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14 DE JULHO DE 2023

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O relatório Por trás do sorriso – A indústria multibilionária de entretenimento com golfinhos1da World Animal

Protection descreve a «enorme escala e lucratividade da indústria multimilionária do entretenimento» com

cetáceos, destacando os «vínculos dessa indústria com o sector de investimentos corporativos e o sofrimento

de mais de 3000 golfinhos pelo dinheiro gerado pelo seu trabalho».

A World Animal Protectionidentificou 355 instalações acessíveis ao público em 58 países ao redor do mundo

que mantêm cetáceos em cativeiro. Destas instalações, 336 mantêm golfinhos. Acrescentam ainda que 93 %

das instalações com golfinhos em todo o mundo oferecem «shows com esses animais, enquanto 66 % oferecem

natação, 75 % oferecem selfies e 23 % oferecem terapia assistida por golfinhos». Os truques realizados durante

estes espetáculos, incluindo os que são também realizados em delfinários portugueses, incluem golfinhos que

puxam os seus treinadores, muitas vezes nas suas costas ou no seu focinho.

O referido relatório, após elencar as diversas atividades desenvolvidas nestes espaços, consideram que não

é possível cumprir qualquer propósito educacional para as famílias, conforme defendem.

Já no que respeita aos países da União Europeia, ao todo, são 308 golfinhos presos em 34 delfinários

situados em 14 países europeus. Sendo que, de acordo com a World Animal Protection, Portugal, Ucrânia e

Holanda também aparecem no topo da lista2.

Os delfinários e oceanários têm sido, ao longo dos anos, vistos como espaços de «entretenimento» e

«diversão» para o público e para as famílias, onde animais marinhos, como golfinhos e outras espécies, são

mantidos em cativeiro para exibição. No entanto, a consciência sobre o impacto negativo dessas práticas no

bem-estar e no comportamento desses animais selvagens, além dos problemas ambientais que podem ocorrer

devido às condições inadequadas de cativeiro, têm crescido.

Estudos científicos revelam que animais selvagens mantidos em cativeiro sofrem diversas consequências

adversas em seu comportamento e saúde. A restrição do espaço, a falta de estimulação natural e a separação

do seu ambiente natural têm demonstrado causar distúrbios comportamentais, stress crónico, problemas de

saúde física e emocional, além de reduzir significativamente a sua expectativa de vida.

Em Portugal, existem pelo menos 35 golfinhos em cativeiro3, detidos para fins de entretenimento e não

recuperação ou conservação da espécie, onde os animais são confinados a espaços limitados e são submetidos

a treinos e espetáculos. É imperativo converter estes espaços e promover uma abordagem mais ética e

sustentável em relação à conservação e ao bem-estar dos animais marinhos.

Um relatório da organização World Animal Protection e da Fundação Change for Animals denunciou o

delfinário Zoomarine, no Algarve, de usar abusivamente golfinhos como entretenimento em espetáculos

aquáticos, obrigando-os a fazer acrobacias e truques ou a serem utilizados como pranchas de surf dos visitantes.

Segundo uma avaliação conjunta destas duas associações internacionais, o Zoomarine é 1 entre 12 jardins

zoológicos e parques aquáticos internacionais que submetem os animais a atividades «cruéis e humilhantes»,

causadoras de «grande sofrimento físico e mental».

Estas organizações acrescentam que esta interação direta entre animais e humanos é uma circunstância

favorável à transmissão de doenças infecciosas entre as espécies.

Em Portugal, o grupo Empty The Tanks – Portugal tem vindo a denunciar a existência de diversas situações

preocupantes em delfinários no território nacional, nomeadamente situações no Jardim Zoológico de Lisboa e

no Zoomarine, como foi o caso dos 8 golfinhos que permaneceram por largos meses numa piscina de 270 m2,

devido à realização de obras no recinto do Zoo de Lisboa ou, mais recentemente, a situação de um golfinho com

ferimentos graves que continuava a ser utilizado para os espetáculos a decorrer no Jardim Zoológico de Lisboa,

entre diversas outras situações de explorações.

São vários os problemas relacionados com a manutenção de animais selvagens em cativeiro, nomeadamente

com espécies marinhas, pelos efeitos negativos no seu bem-estar e por ser impossível reproduzir as condições

de habitat fundamental para estas espécies, efeitos que se agudizam quando os animais se encontram

confinados, para mais em espaços de reduzida dimensão. No seu habitat natural os grupos de golfinhos podem

nadar mais de 150 km por dia!

Por todas estas razões, o PAN defende o fim dos delfinários, em prol de um futuro melhor para a proteção e

1 wap_por_tras_do_sorriso_032020_0.pdf 2 https://www.worldanimalprotection.org.br/noticia/Espanha-e-o-pais-da-Europa-com-mais-golfinhos-em-cativeiro. 3 Espanha é o país da Europa com mais golfinhos em cativeiro — Proteção animal (worldanimalprotection.org.br).