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22 DE MAIO DE 1985

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tem umas dúzias de pilares ao alto, uns metros de laje; assim se delapidaram 19 000 000$ da Câmara Municipal de Lamego.

Parte desse dinheiro era o que a Câmara teria de pagar à empresa Manuel da Silva Alves da dívida de pagamentos em atraso.

Mas digo, como bom coveiro de enterrar empresas que é, o Sr. António Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Lamego, resolveu arranjar uma solução de multas que não conseguem ser justificadas, para liquidar a dívida à empresa Manuel da Silva Alves, para a colocar numa situação económica difícil.

6.° Entrando na Rua de Alexandre Herculano, uns metros mais abaixo do escadório, já se vê num terreno pertencente a Fernando Gonçalves Pinto um edifício em estrutura que excede mais um piso do que os 2 construídos mais abaixo, um do lado esquerdo, outro do lado direito, construído pela empresa Manuel da Silva Alves.

7.° Se entramos pela estrada de Guarda-Lamego, a 500 m à esquerda do cruzamento de Calvilho, encontra-se uma fábrica por acabar, pertencente às Construções Premasial, L.*1, para fabricação de materiais para a construção civil e pavimentos para a exportação, e que vinha, se não houvesse entraves, pôr em funcionamento dentro e fora da fábrica 300 postos de trabalho e dar ao Estado, em média, 120 000$ diários de imposto de transacções.

8.° Andamos 500 m mais abaixo na mesma estrada atrás referida, encontra-se uma obra chamada Estação Fruteira, em que não se encontraram entraves na sua construção, porque pertencia a uma das sociedades fantasmas de que o Sr. Vereador a tempo inteiro fazia parte.

9.° Se entramos pelo lado da Régua, pela estrada em direcção ao Palácio da Justiça, encontramos um loteamento já com casas em construção, em que não se tem respeito pela distância de afastamento entre o Quartel da GNR e as obras em construção.

Enfim, pertencem à firma Francisco Pereira Marinho, compadre do Sr. Vereador a tempo inteiro da Câmara Municipal de Lamego Amândio da Fonseca.

10.° Mas, se entramos pelo lado de Resende, em frente ao Estabelecimento Prisional de Lamego, já se prepara outro loteamento pertencente, segundo parece, à firma Manuel Gonçalves e outros.

11.° E agora vamos entrar dentro da cidade.

O Mercado Municipal: a firma que o trazia em construção, Simões da Silva, L.da, faliu. Faça-se um inquérito a como foi essa obra acabada, quem dirigiu as obras, quanto se gastou para se acabarem.

12.° Se chegarmos ao cruzamento da Rua de Fafel, encontra-se um edifício que ocupou terreno público, excedeu mais um piso, não tem condições de habitabilidade correctas por pertencer a uma firma que cada obra que construiu em Lamego cada irregularidade que cometeu.

Eníim, era uma firma dos amigos.

13.° Se as pessoas entram por Viseu, pela estrada da serra das Meadas, podíamos encontrar construída uma das organizações pecuárias das mais fortes do Norte, mas, enfim, tudo ficou encravado pelas atitudes tomadas pelo Sr. António Ferreira, presidente da Câ mara Municipal de Lamego.

14.° Lamego é a única cidade do País em que após o 25 de Abril nada se desenvolveu industrialmente, só se protegeram compadres e amigos.

15.° Passando aos concursos de empreitadas, várias estradas foram abertas sem concurso público ou limitado, mais de uma dúzia de campos de futebol foram construídos em épocas de eleições, entregues a compadres e amigos a custos exorbitantes.

16.° O mais grave é que, em muitos casos, mal se acabam de pavimentar as ruas ou as estradas, aí vai logo uma máquina de abre-valas destruir os pavimentos e torná-los a repor.

Parece que se fez muita coisa, que se construíram muitas estradas, mas quantas delas serviam para dar acesso às propriedades dos amigos.

17.° Hoje, para se repararem pavimentos mal construídos em estradas onde, em alguns casos, nem se podem cruzar 2 vituras ligeiras, enfim, gasta-se mais em reparações do que na altura custou a abri-las de novo.

18.° Em Lamego, o que o Sr. Presidente da Câmara fez foi tudo obras com fins eleitoralistas e donde tiraram partido compadres e amigos. É o que está bem visível.

Não se programou o futuro, delapidaram-se os empreiteiros que não concordam com o insucesso, sacrificaram-se os trabalhadores, desmoralizaram-se os investidores, pôs-se em causa a vivência das gerações futuras.

19.° Sr. Administrador, quanto ao nosso processo de financiamento n.° 2J42129, como há indícios de culpabilidade por parte da Câmara Municipal de Lamego e por parte dos vossos serviços, por até esta data não me informarem o já atrás referido, do paradeiro dos 1 411 000$, que ficaram depositados à ordem da Câmara Municipal de Lamego, mas sem que a mesma os pudesse levantar sem o meu conhecimento, o que seria logo à partida contestado, acho que era melhor apurar responsabilidades primeiro e depois fazer o plano de acordo de pagamentos.

20.° Sr. Administrador, a obra não está concluída por manobras bem escuras que o Sr. António Ferreira tem vindo a levar a cabo, para que a mesma não se acabe, mesmo tendo a minha firma feito tentativas para que já estivesse pronta, respondendo às exigências de má fé do Sr. Presidente da Câmara, que, por último, em 25 de Setembro de 1984, arbitrariamente mandou cortar a água do edifício, não se podendo assim acabar as obras.

21.° Mandou também cortar a electricidade, por um tal engenheiro da EDP que é de sua confiança, mas não tem competência: traz o concelho ou a zona da EDP em mau estado, são as avarias da "'^ctricidade que não se resolvem convenientemente, são linhas montadas anárquicamente, enfim, prejuízos para as populações no que diz respeito a aparelhos electro-domésticos, motores, lâmpadas, etc.

22.° O técnico responsável anterior da EDP, engenheiro técnico Carvalho, cuja competência profissional era óptima, pronto a qualquer hora do dia ou da noite para resolver situações de emergência, era um facto consumado. Mas, como não obedecia às ordens do Sr. António Ferreira presidente da Câmara Municipal de Lamego, foi transferido.

Lamego, 25 de Março de 1985. — Manuel da Silva Alves.