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Sessão de 26 de Maio de 1920

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rumados no ponto de vista financeiro, nos dispomos a este enorme sacrifício para fazermos um arsenal, é porque estamos convencidos de que esse arsenal em muito há-de contribuir para a nossa regeneração económica e para a nossa regeneração financeira.

É possível que eu esteja em erro, mas tenho ouvido dizer a quem na matéria tem competência que um arsenal para construir e reparar doverá ter obras cujo custo, aproximadamente, seja de dois terços das despesas que um arsenal efectua com a sua manutenção.

Supondo que não são os 40.000 contos, mas 30.000 coutos que vamos despender para a construção do Arsenal — e eu faço um cálculo muito baixo, porque não atribuo ao material e à mão de obra o valor que hoje têm —admitindo, digo, que gastávamos 30.000 contos e que esse arsenal era bem utilizado, o que exclui a hipótese de ser administrado pelo Estado, era necessário que o referido arsenal tivesse um trabalho representando 20.000 contos, para dar o rendimento que se exige dessa espécie de estabelecimentos.

E eu pregunto se nós podemos contar que a nossa marinha de guerra e nossa marinha mercante, em construções e reparações, forneçam anualmente ao arsenal trabalho representando, aproximadamente sequer, essa quantia.

Eu sei que é íácil dizer que me esqueço de que o Arsenal tem de fazer reparações nos navios que entram no Tejo.

Mas eu sei que só vêem aqui reparar-se os navios que não podem alongar mais a sua marcha, chegando alguns a fazer concertos de alta importância, ó certo, porém, somente, para se habilitarem a seguir para os arsenais dos países a que pertencem.

Parece-me, por isso, que essa receita com que se conta, o que alguma cousa há-de ser, ficará muito longe de dar um produto compensador.

Sucede ainda que nós temos por esse país fora, em Aveiro, na Figueira da Foz, em Vila do Conde e S. Martinho do Porto, vários estaleiros, e vemos quo surn incitamento, sem nenhum auxílio do Estado, durante a guerra se fizeram muitas e valiosas construções.

Talvez se julgue quo há uma grande vantagem em pretender dalguma forma,

embora indirectamente, inutilizar esses pequenos centros de construções navais, para concentrar todas as reparações e construções no arsenal, onde só haverá uma cousa portuguesa—a mão de obra; porque a madeira, o carvão e o ferro, as cousas essenciais e que avultam nas despesas dum estabelecimento dessa ordem, tudo isso nós temos de mandar A'ir de fora.

Diz-se, e esta é uma das vantagens que se encarecem do arsenal, que nós poderíamos realizar uma velha aspiração, qual seja a da metalurgia férrea, indo buscar os minérios que existem espalhados por todo o país, mas principalmente em Trás-*os-Montes.

Sr. Presidente: de facto, segundo a opinião dos competentes, em Portugal há bastante ferro, não apenas em Trás-os--Montes, mas, por exemplo, na serra de Serpa e em muitos outros pontos do país. Mas esses minérios, para não representarem industrialmente um prejuízo, deveriam sofrer larga beneficiação nos portos onde são colhidos.

Sr. Presidente: como V. Ex.a vê, é uma vantagem apenas hipotética, ó um proveito problemático e que de forma alguma evita que vejamos a enorme despesa que, na realidade, o arsenal representa.

Sr. Presidente: a proposta que se discute veio ao Parlamento nas mesmas condições duma outra proposta a respeito da qual eu tive de fazer considerações que vou repetir agora, pois elas são inteiramente apropositadas.

A Caixa Geral de Depósitos, com um sentimento de legalidade maior do quo aquele que habitualmente têm os governantes, recusou e fez muito bem, reconhecer à Junta Autónoma idoneidade para fazer um empréstimo, como o tinha recusado em relação a uma outra Junta constante duma proposta que aqui se discutiu e de que a Câmara deve estar lembrada, e que também teve escrúpulos em o fazer, sem que esse empréstimo fosse devidamente caucionado.