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nados, faziam o seu relatório, vinham à Câmara pedir a suspensão de imunidadés parlamentares para que esses Deputados respondessem, mas com a prova na mão, não com suspeições.

Ó Orador:—Evitemos os diálogos.

Não faça V. Ex.a afirmações tais que não correspondem à verdade, porque a comissão não teve medo da opinião pública, apenas a guiou o critério de fazer justiça; e fique V. Ex.a conhecendo que há írregularidades que ou são crimes ou podem não ser, conforme a interpretação dada ou a dar ao Código Penal.

V. Ex.a vai ver.

Há, por exemplo, na Câmara um Sr. Deputado que faz parte duma sociedade, creio que de comissões e consignações.

A comissão encontrou um ofício dessa sociedade, dirigido à câmara da Figueira, oferecendo a sua intervenção para a aquisição e fornecimento de cereais àquela câmara.'

O Sr. Júlio Martins1: — Fomos nós que levantámos a questão. Queremos por isso que ela vá até o fim.

O Orador : —Em favor dessa mesma fir" ma fez-se uma distribuição de farinha em quantidade avultada, ao preço de $38, quando à guarda republicana estava sendo fornecida à razão de $51.

Essa farinha era de primeira e destinada ao fabrico de massas e bolachas.

V. Ex.as compreendem bem a situação desagradável em que se encontrou a comissão de inquérito perante estes factos, e os motivos que a" levaram a apresentar o caso à apreciação do Parlamento ...

O Sr. Júlio Martins-—V. Ex,as não tinham que submeter o ca'so à apreciação deste Parlamento.

Se esses factos eram verdadeiros não tinham outra cousa a fazer se não mandar para a cadeia as pessoas que neles se achavam envolvidas ; o contrário é tornarem-se seus cúmplices.

De resto, não se compreende que só agora se lembrem de narrar esses factos à Câmara.

O Orador: —Eu já tive ocasião de mostrar este ofício da câmara da Figueira a vários Srs. Deputados...

Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Júlio Martins: — £ Mas que procedimento é este da comissão de inquérito, delegada da Câmara, que mostra os documentos relativos a questões duma gravidade espantosa a meia dúzia de Deputados amigos e não à Câmara, como lhe compete ?

O Orador: — A Câmara avaliará como essa comissão tem trabalhado.

Venha V. Ex.a para este lugar ...

O Sr. Júlio Martins: — Se lá estivesse e encontrasse algum Deputado envolvido em quaisquer negócios escuros fazia um dossier e trazia-o a esta Câmara.

O Orador: — Contra o Senador Sr. Ernesto Navarro levantou-se uma acusação grave por parte do Sr. Júlio Gonzaga dos Anjos.

Essa acusação, que já em tempos tinha aparecido publicada na Capital, e foi oficialmente reproduzida perante a comissão de inquérito por esse indivíduo, sustentava que o Ministro dos'Abastecimentos tinha lançado um despacho ilegal em favor da Fábrica Esperança.

O Sr- Anjos, afirmando que esse despacho era ilegal, entendia que se devia proceder à apreensão da farinha, mas reconhecia que esse despacho estava tara bem feito que seria difícil consegui-lo ...

Todavia, como o Sr. Ministro no despacho tinha declarado que a venda da farinha seria feita para fora da Lisboa e concelhos limítrofes, e tendo os fiscais encontrado uma venda feita num dos depósitos em que a farinha se achava para uma das fábricas de bolachas, imediatamente tinham mandado apreender toda a farinha, uma vez que, nos termos da lei, no caso duma apreensão, toda a partida de farinha, embora estivesse em diversos armazéns, devia ser apreendida.

Que se tinham movido empenhes, indicações, quási pressões, para que a apreensão não fosse mantida.

Que tinha ido um Deputado ter com ele para se informar do motivo por que se tinha feito a apreensão e para solicitar o levantamento.

Que lhe parecia que em todo esse negócio havia interesses grandes.