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II SÉRIE — NÚMERO 94

jecto que para a semana vai ser discutido sobre a não instalação e não armazenamento e trânsito de armas nucleares no nosso país.

Fico muito satisfeito por saber que a JSD defende a reestruturação das Forças Armadas, no sentido de elas defenderem, efectivamente, a independência nacional. Esperemos que essas intenções se materializem em acções concretas, no sentido de reestruturar as Forças Armadas Portuguesas, para que elas sejam, de facto, uma garantia da independência nacional e para que não continuem a ser envolvidas nos planos belicistas e armamentistas dos EUA.

Gostaria, por outro lado, de focar o seguinte aspecto: tem sido aqui muito falado que a paz e a cooperação também começam pela amizade e pelo estabelecimento de relações de fraternidade entre todos os jovens, entre todas as pessoas de todo o mundo!

Comungamos perfeitamente dessa opinião, e aproveitando isso queríamos aqui dizer que, já que estamos em maré de declarações de princípios, gostávamos de saber o que é que pensam fazer os deputados da JSD e da ¡S em relação à atitude do Governo de rescindir tcdos os acordos de cooperação que facilitem trocas de viagens e trocas de opiniões entre jovens de todos os países e porque é que, sistematicamente, se impede e dificulta quer a entrada de jovens — nomeadamente de países socialistas e de organizações reconhecidas pela ONU — no nosso país, quer,o intercâmbio, quer o turismo juvenil.

Por outro lado, queria também focar algumas coisas que aqui foram ditas. £ uma questão muito pessoal, eu não resisto, digam o que disserem. Eu esperava que esta sala, que é a Câmara dos deputados, que era a antiga Câmara dos pares, que era a câmara dos antepassados dos deputados, tivesse inspirado melhor o nosso amigo da Juventude Monárquica, ou seja, esperava que os seus antepassados o tivessem inspirado melhor, porque chamar ao Tratado de Munique a «paz de Munique» é uma coisa bastante complicada.

Por outro lado, no que respeita ao colega Luís Monteiro, que faz sempre umas intervenções com um grande background cultural —o que me apraz registar—, em relação à questão histórica, queria só relacionar a afirmação que fez com a afirmação do representante da Juventude Centrista, que conseguiu a brilhante conclusão de que o Pacto de Varsóvia foi criado antes da NATO, como se as datas se tivessem invertido e as coisas fossem ao contrário. Ora, são estes malabarismos da história que às vezes nos espantam.

O Sr. Carlos Miguel Coelho [Comissão de Juventude da Assembleia da República (PSD)]: — Não respondestes ao Pacto Germano-Soviético!

O OradoT: — Essa faz parte da cassette!

Risos.

Para finalizar queria referir uma outra questão. A amiga Margarida Marques com certeza que entendeu mal aquilo que eu disse. Eu não disse que a União Soviética era obrigada a desviar verbas para armas, mas que Reagan tinha dito que a corrida aos armamentos era uma forma de enfraquecer o potenciai económico e social da União Soviética. Isto está escrito e é conhecido publicamente.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. António Eloy.

O Sr. António Eloy (Amigos da Terra — Associação Portuguesa de Ecologistas): — Dado que os trabalhos devem estar praticamente a findar, e por isso não voltarei a usar da palavra, gostava de começar por referir dois momentos que me sensibilizaram particularmente nesta Conferência: no primeiro dia fui obsequiado com um raminho de flores, que depositei nas estátuas destas figuras que estão por detrás de nós, hoje recebi uns livros que -bastante me agradaram, apesar da breve leitura que fiz. Assim, não resisto a ler-lhes um pequeno parágrafo de um deles:

Perante a presença dos homens entretidos na malvadez da perseguição aos pequenos animaÍB que viviam laboriosos e felizes no seu reino, os corvos mudaram-se mais para a serra, arranjaram pontos de observação nos locais mais altos e dali os avistavam ao longe ao aproximarem-se traiçoeiramente. Então, os corvos, num grasnar forte e repetido, davam o sinal de alerta que os esquilos e os castores entendiam, e ei-los que se escondiam nas tocas mais seguras.

Perante isto, devo dizer que o caminho da paz é o caminho para que nós não tenhamos que nos esconder em tocas nenhumas, e se eventualmente me apetecia mais tentar respirar um pouco do silêncio e ultrapassar um certo dilúvio de palavras que enchem este hemiciclo, gostaria também que neste momento não me estivesse a vir repetidamente à cabeça uma frase de Almada Negreiros segundo o qual «à face da terra tudo muda menos a China»

Ora, penso que, infelizmente «Chinas» há muitas e parece que coisas a mudar há muito poucas, ou melhor, há poucas ideias novas ou poucas tentativas de resolver cs problemas concretos com propostas que sejam no mnínimo exequíveis.

O peso das palavras, a verdade que nós queremos dar às palavras, tem no fundo uma grande ambiguidade e, embora não queira entrar em polémica, eu diria que para nós, ecologistas, infelizmente, a besta suástica ainda não foi derrotada — aliás, devo dizer que não adsquo minimamente esta terminologia à minha linguagem. Mas, como dizia, penso que a besta suástica ainda continua viva, porque é alta e é a divisão do Mundo no silêncio e também porque continuam a ouvir-se discursos de hipocrisia, discursos estes que vêm tanto de um lado como do outro.

Foi-nos aqui dito que o Primeiro-Ministro ou o Ss-cretáric-Gerâí do Partido Comunista Soviético disse que nunca seria a União Soviética a realizar o primeiro ataque com armas nucleares. Ora, independentemente de o primeiro ataque ser com armas nucleares ou sem elas, ele é sempre um primeiro ataque, e devo d5zer que acho estranho que, tendo feitas estas declarações, não as adeqúe depois à realidade. De facto, os mísseis continuam instalados em silos não transferíveis e, como tal, são mísseis de primeiro ataque que estão instalados no solo da Checoslováquia e da República Democrática Alemã.

Por outro lado, devo ainda esclarecer que não nos preocupa muito que o Mundo possa ser destruído cinco vezes ou uma vez, pois o Mundo será destruído sempre só uma vez. Preocupa-nos, sim, que continuem