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Diário da Câmara dos Deputados

Todavia declaro que o Governo não pensa em. tirar receita dos edifícios destinados a escolas, museus etc;, e apenas das casas destinadas a habitação dos oficiais, operários que pagarão a- respectiva renda.

Como S. Ex.a sabe a Junta Autónoma adjudicou a construção do novo Arsenal a uma companhia portuguesa, que está associada à casa inglesa Nuttal & C.a

Esta casa propôs duas íormas de pagamento : ou as 3.500:000 libras ou uma anuidade representativa de um empréstimo, sendo essa anuidade de 1:396 contos.

Era esta sociedade construtora quo tomava o empréstimo firme.

As abras vão sendo pagas a proporção que vão sondo feitas.

A Junta tomou todas as cautelas em garantia da construção.

Por exemplo: a construção do molhe exterior, que é a construção mais importante, só será paga dois anos depois das experiências.

Pode pois o Sr. Brito Camacho estar sossegado, quanto às sondagens, porque se a obra não der bons resultados, as consequências são do conta chi Companhia.

Keferiu-se S.- Ex.a a não ter-se fixado o capital e juro do empréstimo. .

Ora ó fácil calcular-se o capital nominal, desde quo dispomos dos dois elementos precisos para esse cálculo, quo são a anuidade e ó tempo.

Nunca poderia ser propósito de qualquer Governo fazer'a exploração do novo Arsenal, por conta do Estado.

Há-de fatalmente entregá-lo à indústria particular, com partilha de lucros para o Estado.

Actualmente o Estado está gastando com os operários do Arsenal a verba de 2:500 contos, e a de 600 contos para. material destinado a pequenas reparações, porquanto toda a vez que se "queira construir qualquer unidade naval temos de mscrover verba especial para esse efeito.

Há pois unia grande desproporção entre o que se gasta em pessoal e a consumida por material.

Entregue o Arsenal à indústria particular, evidentemente que os respectivos operários' do Estado, hão-de passar para

essa entidade particular, e portanto o Estado ver-se há aliviado da importante soma que esse pessoal actualmente lhe leva.

Só isto, e já é muito importante.

Ainda o'Sr. Brito Camacho aludiu ao grande desenvolvimento que tem tido a nossa construção naval nos portos de Aveiro e Figueira da Foz.

Isso deve-se à guerra, mas-deve notar--se que essa construção ó restrita a pequenos bancos e não é propriamente a essa que se destina o nosso Arsenal.

Terminou S. Ex.a por apresentar considerações que significaram o receio que tem de que fôssemos levar para o novo Arsenal os mesmos erros que temos tido no actual.

Ora desse perigo, segundo me parece, estaremos livres desde que osso novo estabelecimento seja adjudicado a uma empresa particular. ~ N

Por último, devo pedir desculpa à Câmara do desalinhamento das minhas considerações devidas à falta de dotes oratórios e à falta de prática parlamentar.

Peço ao ilustre Deputado Sr. Brito Camacho o favor de me dizer se respondi a todas as suas considerações, para ainda o poder fazer antes de concluir.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Augusto Dias da Silva: — Sr. Presidente; em obediência aos preceitos regimentais'envio a seguinte moção para a Mesa:

«A Câmara, reconhecendo a importância do assunto, continua a ordem do dia».

A proposta que se discute é de tal forma importante que não posso deixar de votá-la.

A construção do novo arsenal é uma grande obra de fomento nacional. Ela servirá também para acabar com essa lenda de que o operariado não quere trabalhar. Passando o novo arsenal a ser explorado por uma empresa particular, veremos se Jiaverá alguém que ouse afirmar que os operários não trabalham.