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II SÉRIE-B — NÚMERO 42

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António Domingues, Presidente da Associação Empresarial Penedo do Granada e Médio Zêzere, ainda que

assumindo estar a falar enquanto cidadão e não dos seus associados, uma vez que a sua associação se dedica

essencialmente a pequenas e médias empresas da área comercial, foi perentório: «efetivamente, neste

momento essas entidades96 que mais foram afetadas pelos incêndios estão a laborar, pelo que, aí, eu só posso

deduzir, embora desconhecendo claramente qual o meio – mas, naturalmente, isso estará implícito –, com algum

apoio estatal»97.

António Domingues, também cidadão residente em Pedrógão, garante que houve partilha de informação

sobre os concursos e que a informação circulou, em grande parte, por intervenção da CCDR Centro98.

José Lourenço, Presidente da União de Freguesias de Pêra e Coentral, atualmente e à data dos incêndios,

garantiu99 que todos os apoios vieram para as infraestruturas e para as empresas e conseguiram colmatar

grandes lacunas, ao contrário do que se passou com os agricultores, considerando que isso se deve ao acesso

que os empresários têm à comunicação social (e que os agricultores não têm), que os torna mais visíveis e

naturalmente permite-lhes exercer maior pressão para a resolução dos seus problemas100.

Jorge Abreu, Presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, referiu que também se verificou

eficácia no apoio às empresas no seu concelho. Tendo sido afetadas cerca de 12 empresas, entre infraestruturas

públicas e empresas, houve prejuízos a rondar os dois milhões de euros, tudo «praticamente regularizado e as

pessoas foram apoiadas com o levantamento que foi feito, nomeadamente pelos técnicos da CCDR, assim como

as empresas no que diz respeito a maquinaria»101.

No que concerne a reconstrução de equipamentos e infraestruturas municipais, processo que Jorge Abreu

considerou exemplar, o autarca destaca o investimento de cerca de três milhões de euros, nomeadamente «na

reabilitação de estradas municipais, 1,8 milhões de euros; em segurança rodoviária – estamos a falar da

sinalética, daquelas guardas metálicas, etc. –, 800 000€; em edificações, pavilhões – tínhamos, nomeadamente,

um estaleiro da câmara municipal –, cerca de 220 000€; em equipamentos urbanos complementares, 25 000€;

em equipamentos municipais de lazer e turismo, cerca de 30 000€; e, em sistemas públicos de abastecimento

de água, 83 000€»102.

Joaquim Baeta, ex-Presidente da Junta de Freguesia da Graça, concelho de Pedrógão Grande, contribuiu,

no seu testemunho, com alguns exemplos de empresas que foram afetadas pelos fogos de junho e que

conseguiram a recuperação total.103 É o caso da Enerpellets, já anteriormente referida, a Furbatral, «que é uma

empresa de matérias de construção, de corte de madeiras, que também teve um prejuízo muito avultado; a

Atron, de oficinas e combustíveis; a Carvalho, que é de corte de madeiras, proprietários florestais já de alguma

dimensão; um lagar de azeite, que teve uma perda total, foi completamente reconstruído; a Fernandes &

Fernandes, que é uma serração de madeiras, também teve prejuízos avultados, mas, felizmente, todos eles

estão a trabalhar»104. As mesmas empresas foram referidas pelo atual presidente da Junta de Freguesia da

Graça, Pedro Pereira, que confirmou que «as empresas locais se candidataram a projetos de recuperação» e

que «se não fossem estas candidaturas e estas ajudas» hoje o desemprego e a desertificação seriam ainda

maiores «porque estas pessoas, entretanto, já teriam ido à procura de emprego noutros locais e, neste momento,

não estavam na freguesia da Graça»105.

O ex-Vereador da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Bruno Gomes, reforçou uma ideia que já outros

96 O depoente referiu-se à empresa Enerpellets, e a empresas cujos nomes comerciais não identificou, nomeadamente: uma serração de Vila Facaia e outra em Pedrógão Grande e um lagar na Zona Industrial da Graça. 97 Audição a 3 de setembro de 2020 – Transcrição 14R – p. 10. 98 Audição a 3 de setembro de 2020 – Transcrição 14R – p. 23 – «Em que moldes é que esses dinheiros, esses apoios, ou esses fundos foram aplicados, não posso estar aqui a afirmar uma coisa que desconheço, porque nunca fiz parte desses processos. A única coisa que lhe posso dizer, claramente, é que houve toda uma circulação de informação». 99 Audição a 15 de julho de 2020 – Transcrição 17R – p. 35. 100 Audição a 15 de julho de 2020 – Transcrição 8R, p. 35 – «As empresas têm voz. Vai lá a comunicação social, vêm os empresários todos atrás». 101 Audição a 20 de julho de 2020 – Transcrição 10R, p. 76 – «Sobre as empresas a laborar, as que foram apoiadas mantêm-se a laborar. Algumas até melhoraram alguns serviços. Acho que houve a possibilidade de comprar algumas máquinas, que tinham sido destruídas e que já eram usadas, devidamente atualizadas, dentro do mesmo patamar ou da mesma utilidade. Ou seja, alguns acabaram por se apetrechar e bem. Ou seja, a infelicidade acabou por ter vantagem». 102 Ibidem. 103 Audição a 10 de setembro de 2020 – Transcrição 17R – p. 8. 104 Ibidem. 105 Audição a 15 de setembro de 2020 – Transcrição 18R – p. 47.