244-(70)
II SÉRIE-C — NÚMERO 15
encerramento da própria empresa, com 80 milhões dc contos de passivo e 10 000 trabalhadores. Hoje em dia, e após um exercício complexo também do ponto dc vista legal, foi possível fazer uma reccniragem estratégica, tendo-se constituído empresas autónomas, quer libertando
divisões que a QUIMIGAL tinha quer alienando muitas das áreas de negócios que nao constituíam arcas estratégicas para a própria empresa.
Assim, em 1991, a QUIMIGAL vai ter um resultado líquido da ordem de 10 milhões de contos, não sendo este número significativo porque, obviamente, resulta de mais--valias apuradas nas alienações. Muito mais importante é que, através das operações previstas para 1992 — e uma destas, a da venda da ANEGRTNA, é de montante significativo —, a QUIMIGAL, que devera ter um passivo total que, em 1991, não vai chegar a 20 milhões de contos, chegará, ao fim de 1992, com um passivo à volta de 11 milhões dc contos.
Hoje em dia, a QUIMIGAL é uma holding, detendo participações cm empresas associadas, e as receitas que esta holding vai ler são suficientes para sustentar a empresa em termos normais. Isto significa que o saneamento financeiro esiá concluído e que se rentabilizaram muitas das áreas de negócios que, caso contrário, certamente teriam de fechar.
Como exemplo do bom sucesso destas operações, digo--vos que, antes de ler começado a haver redução dc pessoal — recordo que a QUIMIGAL reduziu o pessoal dc 10 000 trabalhadores para menos de 5000, sem que tenha havido qualquer ruptura social —, o parque industrial do Barreiro, que eslava em degradação, com indústria pesada distribuída por aquela área, tinha cerca de 2800 trabalhadores. Hoje em dia, com a constituição da QUIM1-PARQUE — de momento, tem à volta dc 5000 trabalhadores — e o estímulo ao aparecimento de novas empresas, há cerca de 150 empresas instaladas naquele parque. Na verdade, isto constitui uma boa prova de que uma reorientação estratégica e uma alteração completa da lógica da QUIMIGAL lambem tiveram bom resultado, no que diz respeito à dinamização do parque industrial, à diversificação que este hoje tem em termos de actividades económicas, e, por outro lado, ao seu papel como fomentador da criação de emprego não sustentado por razões não económicas.
Por isto diria que, no final de 1992, a QUIMIGAL estará em condições de prosseguirmos no sentido da privatização da holding. A nossa ideia é a dc que a QUIMIGAL — Adubos certamente vai manter-se ligada à holding, dado constituir a razão lógica da existência da própria QUIMIGAL. Assim, a privatização da QUIMIGAL — Adubos terá lugar ao mesmo tempo que a da holding.
O Sr. Nogueira de Brito (CDS): — Sr. Secretário de Estado, para além da Qutmigal — Adubos, o que resta, neste momento, na holding?
O Orador: — Neste momento, na holding existe uma empresa ligada a produtos químicos, a QUIM1TECNICA, e existem ainda a AGROQUISA, ligada a pesticidas, a PLASQUISA, ligada a plásticos, e a ANILINA, ligada à produção de anilina, que funciona junto à ISOPOR, em Estarreja. Há lambem algumas empresas associadas, como, por exemplo, a FISIPE, cm que a QUIMIGAL continua a deter participações financeiras. Mas, essencialmente, 50 % do volume de negócios é ligado aos adubos eco que, certamente, se manterá c que será objecto de privatização em simultâneo com a da holding QUIMIGAL.
O Sr. Nogueira de Brito (CDS): — Sr. Secretário de Estado, a participação que a QUIMIGAL detém na FISIPE também será privatizada nessa altura?
O Orador: — Sr. Deputado, isso depende, porque não
queremos delapidar o património da QUIMIGAL e, neste momento, as colações da FISIPE estão muito por baixo. No entanto, se subirem e desde que se encontre um valor
aceitável para as respectivas acções, certamente que a operação poderá fazer-se. Mas enquanto tal não acontecer não há razão, em termos económicos, para vender participações que, hoje, têm cotação inferior ao seu próprio valor contabilístico. Portanto, dc momento, nem sequer se justifica encarar a hipótese de venda dessas participações.
Há uma outra empresa, a SETENAVE, de que, hoje cm dia, já não se fala. Neste caso, tomou-sc uma opção, semelhante à da CNP, que foi a dc entregar a concessão do estaleiro. Claro que há problemas, só que não são de índole semelhante àquelas que teríamos caso a SETENAVE ainda fosse delida pelo sector público.
Presentemente, a SETENAVE é gerida pela SOLGENOR e, no primeiro ano de exercício da sua concessão, a empresa teve um resultado francamente negativo, mas que teve a ver com problemas internos da própria SOLGENOR. Em 1991, que foi o ano de exercício completo após o primeiro ano de arranque, a empresa já vai ler um resultado positivo, o que significa que os problemas foram superados, pelo que, hoje cm dia, a SETENAVE c uma unidade que funciona pelos seus próprios meios e não foi mais necessário o Estado acorrer, através de um esforço financeiro, como foi no passado, para que a SETENAVE tivesse de garantir os vencimentos. A evolução será, obviamente, o contrato, que continuará. Assim que haja oportunidade, a empresa poderá ser vendida e a entidade que, de imediato, leria preferência seria, como é lógico, a que tem o contraio de concessão. Mas, enfim, é uma operação na qual não lemos grande pressa. Sc a operação se puder fazer far-se-á, mas hoje não é fácil privatizar estaleiros, muito menos os daquela dimensão. É evidente que, se encontrarmos interessados, estaremos em condições de avançar com a operação de privatização, mas, neste momento, não há realmente interessados na compra do estaleiro, nem a própria entidade que tem a concessão da SETENAVE se mostra muito interessada na sua compra.
As outras duas empresas na área das minas são a EDM (Empresa de Desenvolvimento Mineiro), holding mineira, e a ENU (Empresa Nacional de Urânio).
A EDM assume, neste momento, o papel de holding mineira, lem participações na Carbonífera do Douro, nas Pirites Alentejanas e na SOMINCOR, e está em posição dc ser privatizada numa posição minoritária a 49 %. O seu processo de privatização está em estudo, associando, eventualmente, entidades que possam vir a desenvolver, também sob o ponto dc visla tecnológico, mais as participações e as empresas do que a própria EDM tem. Como disse, é um processo que está cm estudo, mas numa fase que não é Ião avançada quanto o da Siderurgia Nacional.
A ENU é uma empresa com uma situação realmente delicada, porque neste momento o urânio não se vende, e a vender-se sê-lo-á a preços muito baixos, que representam 50 % do valor real do minério, e o Governo entendeu integrá-la na holding mineira que tem. Essa é a forma dc minorar os problemas da própria ENU, permitindo que algumas sinergias que as participadas da EDM têm possam, eventualmente, vir a beneficar das actividades por onde a ENU avançou. A ENU avançou em algumas