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responsabilidades— fica o Grovêrno, repito, com ela, pois que, não tendo que dar que fazer aos 'operários em Lisboa, impôs à Junta que os arrumasse, fosse como fosse, na Outra Banda, de maneira a não o incomodarem.

Já temos instalações modestas e luxuosas do Arsenal, e ainda não temos sequer lançada a primeira pedra.

Preganto se proceder assim não é proceder ao invés, às avessas do que aconselha, não direi já a técnica, mas o bom senso.

Figurei a hipótese, que não me parece ser demasiadamente exagerada, de vir a veríficar-se que, por qualquer motivo que não implica incompetência, a escolha do local é má.

£ De quem ó a responsabilidade do gasto de milhares de contos?

Essas habitações são qualquer cousa que deverá custar nada mais, nada rne-nos, do que 766 contos a mais.

É isto que deverão custar as habitações para operários e oficiais.

Esta é a informação que'reputo absolutamente segura.

Dir-me hão que esta despesa não fica a carregar inteiramente sobre o Estado, porquanto essas habitações constituirão rendimento do Estado.

llealinente, entre as previsões da Junta, renderão para mais de 300 a 400 contos, provenientes do aluguer de casas a operários e oficiais, e de mais dependências que deve haver no recinto, e que se podem considerar do Arsenal.

Para V. Ex.as verem o que este cálculo tem de estabilidade, pelo menos tam falível como a do terreno em que farão assentar o Arsenal, direi, por exemplo, quo se conta com o rendimento das escolas, uma quantia de 72 contos; que se conta com o rendimento da creche, que deveria ser uma instituição de caridade, depositando ali as crianças e, quando muito, pagando para o custo da manutenção do estabelecimento, porque nunca uma creche foi uma instituição destinada a dar ' dinheiro (Apoiados) — nunca em parte alguma— conta-se que com a creche haja uiu rendimento de 75 coutos.

Também haverá ali uma biblioteca e um museu.

8 ; Quem diria a Cacilhas que haveria de apanhar museu e biblioteca! (Risos).

Diário da Câmara dos Deputados

Este museu e esta biblioteca, que deveria ser apenas um elemento de instrução para o pessoal daquele estabelecimento, pela previsão da Junta Autónoma é uma fonte de receita que dará 21 contos.

Para não citar todas as verbas apenas uma citarei mais.

Havia ali um gimnásio e um recreató-rio.

Estão V. Ex.as a ver como em toda a parte Gimnásios e Eecreatórios são grandes fontes de receita, onde o Estado, quando em -risco de falência, vai haurir os seus recursos.

Risos.

Como assim é, o gimnásio e o recreató-rio do Arsenal terão de explicar-se para o Estado com 100 contos!

V. Ex.as vêem, e eu sei que este trabalho é feito com a maior seriedade, porque ó feito por pessoas sérias.

Mas V. Ex.as vêem, como é insuficiente, pfe,cário, como é aliatório e de forma alguma pode justificar um voto favorável da Câmara; e como isto nos põe um pouco de sobreaviso sobre todos os cálculos que não possamos verificar.

O Sr. Mem Verdial (interrompendo}: • -Mas põe do sobreaviso sobre o cálculo de pessoas sérias, porque sobre os outros já o estamos há muito tempo-

O Orador: — Sobre a seriedade e correcção dessas pessoas, não tenho, tnem ninguém pode ter, a mínima dúvida.

(Apoiados).

O Sr. António Maria da Silva (interrompendo):—.Não vejo, porém, qualquer forma de arranjar tais receitas. ..

O Orador: — Já ontem me referi a esta parte: diz-se que o arsenal traz grandes vantagens.

Pregunto se não estaremos a fazer planos que não estamos habilitados a fazer.

A nossa marinha mercante já foi qual--quer cousa de muito interessante, que deixou de ser por circunstâncias de ordem histórica e social, que não vale a pena desenvolver.