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9 | II Série GOPOE - Número: 003 | 11 de Novembro de 2008

desenvolvimento económico, do qual, no entanto, para além desta frase pomposa, ainda não sabemos rigorosamente nada.
Mas, no que diz respeito ao PSD, se as suas contradições e incoerências, já tradicionais nestes últimos anos, não nos surpreendem, é verdadeiramente espantoso que nos presenteie nesta discussão com uma abordagem completamente diferente, mas ainda mais contraditória e cada vez mais incoerente.
No governo, na altura do «discurso da tanga», o PSD apresentou pomposamente um projecto para o TGV como um dos mais importantes investimentos para a mobilidade desta década, quiçá deste século, propondo uma rede nacional com cinco linhas e com um calendário totalmente irrealista; agora, na oposição, o PSD parece que é, embora quase em segredo, frontalmente contra.
No passado, o PSD, criticou, na Assembleia da República, a redução do investimento público; agora, critica o investimento público.
No debate, na generalidade, da semana passada, o PSD críptica e demagogicamente falou-nos de investimento inútil e útil, apresentou-se como defensor do investimento útil e inimigo do investimento inútil. É, obviamente, de saudar o PSD por, finalmente, ter chegado a esta posição – aliás, devo dizer que estava convencido que o PSD sempre fora a favor do investimento útil e contra o investimento inútil, mas ficámos a saber que é uma posição recente.
Portanto, é de saudar que o PSD consiga chegar a esta brilhante conclusão sobre a necessidade de diferenciar entre dois tipos de investimento. No entanto, não é de saudar que o PSD, oportunistamente, não consiga na Assembleia da República, nem publicamente, anunciar quais são, para si, os projectos que são investimento inútil e os projectos que são investimento útil. Isso beneficiaria, com certeza, o debate e fortaleceria também a posição de credibilidade do PSD. Mas que dizer quando a hipocrisia do PSD, relativamente à crise mundial e à estratégia do Governo, nos permite assistir a episódios como aqueles em que estes últimos 15 dias foram frutuosos: na televisão e na Assembleia da República, o PSD e a sua líder defendem que exista uma análise muito criteriosa de todo o investimento, que se reduza o investimento público; nas distritais, os seus líderes, os presidentes de câmara eleitos pelo PSD e muitos dos Deputados que integram esta Casa fazem exactamente o contrário, promovendo conferências de imprensa, solicitando mais e mais investimento e felicitando o Governo pelos projectos que já tem.

Vozes do PS: — Bem lembrado!

O Sr. Hugo Nunes (PS): — É difícil de perceber, mais difícil ainda de aceitar; a não ser que estejamos perante alguma divergência profunda interna entre aquilo que propõe a direcção do PSD e aquilo que as suas bases e os seus autarcas e agentes locais defendem. No entanto, não nos parece sério nem rigoroso que o Partido Social Democrata se ponha nesta posição.
Porém, fica uma pergunta que o PSD não pode deixar passar a audição de hoje sem esclarecer, que é a seguinte: qual é o investimento que para o PSD é inútil e inadequado neste Orçamento do Estado? Em que investimentos com impacto orçamental é que o PSD faria cortes? Quais os projectos que deveriam ser abandonados ou suspensos? Se deixarmos passar mais este debate sem essa discussão, quero crer que não há qualquer réstia de esperança para a credibilidade deste PSD.
Sr. Ministro, nos últimos tempos e em vários momentos, procuraram fazer-se passar mensagens que não nos parecem corresponder à realidade, ou seja tentou lançar-se a ideia de que não há dinheiro para tanto investimento público; de que não é possível realizar os investimentos e os projectos que o Governo propõe; de que os projectos que o Governo nos apresenta têm um impacto orçamental brutal, e avançam-se com os exemplos, já típicos, do novo aeroporto de Lisboa e do TGV.
Por isso, Sr. Ministro, pergunto-lhe, com clareza, se é capaz de nos dizer qual é o impacto orçamental que os projectos do novo aeroporto de Lisboa e do TGV têm para o ano 2009, para que, de uma vez por todas, se possa deitar por terra a imagem de que estes grandes projectos são muito dispendiosos, de que estes grandes projectos na actual situação económica estão inadequados.

Vozes do PS: — Bem lembrado!