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113 | II Série B - Número: 066 | 22 de Dezembro de 2012

reparem, se tivéssemos agora, aqui, um problema de discussão sobre a natureza de alguns produtos financeiros, isso criaria algumas dificuldades de confiança, e o melhor ativo que temos tido é sempre a confiança dos nossos depositantes. Depois, havia um problema de natureza social, porque estavam em causa postos de trabalho e capital».
O Prof. Dr. Teixeira dos Santos reiterou, na audição de 29 de maio de 2012, a sua oposição à liquidação: «O que expliquei ao Sr. Deputado foi que a troica apresentou — aliás, como noutras matérias — as suas propostas e nós reagimos e contrapropusemos à proposta da troica de liquidação imediata do banco uma proposta, dizendo: “Não, não vamos por essa liquidação, porque entendemos que levanta problemas de liquidez, como referi, e, acima de tudo, não nos parece, pela avaliação que temos feito da situação, que essa seja a melhor solução para minimizar os custos que serão envolvidos para o Estado”. Mais: de imediato, teria essa implicação da corrida aos depósitos e, depois, teria problemas de natureza laboral complexos, com o despedimento de umas largas centenas de trabalhadores, com os encargos que tal também iria acarretar em custos acrescidos. Portanto, desde sempre, pareceu-nos preferível uma solução de privatização, de manter em funcionamento, em atividade e de salvaguardar o que era possível do BPN. Por isso é que consta do Memorando uma privatização, privatização que foi aceite pela troica sob a condição de ser uma privatização que iria ocorrer de uma forma acelerada, até porque a troica quis acautelar que não tivéssemos um processo de dificuldades ou de prolongamento da alienação atentas as dificuldades que tivemos no passado e o insucesso das tentativas anteriores.» A Sra. Secretária de Estado do Tesouro e Finanças é também perentória quanto aos defeitos da liquidação, na sequência da sua audição de 24 de julho de 2012: «Defendemos sempre que esta alternativa era melhor, que havia uma grande vantagem, sobretudo em termos da manutenção de postos de trabalho, que num cenário de liquidação seriam perdidos, e em termos do objetivo de preservação da estabilidade financeira. (») Repito: ç nossa convicção de que esta solução foi melhor do que a alternativa. (») Portanto, mais uma vez, tal como disse, nem que a comparação dos cenários desse exatamente o mesmo custo, a manutenção dos postos de trabalho justificaria a opção pela venda e não pela liquidação, mesmo que os custos fossem iguais, embora todos os cenários, mesmo com os pressupostos da Comissão Europeia, digam que o custo financeiro da liquidação seria superior.».
De igual forma, o Dr. Francisco Bandeira, na audição de 20 de julho de 2012, afirma-se contra o cenário da liquidação: «Dizia eu que a ideia de que o 31 de julho era uma guilhotina sobre o BPN e que isso levava à liquidação, ao despedimento das pessoas, e que isso tinha um custo pior para o Estado do que este, fez com que a decisão fosse esta. Eu respeito-a muito, não quero entrar nesse comentário. Era, provavelmente, a minha decisão.» O anterior Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Dr. Costa Pina, confirma, na audição de 10 de julho de 2012, a liquidação como o pior cenário e sintetiza algumas das possíveis consequências: «Feita uma análise custo/benefício destes vários cenários, a conclusão a que se chegou foi a de que os cenários que mais destruíam o valor eram, em primeiro lugar, o da liquidação e encerramento do BPN (até porque eram cenários em que os custos vinham todos de imediato e se precludia ou se impedia, depois, a possibilidade de rentabilização dos ativos da instituição). (») Efetivamente, o prazo de final de julho consta do Memorando de Entendimento, e é um prazo que foi nele incluído por força da oposição da nossa parte à proposta inicial dos financiadores externos de pura e simplesmente se avançar de imediato com a liquidação e encerramento do Banco, cujo impacto, não apenas ao nível da destruição de postos de trabalho mas também ao nível de custos financeiros, era significativo e inaceitável. Inaceitável, por maioria de razão, por as análises técnicas, não apenas do lado da Caixa e do BPN mas também da parte de entidades externas independentes que analisaram essas mesmas alternativas, nos dizerem todas, de forma consensual, que a melhor solução era a da reestruturação e privatização. Designadamente, só em termos de indemnizações e de subsídio de desemprego a trabalhadores, estaríamos a falar de mais de 90 milhões de euros de encargos públicos imediatos a que havia que fazer face.»