O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 56

54

O Coronel Luís Vieira afirma que o documento foi elaborado por iniciativa do Major Vasco Brazão:

«O Sr. Cor. Luís Augusto Vieira: — Eu disse-lhe que íamos ao Sr. Chefe de Gabinete para prestar

informações relativamente à recuperação do material de guerra na Chamusca. Ele entendeu entregar

este documento para responder às questões do Sr. Major-General, na altura.»

De acordo com o que transmitiu à Comissão o Coronel Luís Vieira, quando questionado sobre quando

informou o Ministro «relativamente à verdade da recuperação do material e dos contornos em que este

aconteceu» (questionou o Deputado Jorge Machado, do PCP), o Coronel Luís Vieira respondeu que «nunca»

informou «nada sobre a recuperação do material», a não ser através de um telefonema no dia em que o

material foi recuperado, para lhe dar conta desse facto:

«O Sr. Cor. Luís Augusto Vieira: — Nunca informei nada sobre a recuperação de material. Só fiz um

telefonema à saída da Chamusca, no caminho para Santa Margarida, a dizer que tínhamos —

julgávamos nós — recuperado o material. Só se concretizou essa informação quando a equipa da PJM

fez a análise de material dentro dos paióis de Santa Margarida. Nunca informei o Sr. Ministro sobre

isso.»

Sublinhe-se que o telefonema a que o Coronel Luís Vieira se refere, nos termos apurados pela CPI, foi feito

para o Chefe do Gabinete do Ministro e não para o Ministro.

Mais adiante no seu depoimento, e no âmbito da sua ida ao Ministério, o Coronel Luís Vieira apresenta

uma nova terminologia para designar o motivo da alegada chamada do Ex-chefe do Gabinete do Ministro da

Defesa, afirmando que se tratava da «recuperação do material de guerra». Para além disso, identifica como

autor da chamada o ex-Chefe do Gabinete do Ministro da Defesa e não, como inicialmente afirmou, a sua

secretária:

«O Sr. Cor. Luís Augusto Vieira: — Já contei essa versão, mas vou contá-la outra vez. No dia 19 de

outubro, o Sr. Major-General telefona me e diz-me que quer falar comigo. Eu disse: ‘Estou fora de

Lisboa, não pode ser hoje.’ Ele: ‘Então, vem cá amanhã, muito cedo.’ Eu: ‘Qual é o assunto?’ Ele: ‘É a

recuperação do material de guerra.’ Eu: ‘Então, tenho de levar o Major Brazão.’ Ele: ‘Traz o Major

Brazão.’»

Sobre o teor da chamada, o Coronel Luís Vieira identifica que «praticamente, só o Sr. Ministro é que falou»,

e tema da conversa foi sobre o descontentamento da Procuradora-Geral da República:

«O Sr. Cor. Luís Augusto Vieira: — O Sr. Major-General, na altura, Martins Pereira ligou pelo seu

telemóvel para o Sr. Ministro e o Sr. Ministro quis falar comigo. Praticamente, só o Sr. Ministro é que

falou. Eu só o cumprimentei e ele só me falou do telefonema havido com a Sr.ª Procuradora-Geral da

República.»

«O Sr. Chefe de Gabinete ligou para o Sr. Ministro, o Sr. Ministro quis falar comigo e a única coisa

que me reportou foi o telefonema que teve da Sr.ª Procuradora-Geral da República, que estava muito

zangada…»

Relativamente à possível descrição de uma encenação ou encobrimento dos suspeitos do furto do material

militar no documento designado de «informação de piquete», o Coronel Luís Vieira afirma o seguinte:

«O Sr. Cor. Luís Augusto Vieira: — A de 20 de outubro não tinha lá descrita nenhuma encenação.

Nenhuma! Era um relatório de piquete, era uma informação de piquete.»

O Coronel Luís Vieira rejeita ainda ter informado o então Ministro da Defesa Nacional sobre os contornos

da operação: