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II SÉRIE- C —NÚMERO 31

1 Foi essa, Srs. Deputados, uma das razões por que não se fez a ultramicroscopia. Posso, em-todo o caso, indicar-vos outras razões, uma das quais.passo de imediato a explicar. A ultramicroscopia é um exame muito bom, também peremptório, mas um exame quase de acaso, por nem.sempre se encontrarem as fibrilhas em casos positivos. Esse exame serve eventualmente para investigação, que foi uma coisa que não fizemos, pois só procedemos ao diagnóstico como estava preconizado. O referido exame serve para investigação, para confirmar, em termos de investigação, o que já foi feito através do diagnóstico histopatológico, mas não é obrigatório para fazer o diagnóstico da doença.

Por outro lado, quando se preconiza que o diagnóstico histopatológico obriga à fixação pelo formol da peça —a parte anatómica do cérebro (neste caso o tronco cerebral) ou o cérebro inteiro (como se fazia inicialmente em Inglaterra) — que vai ser trabalhada, esse mesmo material já não pode ser usado em microscopia electrónica, porque no microscópio electrónico se usa material fresco. O material tem de ser colhido, pode ser, quando muito, congelado e depois, quando chegar a altura, quando for oportuno, é trabalhado. O que pretendo sublinhar é que, se é feito o exame histopatológico e se fixa esse material, ele já não pode ser usado, depois, pela microscopia electrónica e os sítios onde as fibrilhas aparecem — os locais-sede próprios dessas fibrilhas — são exactamente os locais próprios da vacuolização, ou seja, os locais onde temos de pesquisar a vacuolização quer do neurônio quer do períkarion.

Nessas circunstâncias, não é de todo impossível, mas toma-se difícil,, fazer os dois exames no mesmo material. O que os ingleses faziam era um pouco diferente: abatiam, na altura, 500 a 600 vacas por semana, faziam um exame histopatológico a umas vacas e aproveitavam outras com sintomatologia condizente com a doença para fazer outros exames complementares, nomeadamente a microscopia electrónica. Então, sim, extraíam desses animais amostras de cérebro fresco para fazer a microscopia electrónica.

Como não me recordo da última questão colocada pelo Sr. Deputado Carlos Duarte, solicitar-lhe-ia, com a permissão do Sr. Presidente, que a repetisse.

O Sr. Presidente (Antunes da.Silva): — Tem a palavra, Sr. Deputado Carlos Duarte.

O Sr. Carlos Duarte (PSD): — Questionei o Sr. Dr. Alexandre Galo sobre o que se passou em França antes da declaração obrigatória, ou seja, se para confirmar a doença os franceses utilizaram só o exame histopatológico ou também outros métodos auxiliares e complementares.

O Sr. Dr. Alexandre Galo (Investigador Auxiliar do Laboratório Nacional de Veterinária): — Sr, Deputado Carlos Duarte, o perito francês que subscreve a nota científica reportando o primeiro caso de BSE em Portugal foi um dos meus companheiros de curso,- que fez, como o Prof. Parodi, o exame histopatológico.; Aliás, refere isso mesmo nos seus documentos. Suponho até que foi entregue nesta Assembleia um documento que contém, pelo menos, 14 artigos, descrevendo como se fez e se faz o diagnóstico histopatológico. • .

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Encontram-se ainda inscritos os Srs. Deputados António Murteira e António Martinho, a quem, sem prejuízo dos esclarecimentos que pretendemos, solicito que sejam o mais breves possíveis, porque estamos muito atrasados. ■

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Murteira..

O Sr. António Murteira (PCP): — Quero agradecer, em primeiro lugar, ao Sr. Dr. Alexandre Galo as opiniões que nos trouxe aqui.

A maior parte das perguntas que lhe queria colocar já foram aqui respondidas por V.Ex.a, no entanto, pedia-lhe ainda que, de uma forma p mais simples possível, me desse a sua opinião sobre duas ou três questões.

A primeira questão, sobre a qual acabou dc falar, é se, depois de todas essas considerações que fez, considera que a recolha e o procedimento com as amostras dos quatro animais que foram diagnosticados foram feitas correctamente e em condições.

A segunda é se, nessa base, se pode concluir cientificamente que, nesses quatro casos, existia a BSE.

A terceira é se é possível precisar qual a data em que foi feita a declaração pelos veterinários portugueses em Bruxelas e quais os fundamentos para o tipo de declaração que foi feita.

Por outro lado, solicitava-lhe que disponibilizasse, se possível, essa declaração para tirar fotocópias e pedia à Mesa que providenciasse no sentido de, ainda hoje, as mesmas nos serem entregues, pois tínhamos interesse nelas.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): - Para responder, tem a palavra o Sr. Dr. Alexandre Galo.

O Sr. Alexandre Galo (Investigador Auxiliar do Laboratório Nacional de Veterinária): — Devo dizer que só não recolhi o material do primeiro caso que surgiu, pois ele foi recolhido pelo meu colega do Porto, que, suponho, prestará depoimento logo à tarde e poderá, portanto, dizer como é que isso foi feito.

No que se refere aos outros três animais, eu próprio recolhi esse material. Devo dizer que esses animais foram para o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, tendo um ido para as instalações de Tocha e dois para as instalações de Lisboa.

Por outro lado, devo referir que, quando os animais foram sacrificados, foi, de imediato, recolhido o material necessário para o diagnóstico, portanto, confirmo que a recolha foi feita na altura certa e bem feita e o diagnóstico da BSE que, na altura, reportei.

Quero ainda dizer que a declaração a que se refere não foi feita em Bruxelas mas, sim, em Copenhague, no dia 12 de Maio, e que terei todo o gosto em fornecer a V. Ex.a uma fotocópia, como me pediu.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Martinho, a quem solicito que seja breve.

O Sr. António Martinho (PS): — Sr. Presidente, serei breve.

Para meu total esclarecimento, agradecia ao Sr. Dr. Alexandre Galo que me respondesse a algumas questões. V. Ex.a falou, a certa altura da sua intervenção, em agente transmissível não causal...

O Sr. Alexandre Galo (Investigador Auxiliar do Laboratório Nacional de Veterinária): — Não convencional, desculpe!

O Sr. António Martinho (PS): —... não convencional, por isso desejava saber se pode dizer-nos, com base nos seus