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II SÉRIE-A — NÚMERO 200

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energia.

O papel da economia circular e das diferentes estratégias associadas será objeto de uma análise mais

detalhadano âmbito da cadeia de valor de um conjunto de setores considerados como importantes para o

sucesso dos objetivos deste Plano e do objetivo de neutralidade climática em 2045, para os quais se

perspetiva um impacto relevante da circularidade, designadamente no setor da mobilidade, construção,

agroalimentar, a fileira florestal e os resíduos, incluindo os resíduos de extração mineira.

Estudos anteriores no âmbito do RNC 2050 mostram queno setor da mobilidade as transições induzidas

pela economia circular apontam para uma menor utilização do transporte individual, um crescimento dos

serviços de mobilidade partilhados e multimodais (quer ao nível do transporte público quer ao nível do

transporte privado) e um aumento da taxa de ocupação dos veículos ligeiros.

Surgem assim novos modelos de negócio que substituem o aprovisionamento de bens (veículos) pela

prestação de serviços e a propriedade pelo uso.

Por outro lado, o aumento da digitalização das cadeias de fornecimento (mais compras on-line, mais

logística inversa) aumenta a procura de mobilidade de mercadorias, aumentando também a pressão exercida

sobre este setor, sendo em contrabalanço, necessário aumentar o fator de carga dos veículos pesados e

ligeiros de mercadorias, a autonomia das frota e a taxa de substituição tecnológica da mesma obtendo-se

dessa forma melhorias na eficiência dos veículos (de passageiros e de mercadorias, ligeiros e pesados). Estas

preocupações permitem ter modelos de negócio mais competitivos, com menores custos de operação e menor

impacto nas emissões de GEE.

Estas alterações, ainda atualmente com pouca expressão, começam a ganhar espaço sobretudo após

2030.

As modelações anteriores demonstraram que no setor agroalimentar, a adoção de práticas agrícolas

regenerativas e mais eficientes no uso dos recursos como a água e a energia, e os novos hábitos de consumo

alimentar e estilos de vida beneficiam a redução da produção de resíduos e da respetiva fração orgânica (via

redução do desperdício alimentar), permitindo também reduzir emissões.

A expansão da agricultura biológica, de conservação e da agricultura de precisão, bem como das

pastagens permanentes, permitirá reduzir emissões associadas ao uso de fertilizantes sintéticos e aos

efluentes animais, e aumentará o sequestro de carbono resultante dos aumentos do teor de matéria orgânica

nos solos (a utilização de composto para substituição do uso de fertilizantes sintéticos azotados é uma medida

de circularidade).

Também na fileira florestal, o aumento da florestação ativa, a promoção de práticas silvícolas mais

eficientes no uso dos recursos e na gestão de riscos e a valorização dos serviços dos ecossistemas

alavancam e sustentam um papel crescente para a bioeconomia, com impacto na retenção de carbono e no

balanço líquido de emissões. Os ganhos de produtividade no futuro poderão decorrer de melhores práticas de

gestão da floresta e menos perdas por incêndios.

A fileira florestal é uma cadeia de valor que apresenta já hoje um elevado grau de circularidade, tendo as

florestas um papel incontornável no processo de descarbonização.

Na construção, o aumento da reabilitação urbana, com reutilização de componentes de obra, materiais

recuperados ou reciclados, e uso de espaço público construído «em vazio», os edifícios NZEB, os edifícios

multifuncionais e partilhados com redução da área de edificado, bem como a utilização de novos materiais,

mais sofisticados, com maior eficiência (energética) e durabilidade, e de materiais renováveis com menor

pegada de carbono (ex.: madeira e cortiça) são estratégias de circularidade a prosseguir.

No setor dos resíduos que se encontra intimamente ligado às estratégias de circularidade, as mesmas

permitem ter uma estabilização da produção de resíduos urbanos per capita e da respetiva fração orgânica,

sobretudo por via da redução do desperdício alimentar e da redução do uso de plástico, perspetivando-se o

aumento da recolha seletiva de biorresíduos, o aumento da recolha seletiva multimaterial, o alargamento do

número de fluxos recolhido seletivamente e o desenvolvimento das cadeias de reciclagem, a par da

minimização da deposição de resíduos urbanos em aterro.

Nos resíduos de extração mineira, está previsto também o incremento do aproveitamento de matérias-

primas críticas nos resíduos de extração, como previsto no REMPC.