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Diário da. Câmara dos Deputado*

O Sr. Brito Camacho:—Eu não posso fazer uso da palavra na ausência completa do Ministério. Peço a V. Ex^ que interrompa a sessão até que esteja .presente o Govêrno.

O Sr. Presidente: r—Está interrompida a sessão até que chegue o Governo,

Eram 15 horas e 20 minutos.

Às 16 horas e 10 minntos o Sr. Presidente do Ministério e alguns dos seus co-< legas entraram na sala.

O Sr. Presidente:—Está reaberta a sessão.

Tem a palavra Q Sr. Brito Camacho.

O Sr. Brito Camacho: — Sr. Presidente: quando' há pouco V. Ex.a me deu a palavra, reaberta a sessão, eu notei com surpresa e com desgosto que nãa se encontrava nas cadeiras ministeriais- rienkiua membro- do Governo-.

Tratava-se dum debate polítco. Tfnda falado o Sr. Presidente do Ministério, e S= Ex.a falara em tei-mtts tais que susci-, tou uma quási desordem na Camará, o que quere dizer que o debato político era pelo menos apaixonado. (Apoiados).'

Fura prorrogada a sessão, e à, hora regimental, quando V.. Ex.a dava a palavra ao primeiro orador inscrito, que por infelicidade era eu, na bancada ministerial não se encontrava nenhum representante do Governo.

Uni semelhante, e certamente propositado desprêso pela assem-blea legislativa, não tem um único precedente na história de nove anos de regime republicano, e, que eu saiba, só na monarquia teve um precedente. (Apoiados).

Foi quando se tratava da questão Hin-ton,. e se anunciou unia, revelação importante, feita por um Deputado da minoria republicana, o Sr. Dr. Afons.o Costa.

Então deu-se esse escandaloso faeto., e até inédito no Parlamento Português, de não se encontrar n/i ban&aáa ministerial nenhum ministro ; pois ao cabo de nove anos de Eepública a mesma vergonha se repete e o mesmo despreso se afirma. (Apoiados).

Lamento que tal facto se produzisse, e que ele- se produzisse tendo como Presidente do Ministério o Sr. Sá Cardoso, a. quem me ligam- laços de velha amizade.

Eu tenho o direito de supor cpe essa desconsideração foi propositada,, porque nem V. Ex.a recebeu a comunicação de que por serviço público o Ministério não podia comparecei', nem o Sr. Presidente do Ministério s.e antecipou a dar as explicações a que o Parlamento1 tinha direito, não só de as ouvir, como de as exigir,

Sr. Presidente: eu supus, perante- a ausência do.Governo, que porventura o Sr. Presidente do Ministério, depois da sessão de ontem, depois do debate que aqui se fez, depois de taro. claramente se ter significado ao Governo que elo já não tem função útil a desempenhar; (Apoiados) ou-cuidei que o Sr. Presidente do Ministério, reconsiderando sobre o seu erro grave de ter continuado no Poder, tivesse ido a Belém expor ao Chefe de Estado a situação, tal como se apresentou, tal qual ela é, (Apoiados] e, com uma precaução que eu não deixaria de louvar, nada quisesse comunicar ao Parlamento sem primeiro ter conferenciado com o Cheíc do Estado. Mas melKor seria, mesmo nessa hipótese^ que S» Ex.a, por uma deferência que naturalmente .lhe merece a asseinblca legislativa, que sempre é um pouco mais representante da Nação qne os eventuais governos nomeados por decreto; (Apoiados) eu supus que por uma natural deferencir, que o Poder Executivo deve ter pelo Poder Legislativo, e que o -Sr. Sá Cardoso deve ter por esta assembleia, quere queira quere não, que mesmo nes- sã hipótese, que nllo seria naturalmente do- justificar, embora se desculpasse, S. Ex.a fizesse a advertência à Câmara de que o Governo por motivo de serviço público não podia estar na sala à hora em que a sessão começava. Era, porém, um excesso de cautela, e eu calculava que S. Ex.a, de facto a conferenciar com o Chefe de Estado, conferência que devia ser demorada, deixasse passar, bc-m contra sua vontade, o momento preciso em que devia, encontrar-se aqui.