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II SÉRIE-C —NÚMERO 6

muito mais ênfase do que o dizia há um ano atrás, pois, repito, a exclusão é uma muito maior prioridade do que eu julguei há um ano atrás.

Se a Sr.4 Deputada quiser aceitar um convite meu terei muito gosto em que, numa próxima ocasião, visite comigo um território educativo de intervenção prioritária. Estive há 15 dias no Algarve num território educativo de intervenção prioritária, concretamente em Olhão, e posso dizer-lhe que é daquela forma que nós somos capazes de combater a exclusão.

É evidente que isso tem encargos financeiros com alguma repercussão, pois cada escola tem de ser fortemente reforçada em termos orçamentais, mas existem mais do que os aspectos orçamentais — e a Sr." Deputada que é professora tem, certamente, sensibilidade para isso.

Por ocasião dessa visita, tive oportunidade de participar numa reunião de um Conselho Pedagógico com os 1 .*, 2.° e 3.° ciclos, que, como sabe, é uma inovação no sistema, porque as escolas estão todas reunidas num território. Penso que é nesta articulação vertical e numa grande liderança ao nível da gestão deste território que nós fazemos um combate sério à exclusão.

Eu não tenho a sua preocupação do combate à exclusão no 12." ano, pois julgo que o rubicão, se me é permitido dizer, na exclusão é o 9.° ano de escolaridade. Assim, o que temos de fazer é com que aqueles 36% de alunos que não chegam ao final da escolaridade obrigatória cheguem ao fim dessa escolaridade.

E quero, ainda, dizer-lhe outra coisa: há cerca de seis meses assisti um pouco atónito, digo-lho com toda a franqueza, a uma discussão que houve no país sobre currículos alternativos e interessei-me particularmente por esta área. Ouvi centenas de pessoas, pais, professores, responsáveis de escolas, especialistas, educadores, sobre currículos alternativos e nunca numa matéria fiquei tão convencido de que tinha razão, contra o que parecia a opinião pública, como o foi o caso dos currículos alternativos.

E digo-lhe mais: no documento que recebemos há 10 dias da Confederação de Pais esta sugere, no documento que pretende acordar connosco, numa lógica do pacto educativo, os currículos alternativos como uma área da maior importância, o que é muito curioso, porque «matou-se» em Portugal a ideia do currículo alternativo.

No outro dia numa escola onde há grandes dificuldades, Escola n.° 1 de Algés, onde temos um projecto inovador feito com a Fundação Menuhin em que utilizámos a arte no combate à exclusão, à segregação e à integração racial, foi-nos dito que não tinham currículos alternativos mas, sim, currículos adaptados.

Ora, quando confrontamos currículos adaptados com currículos alternativos, verifica-se que se trata de currículos alternativos com o nome de currículos adaptados, e a razão é simples: é que temos de ser flexíveis, porque a procura é flexível, as crianças que hoje temos no sistema vêm de origens muito diferentes e o tratamento uno, homogéneo, diria tirânico, pois é tirânico pôr uma criança com determinado tipo de matérias, não é adequado.

Assim, o que temos de ser é flexíveis na resposta, mas saber que a flexibilidade da resposta não implica uma diferenciação no objectivo, pois o objectivo tem de ser o mesmo, apesar de haver várias maneiras de se chegar ao final da escolaridade obrigatória.

Temos de nos pôr de acordo sobre isto... E recordo-me de que, aquando da discussão dos currículos alternativos, havia um comentador que dizia: «mas como é que é possível que os jovens fiquem sem conhecer a lírica de Camões?»...

No outro dia num território de intervenção prioritária a professora dizia uma coisa simples, que, penso, até já referi aqui, na quinta-feira passada: «a coisa mais difícil que tenho aqui é conseguir que os miúdos estejam sentados durante uma hora na aula...».

Agora, entre comparar o problema real que o professor tem na sala de aula — e a senhora é professora e sabe que o que estou a dizer é verdade —, porque basta ir a uma zona muito degradada em que as crianças...

A Sr.' Luísa Mesquita (PCP): — Posso interrompê-lo, Sr. Ministro?

O Sr. Ministro da Educação: — Se a Sr* Presidente autorizar não tenho nada contra.

A Sr.* Luísa Mesquita (PCP): — Poderíamos aproveitar uma outra oportunidade para discutir a questão dos curricula alternativos. O Sr. Ministro conhece a nossa posição — e, concretamente, a minha posição, com grande detalhe também — e, portanto, podíamos escolher outra oportunidade.

De qualquer modo, se o Sr. Ministro está muito interessado nessa matéria — que é uma questão que eu hoje não coloquei, embora já a tenha colocado outras vezes —, gostaria muito de vê-la equacionada exactamente naquilo que o Sr. Ministro acabou de dizer. A lírica de Camões não é dada aos alunos (que «maçada» os meninos não terem a lírica de Camões) e depois, quando chegarem aos 10.°, 11." e 12.° anos, com os testes e com os exames que foram produzidos o anos passado, resolve-se a questão. Não é assim, Sr. Ministro?

Esta é a questão! Não podemos ser bonzinhos até aô 9.° ano e, a partir do 10.°, dizer: aqui estamos nós à vossa espera, aqui têm o curriculum adaptado, o curriculum alternativo e tudo aquilo a que têm direito.

Têm programas dos 10.°, 11.° e 12.° anos, mas não é com a lírica camoniana, Sr. Ministro, mas sim com o Novo Testamento, com o Velho Testamento, com Platão, com Sófocles, com todos os clássicos gregos e latinos e também com a lírica camoniana. É esta a questão!... E era isto que eu gostaria de ver equacionado pela Sr.* Secretária de Estado ou pelo Sr. Ministro.

O Sr. Ministro da Educação: — Sr.* Ministra,...

A Sr." Luísa Mesquita (PCP): — Por enquanto ainda não.

O Sr. Ministro da Educação: — Ó Sr." Deputada, deixe-me dizer-lhe que o seu problema é o da classe média,...

A Sr." Luísa Mesquita (PCP): — Só faltava essa!...

O Sr. Ministro da Educação: — ... porque os jovens de que estou a falar são aqueles que não atingem a 9.* classe. De forma alguma!...Sabe quantos é que não a atingem? Tem uma ideia?

Pausa.

Então vou dizer-lhe: 16% dos alunos que não atingem a 6.° classe e mais 19% que não atingem a 9.° classe.

Sr." Deputada, eu não tenho qualquer preocupação quando eles chegam às 10.° ou 11.* classes, porque, aí, já