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Sessão de 6 e 7 de Janeiro de H

Câmara, onde lia, nominalmente uma maioria democrática, mas on.de não há a força do apoio necessárias a quem governa. (Apoiados). E, Sr. Presidente, eu não sei o que seja uma República sem as instituições políticas e sociais que substancialmente a definem; e não sei que prestígio possa ter uma instituição, cujo organismo do mais •"elevo, de maior importância, de suprema vitalidade, é assim amesquinhado e vilependiado por um dos poderes do Estado. (Apoiados). Porque eu não receio as campanhas quo lá fora S3 fazem contra o Parlamento, pois que se elas tem um íando de justiça, ô necessário que elas se façam e nós as atendamos; mas se elas são apenas malévolas, interesseiras, ou de clmntuge. de negócios Q u de política, então o Parlamento não tem que se arreceiar delas, e apenas dos actos pratica.dos-

0 que eu temo muito são factos como o de hoje,, sem nome e sem precedente,, e que pela fácil complacência do Parlamento, colocando-se num nível tam baixo, que a Nação não veja (Apoiados) o seu desprestígio seja completo, vindo com Gle, inevitavelmente, o desprestígio, a ruína da República.

Por isso, mais do qae por outras razões, é quo eu lamento o facto que hoje se produziu, facto que significa manifesta indiferença, até desprôso, pelo Parlamento, ou então significa um estado de alma infantil, um estado de alma de colegial, um destes estados de alma que são 'de boémio, o que é talvez pior do que todos os atentadoâ violentos que possam praticar os Governos.

Não há regras, não há praxes; há apenas, como ainda ontem ouvi dizer aqui, uma rapaziada. Há apenas uma boémia; há apenas um folguedo; há apenas um simulacro de instituições, como há um simulacro de Governo. (Apoiados),

Sr. Presidente: por moro acaso, eu era o orador inscrito para fazer uso da palavra logo que fosse reaberta a sessão.

Entendi que, por decoro do Parlamento, nós não devíamos aproveitar a situação em quo nos encontrávamos para colocar o Govôrno em circunstancias difíceis, e tam difíceis, que porventura lhe seria impossível mantor-se através delas; e, por isso, expontânoamente, cumprindo o que julguei ser Q dever de bom republicano

o, ao mesmo tempo, mantendo alto, como sempre procuro fazer, o prestígio da instituição parlamentar, lembrei a V. Ex.a, Sr. Presidente, a necessidade de interromper-se a sessão até que o Governo, mag* nanimamente. generosamente, se dignasse comparecer perante a Assemblea Nacional.

A Assemblea procederá perante o Governo, perante o seu acto insólito, como melhor j ulgar conveniente ;• eu, feito o meu protesto, como parlamentar, como membro da Câmara, como republicano, e considerando que era o orador inscrito para usar imediatamente da palavra apenas reabrisse a sessão, em que me defrontei com cadeiras vazias, por parte de onze Ministros, foço a única cousa que pessoalmente posso fazer, mas que a minha dignidade me impõe que.faça: desistir da palavra. (Apoiado^}.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, guando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso):— Sr. Presidente: devo confessar a V. Ex.a que fiquei dolorosamente impressionado com. as palavras que acabei de ouvir, pronunciadas pelo Sr. Brito Camacho.

Eu calculava que S. Es.a se sentisse maguado e que pela sua boca se expressasse o sentir desta casa do Parlamento, que seria tambôm de mágoa pelo facto do Governo não estar presente quando se reabriu eata sessão.

Não calculava, porém, que S. Ex.a colocasse o caso com a violência com que o colocou, chegando a atribuir a desconsideração propositada, ou mesmo a enxovalho, o tacto do Govôrno não se encontrar aqui, quando reabriu a sessão.

Isto magoa-me, e. tanto mais, quanto é certo que um tal ataquo vom da parte do Sr. Brito Camacho, com quem, há muito, mantenho as mais cordiais relações, e que jamais, quo eu saiba, teve de um só dos actos, praticados por mim, qualquer cousa que pudesse autorká-lo sequer à suspeita do haver da. minha parte um procedimento de menos consideração por S. Ex.a ou pelo Parlamento.