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10 Diário da Câmara dos Deputados

É a nós todos, republicanos, e ao Govêrno que cumpre êsse dever.

Que os monárquicos e o ex-rei queiram lazer uma revolução, gosto de saber, mas isso nada influi para que nós republicanos tenhamos de defender a República, e para isso conto um pouco comigo, e o Govêrno conta muito com V. Exa., mas conta, sobretudo com o povo do País em geral e de Lisboa em especial.

Quanto à afirmação de terem estado para rebentar já duas tentativas de revolução, estou convencido de que não se deram tais tentativas o, pelo que vejo, não receio absolutamente nada a provisão do uma revolução monárquica em Portugal, o que não quere dizer que não possa haver motins promovidos tanto por monárquicos como por outras pessoas.

Apesar disso, agora que tanto se tem falado lá fora em perseguições, eu não quero entrar no caminho das violências.

Tenho feito as prisões que julgo necessárias e que entendo que devem ser feitas para prevenir-me contra um movimento revolucionário.

Então, dispondo do Poder, tendo nas mãos os postos de confiança, não puderam fazer vingara sua revolução, tinha da traição, o que deu ocasião a que o povo de Lisboa, desarmado o apenas contando com a sua boa vontade, os reduzisse a. nada. Podia admitir-se, porventura, a simples hipótese dessa gente se lançar agora com probabilidades de êxito em um movimento revolucionário?

Eu creio bem que não. Isto não quere, porêm, dizer que eu não admita a possibilidade de se efectuarem distúrbios, mas contra êles está o Govêrno prevenido com inteira confiança e certo de que, a darem-se, serão inevitavelmente, prontamente sufocados. (Apoiados).

Duma revolução não devemos recear. Se ela, todavia, se der, eu posso assegurar á Câmara que o Govêrno está disposto a proceder com a máxima energia e absolutamente disposto a esmagá-la por forma tal que não mais sejam possíveis em Portugal as tentativas sequer de revoluções.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Orador: - O Govêrno será inesorável e oporá resolutamente à tolerância que tem havido a fôrça da opinião pública.

O Sr. Eduardo de Sousa: - Êles não a ouvem!

O Orador: - Tanto pior para êles.

Com respeito A amnistia, deve dizer que não é êste o momento próprio para se. pensar em amnistias (Apoiados), principalmente depois da publicação da já célebre entrevista e quando se pensa em novos actos de indisciplina. (Apoiados).

Quanto ao inquérito "leva da morte", informo S. Exa. do que a estas horas já deve estar terminado.

Sôbre o inquérito do Grémio Lusitano já não posso dizer o mesmo, visto que a comissão encarregada de proceder às necessárias investigações se demitiu, obrigando-me a nomear outra que, em face de determinadas dificuldades, se demitiu tambêm, levando-mo agora a pensar na nomeação dum só sindicante.

Para isso falta-me, porêm, a verba indispensável, por isso que a que só encontra inscrita no Orçamento não chega para tantos inquéritos e sindicâncias.

O Sr. Brito Camacho:- Eu peço a V. Exa. que não se esqueça de que todos os inquéritos pagos são sempre demorados.

O Orador: - Na parte que se refere ao Sr. Aires de Ornelas, como a Câmara sabe êle foi julgado e condenado, continuando, no emtanto, ainda no foro militar.

Adoeceu gravemente e pediu ao Ministério da Guerra para ingressar no Hospital da Estrela.

O Sr. Ministro da Guerra mandou inspeccioná-lo e constatou que realmente o Sr. Aires de Ornelas precisava de ser submetido a um, tratamento especial, por isso que necessitava de ser radiografado e julgo que terá de sofrer uma melindrosa operação, creio que a extracção dum rim.

Ao Sr. Aires de Ornelas foi destinado um quarto no Hospital da Estrela, depois do Sr. Ministro da Guerra ter chamado-o director do Hospital, a quem deu as devidas instruções, estando o Sr. Aires de Ornelas guardado com toda a vigilância pois tem sentinelas não só à porta do