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II SÉRIE -C— NÚMERO 31

incubação fosse mais curto: Mas, enfim, isso não se fez. O director do Laboratório e o Sr. Director-Geral lá sabem porquê.

Ao concluir estas minhas considerações, digo o seguinte, muito claramente: a encefalopatia espongiforme dos bovinos, apesar de todos os esforços dos serviços laboratoriais da ex-Direcção-Geral, não está comprovada no nosso país. Repito, não está comprovada no nosso país. A situação quanto a esta doença, em Portugal, é completamente diferente; está nos antípodas do que se passa na Inglaterra, onde existe uma conveniente preparação técnico-científica—que foi aqui referida pelo Dr. Matos Águas — e uma aproximação, um contacto, uma experiência com a doença que não existe aqui de modo algum. Aí, sim, o diagnóstico histopa-tológico pode ser hoje decisivo e confirmativo da doença, isto é, na Inglaterra ou nos países onde já existe a doença confirmada, mas, relativamente à situação no nosso país, é, pelo menos, precipitado ou, senão, atrevido.

Evidentemente, no nosso país, a partir do momento em que se importaram bovinos reprodutores da Grã-Bretanha, entre 1982 e 1989, há sem dúvida o risco do aparecimento da doença, mas não há a confirmação dó morbo. No entanto, ao surgir, a doença evoluirá no rebanho de uma forma esporádica. É o que acontece em 75% dos rebanhos em Inglaterra onde só se encontra um único caso, embora se saiba que em certos rebanhos a CKorrência é mais expressiva.

O Sr. Presidente: — Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior, muitíssimo obrigado pela sua exposição.

Neste momento, tenho alguns Srs. Deputados inscritos a quem vou dar a palavra e ainda bem que existe este espírito do contraditório.

Antes de dar a palavra, gostaria de afirmar que valeu a pena ouvir o Sr. Prof. Dr. Manuel da Cruz Braço Forte Júnior, independentemente da posição que se posssa retirar das suas palavras. Aquilo que disse tem directamente a ver com aquilo que estamos a apurar nesta audição.

Para formular um pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): — Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior, em primeiro lugar, agradeço--lhe a sua presença nesta Comissão e o contributo prestado. A primeira questão que gostava de colocar ao Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior era sobre a seguinte situação: Portugal enviou dois investigadores para Inglaterra, onde fizeram o seu estágio. Esses dois investigadores, bem como o director do Laboratório, confirmam casos de vacas loucas em Portugal.

Assim sendo, o Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior põe em causa a capacidade técnica dos únicos investigadores que temos em Portugal e que se especializaram em Inglaterra. .

0 Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior (Faculdade de Medicina Veterinária): — Claramente, ponho! É porque não são quatro dias no Laboratório Central do Weybridge que lhes concedem o título de especialistas. Aliás, quando esses técnicos lá foram, já eram especialistas do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária e, inclusivamente, já deviam saber qual era a técnica aplicada. Portanto, não tinham necessidade de gastar dinheiro ao erário público para estarem quatro dias em Inglaterra a aprender a técnica de fixação do material, técnica que já deviam ter aprendido quando foram estagiários do Laboratório Na-

cional de Investigação Veterinária. Portanto, ponho em dúvida isso. Não basta ir à China para ser chinês, não é verdade!?

Sr. Deputado, afirmo a V. Ex.° que quatro dias não são suficientes para conceder, digamos, o grau de especialista a quem quer que seja.

O Sr. António Campos (PS): — O Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior pensa que existem em Portugal investigadores de maior qualidade é capazes de fazer essa investigação?

O Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior (Faculdade de Medicina Veterinária): — Acho, Sr. Deputado. Se estivesse no Laboratório de Benfica, seriam os técnicos mais competentes que seriam responsabilizados por um trabalho deste tipo. Aí, iria encontrar um Serviço de Patologia, iria encontrar os técnicos especialistas mais qualilifícados para tratar do assunto com toda a honestidade e com todo o rigor.

Mais: não faria só o diagnóstico histopatológico; recorreria à microscopia electrónica, ao Serviço de Virologia e para o diagnóstico diferencial — sem querer saber se o assunto era confidencial ou não, pois isso não me interessava minimamente — chamaria todos os serviços que julgasse necessários para a resolução do problema.

Sr. Deputado, nunca atiraria cá para fora um diagnóstico que, de algum modo, pudesse ser contestado, isso se realmente fosse — e até fui durante muitos anos — director do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária.

O Sr. António Campos (PS): — Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior, admitiu os números de 0,1 % e 0,2% de casos que existem em Inglaterra.

Portanto, gostava de saber se existe algum método — quando se importaram os 12 000 animais — que impedisse a proporção verificada em Inglaterra de poder verificar-se nos 12 000 animais que estão em Portugal.

O Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior (Faculdade de Medicina Veterinária): — Sr. Deputado, não há de momento qualquer método que permita detectar a encefalopatia espongiforme com os animais em vida. Não há situações pré-clínicas devidamente assinaladas, nem há meios tecnológicos adequados à identificação da doença quando os animais não estão doentes. Portanto, para detectar a doença é necessário que os animais estejam doentes.

Relativamente a estes animais que foram importados, devem ter estado submetidos a uma alimentação que comportava farinhas de carne e osso. Nessas circunstâncias, os animais já deviam ter feito, de facto, a contaminação. Mas quais foram os animais? Numa percentagem de 0,4%, segundo os técnicos do Weybridge, ou numa percentagem de 0,1% a 0,2%, segundo o Dr. Matos Águas.

É evidente que isto será possível e admito que sim. Seria estultícia da minha parte não admitir uma coisa destas. Mas digo — e direi mil vezes— que é necessário que se apliquem ao

estudo do problema todos os meios què estão à disposição do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária

O Sr. António Campos (PS): — Portanto, admitimos que há casos em Portugal por importação, na medida em que não há qualquer diagnóstico. E, partindo do ponto de que a percentagem lá é aquela, cá também teremos casos.

O Sr. Prof. Doutor Manuel da Cruz Braço Forte Júnior (Faculdade de Medicina Veterinária): — Sr. Deputado,