nesse sentido, mas não temos cooperação.

C Orador: — Quanto a isso, Sr. Deputado, há todo um reformular de uma política de cooperação. Vamos deixar de ter certo tipo de acções que são importantes e necessárias para as concentrar em projectos da maior profundidade e que poderão ter, a muito curto prazo, resultados mais positivos. E vou dar-lhe um exemplo: suponha que o Estado Português gasta x num envio de n professores para as antigas colónias. Ora, se lançarmos — como estamos a pensar fazer— um projecto de formação de formadores de português, vamos gastar muito menos e iremos obter um resultado muito mais positivo. Quer dizer, em vez de agarrarmos em n professores e dispersá-los por Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Gvüué-Bissau, chamamos a nós este tipó de professores locais com um nível académico que pode ser até ao 7.° ano, formamo-los aqui em formação de formadores e vamos lançar nesses países uma semente que é muito mais importante e efectiva do que estarmos a gastar dinheiro em professores de Matemática, de Geometria, de Filosofia ou de Química.

Ora, é possível que o Sr. Deputado me diga que esses também são necessários. Quanto a isso estou de acordo, mas, neste momento, a prioridade é a defesa, a penetração e a divulgação do português, em sintonia com os desejos desses Estados. Se o Sr. Deputado fizer as contas —e com isto não estou de maneira nenhuma a dizer que esta verba é suficiente; é unicamente uma adaptabilidade às circunstâncias com imaginação e, se possível, com um certo tipo de eficácia —, acredite que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Secretaria de Estado terão imenso gosto e enorme prazer em pôr à disposição da bancada do PCP estes estudos de planos para vossa análise e apreciação.

Quanto às vantagens políticas, Portugal nunca será nem o intérprete nem o fornecedor da força de trabalho. A bancada do PCP pode ficar completamente descansada, pois Portugal nunca será nem o intérprete nem o fornecedor da força de trabalho.

As negociações que temos feito com esses países têm sido sempre no sentido de Portugal liderar e fornecer o nosso know-how que será pago em estudos percentuais vantajosos para o nosso país.