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II SÉRIE-B — NÚMERO 56

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agora sei porque foi noticiado…

Acrescenta-se, por fim, que de acordo com o que transmitiu o Major Vasco Brazão, quanto à operação e

aos cenários antes, durante e após o furto, não houve nenhum contacto com a estrutura superior do Exército:

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Major, em algum momento, antes ou depois da recuperação do

material, falou dos acontecimentos de Tancos com algum Oficial ou Oficial-General que à época

desempenhassem funções na estrutura superior do Exército?

O Sr. Maj. Vasco Brazão: — Falei do que aconteceu, mas não falei do que se passou. Eu estava na

República Centro-Africana, julgo que está a referir-se ao Sr. General Campos Serafino, o qual nos foi

visitar e que muito estimo e respeito. Cumprimentou-me, deu-me os parabéns a mim e à PJM no geral e

eu demonstrei-lhe a minha preocupação e ele até me disse: «Eh, pá, mas ó Brazão, mas você está

preocupado? Está de consciência tranquila?». Eu disse-lhe: «Estou, mas estou preocupado porque

aquilo que me disseram que ia acontecer não aconteceu». Portanto, o processo não foi para a Polícia

Judiciária Militar e sabíamos que desde que o material foi recuperado, nunca mais fomos chamados ao

processo. Foi pedida informação sobre quem tinha estado no local. Portanto, para bom entendedor meia

palavra basta, estávamos a ser investigados. E eu demonstrei a minha preocupação ao Sr. General, mas

não lhe falei de nada do que se passou em Tancos. Já agora — e até porque isto é público — aproveito

para dizer, também, que não falei absolutamente nada sobre os Comandos e foi uma vergonha

lamentável aquilo que um determinado órgão de comunicação fez relativamente ao Sr. General.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Essa circunstância é, de alguma forma conhecida, por parte da

Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, quanto à operação propriamente dita e ao cenário antes,

durante e após o furto, como descreveu, houve algum contacto com a estrutura superior do Exército ou

não?

O Sr. Maj. Vasco Brazão: — Não, Sr. Deputado, não houve nunca nenhum contacto com a estrutura

superior do Exército.

Versão do Tenente-General António Martins Pereira, ex-Chefe do Gabinete do ex-Ministro da Defesa

Nacional

O Tenente-General António Martins Pereira, na qualidade de Chefe do Gabinete do então Ministro da

Defesa Nacional, Professor Azeredo Lopes, terá recebido o Major Vasco Brazão e o Coronel Luís Vieira no dia

20 de outubro. Nesse encontro foram colocados dois documentos, separados um do outro, em cima de mesa,

«para apoio à conversa»: uma fita do tempo e um outro documento apócrifo, a que comumente se tem

designado de «memorando».

Nas palavras do Tenente-General Martins Pereira, trata-se de «um documento que não é timbrado, não é

assinado» e que «parece ter sido feito com alguma pressa», na medida em que «a forma como está escrito

não segue propriamente uma lógica» e do qual se entende que o objetivo «não é exatamente o de contar uma

história, mas o de deixar alguma coisa escrita com alguém».

No final da conversa, foi dada indicação ao ex-Chefe do Gabinete do Ministro para «ficar com esses

documentos e para o depois os destruir». O ex-Chefe do Gabinete não os destrui e deles fez uma fotografia.

De acordo com Tenente-General Martins Pereira, «o mais lógico» é que a reunião tenha sido pedida pelo

então Diretor da PJM, Coronel Luís Vieira, uma vez que o Chefe do Gabinete «não tinha necessidade de

nenhuma informação na altura». Acrescenta que lhe terá dito que o Ministro não se encontrava presente no

Ministério, pelo que «a reunião não faria muito sentido», uma vez que «normalmente, o Chefe de Gabinete não

despacha diretamente com os diretores-gerais, a não ser que seja necessário entregar algo ou dizer qualquer

coisa». Assim, segundo o próprio, «terá sido esse o caso e, portanto, essa reunião foi nessa janela de tempo».

O seguinte excerto da transcrição da audição do Tenente-General Martins Pereira explica com detalhe os

factos anteriormente apresentados: