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Diário da Câmara'dos Deputados

.xam do concelho da Chamusca. Eu vou ler à Câmara um documento que elucida bem Ôste assunto.

E é o povo de Vale de Cavalos, magoado pela -atitude do concelho da Chamusca, qu-em pede a sua deaanexação.

Leu a acta da sessão da Junta da freguesia de Vale de Cavalos,, de 2õ de Janeiro de 1914, na qual se protesta contra a forma porque a Câmara Municipal da Chamusca cuida ,dps interesses materiais

daquela freguesia. ! '

\

O Orador : —Vêem, portanto, V. Ex.as que o povo de Vale de Cavalos se queixava já então do pagamento das contribuições para a Chamusca, que o votava a um completo abandono.

Aqui. está uma das razões para este povo querer continuar no concelho de Alpiarça, como determina o decreto que se pretende anular.

O Sr. Aboim Inglês: —-Se tivesse a certeza de que era o povo, então estava bem.

O Orador: — Em 1915 eu já era Deputado por este círculo, e na propaganda eleitoral que fiz neste 'círculo com o Sr. Tavares Ferreira, nosso ilustre'colega, vimos que existia grande descontentamento, por isso que-não tinham sido ainda atendidas as suas reclamações de passagem para o concelho dê Alpiarça, e por não ter tido andamento o projecto de lei apresentado em 1914.

O Sr. Aboim Inglês : — Sendo assim £ porque não fizeram o referendum^

-Por este processo desanexamos quaisquer freguesias.

O Orador: — Quando se fez essa desanexação foi fundamentada em documentos existentes no Ministério do Interior; documentos que tinham estado junto ao projecto dessa desanexação.

O Sr. • Aboim Inglês: — Não é o referendum

O Orador: —;,V. Ex.as querem ouvir?

>Leu a acta da Junta da Freguesia de

Vale de • Cavalos em que justificava a sua

recusa à autorização pedida para se làn-gar certos impostos.

Por este documento prova-se que era. a Junta de Paróquia de Vale de Cavalos que reparava as estradas municipais quando era a câmara municipal que tinha obrigação de o fazer com o dinheiro que dela, cobrava.

O Sr. Leio Portela: — Isso só prova, que a Junta de Paróquia de Vale de Cavalos era rica e tinha dinheiro.

O Orador: — Também se prova que a. Câmara Municipal da Chamusca deixava, ao abandono a freguesia, tendo fortes recursos para prover a todas as suas necessidades.

O Sr. Leio Portela: — Se fosse provada que se tinham requerido essas reparações e ela não as tinha feito, então sim.

O'Sr. Aboim Inglês (interrompendo}: — O que já se prova é a nota política, visto que já se fez referência a Grândola.

O Orador: —Já foi alegado em conversa por alguns Srs. Deputados, e isso mesmo consta do parecer, que as representações vindas a esta Câmara em 1915 foram contrariadas por outras representações enviadas pelo mesmo povo, e eu peço licença à Câmara para ler algumas-dessas representações que são edificantes,

Leu.

O Sr. 'Leio 'Portela (interrompendo}'.— O que V. Ex.a apresenta são- atestados morais das pessoas que as assinam.

O Sr. Aboim Inglês {interrompendo}: — Se tião são pagas essas assinaturas; será cousa que o pareça.

Apartes.

O Orador: — Quando em 1914, fui relator do projecto que desanexava Vale-de Cavalos da.Chamusca, eu vi que, nas representações contra e a favor, algumas pessoas que-assinavam as primeiras assinavam também as segundas.

Fiquei um pouco intrigado, mas tive a chave do enigma quando às minhas, mãos chegou o documento que acabo de ler.