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O que se verifica 6 que muitos comerciantes o industriais dos que protestam agora só aproveitaram das circunstâncias precárias do País durante a guerra para se locupletarem, o eu nego-lhes o idireito de quererem intervir nas discussões parlamentares e fazer um movimento de opinião pública contra o Parlamento, com o fim de se eximirem ao pagamento de uma pequena parte do que auferiram, ai/ indispensável que se vá ao bolso dessas criaturas para pagarem aquilo que devem1 pagar à Nação.

E eu tenho de concordar corn o Sr. Velhinho Correia, quando disse que esta proposta devia ser a primeira que a Câmara devia discutir. Se é certo que o Estado' não tem autoridade para exigir qualquer sacrifício ao País antes de fazer a neces-sára redução do despesas — e Cste Governo já o reconheceu — ó certo também que o Parlamento, que o Governo, não teriam autoridade para exigir sacrifícios antes de ir buscar alguma cousa aos bolsos dos que ilegitimamente enriqueceram.

Em regra, os que mais lucraram coma guerra foram os que mais desenvolveram o defectismo em Portugal. Foram esses que mandaram para o estrangeiro .os seus filhos para os furtar aos perigos da guerra; são esses que ainda agora, sem patriotismo, procuram eximir-se ao pagamento duma cota parte para o restabelecimento das finanças públicas.

De resto, Sr. Presidente, ainda não ouvi levantar nesta Câmara uma voz em sentido contrário ; apenas se tem discursado sobre a segunda parte da proposta no que representa uma espécie de dedu-çRo em capitais acumulados até agora e provindos de lucros de guerra, e se têm apresentado discordâncias sobro a técnica e a economia geral do projecto. Essas observações por parte de todos os lados da Câmara são efectivamente de receber e o ilustre Ministro das Finanças e o seu chefe de gabinete são os próprios a reconhecê-lo, parecendo que, desde que da parte de todos nós haja toda a boa fé, nenhuma dúvida haverá em que se remodele e melhore esta proposta submetendo-a ao parecer da respectiva comis são e voltando à discussão o mais breve-possívèl para o mais breve possível ser transformada em lei, porque o Tesouro

Diário da Câmara dos Deputados

está exausto, o Estado não pode viver sem crédito e o nosso crédito está prejudicado em toda a parte, não porque se descreia' das forças do País, não porque

| se descreia das suas possibilidades, não porque se esteja convencido de que o País não se pode levantar, mas apenas

j porque se verifica que nenhum esforço se faz nesse sentido. (Apoiados).

Tem-se discutido muito se é ou não conveniente para o País a redução da circulação fiduciária. O que é certo é que existe entre o câmbio e a circulação uma íntima correlação, a ponto qne ainda há pouco tempo eu vi nesta Câmara uma tabela calculada pelo ilustre Deputado católico, segundo a qual. por uma simples fórmula algébrica, se determinava o câmbio sendo conhecida a circulação fiduciária e vice-versa. Mas não é apenas isso o que assim me determina a concordar com o princípio de que é necessário reduzir t7;, circulação fiduciária e equilibrar a nossa vida económica.

Tenho observado, Sr. Presidente, que existe o pensamento geral em todos os países de reduzir a circulação fiduciária para se conseguir o saneamento financeiro dos vários estados, e isso sucedeu a propósito da tentativa da criação de uma moeda aliada, tendo-se dito então que a melhor tentativa a fazer seria cada um contar consigo .próprio, tributar os próprios recursos e reduzir a sua circulação fiduciária à medida do possível.

O Sr. Aboim Inglês : — Do possível.

O Orador: — Pois evidentemente.

Direi ainda à Câmara, porque é a lição que se traz lá de fora, que o povo que não puder equilibrar as suas finanças com os seus recursos próprios pouco poderá contar com os alheios, porque os outros povos estão assoberbados pelas mesmas graves dificuldades e dificilmente se bastarão a si próprios. Se porventura da nossa parte se produzir um dedicado esforço no sentido da redução do nosso déficit e do aproveitamento das nossas riquezas, o nosso crédito restabelecer-se há.