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23 DE MARÇO DE 2016 17_____________________________________________________________________________________________________________

As exportações de bens e serviços registam desde 2005 uma evolução muito positiva.

Tudo indica, no entanto, que os recentes aumentos registados de exportações de bens e

serviços não correspondam a uma evolução sustentada, visto que se registam taxas cada

vez menores para o seu crescimento. Em 2014, as exportações cresceram apenas 3,9%

sendo este o crescimento mais baixo desde 2009; e no terceiro trimestre de 2015

apresentam uma taxa de crescimento homóloga de 3,9%, em forte desaceleração face

aos trimestres anteriores. Assim, no conjunto do ano de 2015 regista-se uma aceleração

para 5,9%.

Adicionalmente, assistiu-se, desde 2010, a um contração do emprego e investimento no

sector exportador e transacionável, reduzindo-se assim a sua capacidade produtiva e

colocando em causa a sustentabilidade do crescimento das exportações.

O contributo da procura externa líquida para o crescimento, apesar de o saldo da

balança de bens e serviços (e da balança corrente e de capitais) se ter equilibrado,

começou a diminuir ainda em 2012 (embora se tenha mantido positivo). A partir do

final de 2013, passou a negativo, onde se tem mantido desde essa data, com as

importações a crescerem a um ritmo superior às exportações. Em 2014, as importações

cresceram 7,2% e, em 2015, aceleraram ligeiramente para 7,6%. Nos mesmos anos as

exportações cresceram menos 3,3 e 1,7 p.p., respetivamente.

O comportamento das exportações parece ser assim mais justificado pela entrada em

funcionamento de alguns grandes projetos em implementação desde antes da crise, os

quais aumentaram, de forma significativa, a capacidade exportadora em alguns setores,

bem como pelo efeito da procura de novos mercados por parte de alguns produtores

confrontados com a diminuição significativa da procura interna, do que pela redução

dos custos unitários de trabalho. Uma vez esgotados esses efeitos não parece haver uma

correção estrutural dos problemas de competitividade externa, nem um reforço da

capacidade exportadora do país. Entretanto, o emprego na indústria transformadora caiu

fortemente durante o programa de ajustamento, estando mais de 20% abaixo dos valores

anteriores à crise. Assim, serão estratégias baseadas na inovação e no aumento do valor

acrescentado das exportações as que poderão ser relevantes se se pretender corrigir de

forma estrutural e sustentável o défice externo da economia portuguesa.