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II SÉRIE-B — NÚMERO 56

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O General Martins Pereira adianta que, mais tarde, veio a saber que no dia antes da deslocação dos dois

elementos da PJM ao seu gabinete, teria havido uma reunião «tempestuosa» com a PJ, no dia de 19 de

outubro, ou seja, no dia antes da reunião no Ministério e no dia em que o Coronel Luís Vieira terá ligado a

solicitar uma reunião no Ministério, que veio a acontecer no dia 20 de outubro, de manhã.

«(…) Mais tarde, vim a saber que no dia 19, no dia anterior, tiveram uma reunião tempestuosa com a

PJ. Mas eu nessa altura não sabia de nada. Ainda hoje não sei! (…)»

De acordo com o seu depoimento, também havia uma intenção, por parte dos elementos da PJM, em

explicar o porquê de existir a tensão com a PJ e o porquê não terem comunicado imediatamente à PJ que o

material tinha sido recuperado. A razão apresentada, e que constará no «memorando» que foi levado para a

reunião, relacionava-se com o perigo que corria a família do Major Vasco Brazão e a possibilidade da

recuperação do material não vir a acontecer:

«(…) Porque, efetivamente, o que aconteceu tinha sido algo que era importante: as armas foram

encontradas, isso é um facto. Mas se havia uma competição ou não, ali não me apercebi. Do que me

apercebi foi que havia uma intenção de explicar um pouco por que é que havia esta tensão e que,

efetivamente, tinha havido esta razão de não terem dito logo à PJ. Estava lá escrito, porque,

efetivamente, havia estas duas questões a de a família do Major Vasco Brazão vir a sofrer alguma ação

— o termo que é utilizado é este: «A família do Major Brazão não terá descanso» — e também a

possibilidade de não se efetivar a recuperação. Creio que foi aqui, fundamentalmente, que eles quiseram

passar a indicação de que o não terem contado no tempo exato à Polícia Judiciária e terem efetuado a

recuperação tinha sido uma questão de oportunidade. Foi a noção com que fiquei, ou seja, que foi essa

a intenção que terá estado subjacente a esta reunião. Cheguei a esta conclusão depois de falar com

várias pessoas para tentar recuperar a minha memória, no sentido do que aconteceu ali. Lembro-me

perfeitamente de me terem dito para destruir os documentos. Tirei uma fotografia aos documentos, tive

de ir de imediato para a reunião seguinte e deixei ficar esses documentos dentro de uma pasta. Depois

estive com eles na mão, para os destruir, e não os destruí. Mas foi esta a indicação que me deram e é

esta a noção que tenho do que se passou. (…)»

«(…) São possíveis, obviamente, mas eu não verifiquei nessa altura e o que estava ali em causa, em

termos da intenção da reunião, para mim, e de acordo com o que me fui recordando, foi, efetivamente, a

questão da tensão e o facto de se exacerbar essa tensão e de algo que aparecia escrito, que eu disse

que tinha aqui, da «vingança até à morte». Não fui eu quem criou isto, certamente, deve ter sido falado

ali. Portanto, era indiciador de que o assunto foi este. (…)»

Sobre o que foi transmitido ao então Ministro da Defesa, via telefone, o General Martins Pereira afirma que

o Ministro estava no Porto, no dia 20, e que «não houve contagem da história», porque não lhe foi feita a ele,

pessoalmente, e via telefone, ao Ministro. Assim, o General Martins Pereira terá ligado ao Ministro dizendo que

na sua presença estavam aqueles elementos da PJM, para lhe falar. Afirma que é plausível ter passado o

telefone ao então Diretor da PJM, Coronel Luís Vieira, para falar com o Ministro.

O General Martins Pereira afirma que tirou uma fotografia ao documento, mas não tem memória de o ter

enviado ao Ministro. De acordo com o mesmo, em conversa com o Ministro, «ele diz que nunca viu esse

documento» e acredita «que o Sr. Ministro não tenha visto». Adianta ainda que no decorrer desse dia terá

falado com o Ministro algumas vezes, onde a questão da reunião e do documento foram abordadas, não lhe

relatando em concreto o teor completo do documento, apenas a questão do informador e da questão do

Fechaduras:

«(…) Eu falei com o Sr. Ministro deste assunto, o que não relatei foi o completo teor do documento,

isso não relatei, mas falámos deste documento e dos assuntos que ali estavam, nomeadamente do

informador e da questão do Fechaduras. (…)»

Recorde-se que relativamente ao conhecimento de eventuais irregularidades nas diligências

desencadeadas pela PJM, quer o ex-Ministro da Defesa, quer o seu Chefe do Gabinete, tinham a indicação,