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II SÉRIE — NÚMERO 39

presença na comissão permanente do tomate, exigimos a definição das regras do jogo entre indústria e produção no preço dos valores a pagar pela indústria à produção, reclamámos representantes da produção na classificação e pagamento atempado do tomate à produção, etc.

Outro sector de grande importância para a região — a produção do melão: fruto de dois encontros, propusemos solução para alguns problemas concretos: que se estudem as vantagens que o melão nos pode dar, se o mesmo vier a fazer parte dos produtos negociados com a Comunidade (hoje não faz), que novas sementes a introduzir para um possível melão para exportação e que o Ministério da Agricultura e Pescas se interessasse por estudar possíveis mercados para exportação, que fossem regulamentadas em portaria as rendas máximas de arrendamento de campanha e que os seus preços fossem cumpridos, reclamámos um estatuto para o seareiro, dando-lhe, assim, o legítimo direito de agricultor.

A floresta é outro importanüssimo sector de actividade agro-florestal. Para conhecermos os seus problemas no campo concreto da eucaliptização indiscriminada e as consequências a médio prazo que daí advêm para os agricultores e populações inseridos nessas mesmas zonas realizámos dois debates a nível do Ribatejo, um na cidade de Abrantes, outro na vila da Chamusca; o terceiro foi promovido a nível nacional, com a Federação a organizar, estiveram presentes 50 autarquias e concluímos: a eucajipüzação indiscriminada é um crime nacional; reduz a área agrícola, isola pequenas parcelas agrícolas e populações inteiras, cria grandes desequilibrios nos lenções freáticos, seca fontes, barragens, por outro lado, à custa da mesma eucaliptização indiscriminada, abate-se montadode sobro, olival, queimam-se milhares de hectares de pinhal, desaparecendo assim a maior mancha de pinhal da Europa; por tudo isto, criam-se cada vez mais dificuldades na abtenção de matéria-prima para as serrações, empresas resineiras, empresas de mobiliário, etc, contribuindo para que cada vez o norte do distrito seja mais pobre c force os agricultores e populações à emigração, a abandonarem as suas aldeias, onde nasceram e cresceram.

Tudo isto foi por nós denunciado; se as medidas não foram tomadas, a responsabilidade cabe a quem governa, mas muito foi feito pelos agricultores e populações no sentido de impedir que o desastre e crime seja hoje maior; fizeram-se acções práticas de arranque de eucaliptos na Carregueira, Chamusca, em Arruda de Pisões, Rio Maior, Água Travessa, Vale Açor, Casais de Rcvelhos e em muitos outros lugares do concelho de Abrantes.

A Federação dos Agricultores do Distrito de Santarém esteve sempre presente na ajuda a organizar os agricultores, nestas lulas, e estará sempre ao seu lado para que possamos evitar que a curto prazo o nosso país se venha a transformar no maior caixote do lixo da Europa.

Noutros sectores de grande importância para os agricultores ribatejanos tomámos posição, tal como na produção do figo no Ribatejo Norte (concelhos de Tomar e Torres Novas), reclamarnos a urgente reestruturação do figueira!, para que esta zona lenha uma agricultura mais próspera e que os agricultores tenham uma vida mais digna, exigimos créditos de apoio à reestruturação e um plano para a agricultura desta região, participámos cm reuniões para a tabela do figo, contribuímos bastante para que a direcção antiga da Cooperativa Agrícola fosse deposta e que as fraudes cometidas viessem a público, fizemos sentir às entidades responsáveis outros problemas graves, tal como a situação dos produtores de carne se suíno, bovino, ouvino e caprino, realizámos um grande encontro sobre baldios no

concelho de Santarém, freguesia de Alcanede, defendendo a gerência dos baldios e destinos a dar ao rendimento dos mesmos pelos agricultores e populações organizados em conselhos directivos de baldios eleitos em assembleias de compartes.

Chamámos a atenção das entidades responsáveis para as elevadíssimas taxas de juro que a lavoura tem que pagar à banca, a inexistência de um verdadeiro seguro nacional agropecuário, os gravíssimos problemas que os jovens agricultores atravessam, pois não bastam apenas cursos para os mesmos, é necessário apoio técnico, financeiro, etc., e sobretudo apoiar os verdadeiros jovens agricultores, dando-lhes incentivo prático, para que a nossa tão débil agricultura se desenvolva.

Não estivemos de acordo com o desmantelamento da EPAC, tendo em conta que este organismo sempre defendeu os interesses dos agricultores produtores de cereais, tivemos reuniões com o presidente da EPAC para reclamar resolução na recolha do milho, que nos últimos três anos, e deliberadamente, no nosso entender, afectou os mesmos produtores, obrigando os mesmos à espera de 40,50 e mais horas para descarregar.

Realizámos centenas de reuniões em freguesias e lugares do Ribatejo para analisar os problemas concretos dos agricultores ribatejanos, onde participaram milhares de agricultores, promovemos encontros, debates sobre a agricultura ribatejana, organizámos concentrações e desfiles de máquinas agrícolas para chamar a atenção da opinão pública e entidades oficiais para os problemas por resolver. Fizemos visitas guiadas com deputados dos vários partidos políticos, trazendo-os aos locais onde os problemas se fazem mais sentir, trouxemos a Comissão Parlamentar de Agricultura da Assembleia da República por duas vezes aos campos de Vila Franca para se inteirar dos problemas dos seareiros em geral (produtores de tomate e melão).

Levantámos grandes dúvidas e preocupações sobre a forma como o nosso país entrou na CEE, pois, no nosso entendei:, tivemos uma adesão sem acautelaros interesses da agricultara c dos agricultores.

As nossas preocupações e dúvidas estavam à vista de todos, era apenas necessário que todos as quisessem ver e se interessassem pelas realidades existentes.

Os países da Comunidade Económica Europeia têm uma agricultura muito mais desenvolvida, muito mais produtiva e muito mais, mesmo muito mais, apoiada do que a nossa.

Por outro lado, eram e são do conhecimento do cidadão comum as montanhas de produtos armazenados na Comunidade: leite, manteiga, milhões de hectolitros de vinho de sobra, toneladas de ovos, carne, cereais, tomate, batata, horto-frutícolas, etc., excedentes estes que os nossos parceiros da Comunidade estão dispostos a lançar e vender ao desbarato no nosso país.

Quando para a entrada da Comunidade, disseram-nos maravilhas do paraíso de que não fazíamos parte, criou-se a ideia que a CEE era uma espécie de deusa e que bastava que a mesma nos desse a varinha mágica para que os gravíssimos problemas ficassem resolvidos e os agricultores todos ricos.

Agora o que vemos, no que respeita aos subsídios atribuídos, é que os mesmos são captados para outros fins e vão ter aos bolsos dos afilhados, compadres e amigos íntimos.

Por outro lado, está-se a discutir o rumo da nossa agricultura cm Bruxelas sem ter em conta a realidade concreta dos agricultores ribatejanos.

Por outro lado, dizem-nos, se queremos subsídios, temos de produzir melhor.