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Diário da Câmara dos Deputados

ceras felicitações pela sua ascensão ao alto lugar que ocupa neste momento. Estou absolutamente certo, tenho disso a convicção mais íntima e sincera,-de que os dotes de carácter e inteligência de S. Ex.% como a sua inquebrantável fé republicana, hãO;do fatalmente levá-lo a efectivar a obra que, pela sua pasta, neste • momento as circunstâncias exigem.

Sr. Presidente: em Março do corrente ano, a propósito duma greve, a que se atribuía um carácter revolucionário, e que ia dar-se., teve necessidade o estado-maior da guarda republicana de instalar no Hospital de Arroios, em dois barracões da cerca desse hospital, uma companhia da mesma guarda.

Tinham Gsses barracões lotação para 200 doentes, e a-Câmara sabe que diariamente é recusada a aceitação de muitos enfermos, por não haver acomodações nem camas.

Sr. Presidente: o chefe do estado-maior da guarda republicana, tendo alcançado do então director interino dos hospitais, Sr. Alberto Tota, a permissão de estabelecer na cerca do hospital uma caserna, prometeu que, logo que cessasse a causa que dera'origem ao lacto, a guarda retiraria. A verdade, porém, é que, com prejuízo para a hospitalização, a guarda continua ali como em casa sua, e eu creio — e ninguém de boa fé poderá ser de opinião diversa — que não é um hospital o lugar mais próprio e mais adequado para se estabelecer uma caserna. (Apoiados).

Mas, Sr. Presidente, eu desejo ainda levar ao conhecimento da Câmara um caso revoltante há pouco praticado nesse hospital.

Um servente desse hospício, um funcionário zeloso e muito estimado, vendo alguns soldados a cortarem uma acácia na cerca, foi-lhos pedir que a não cortassem até que o fiscal do hospital se entendesse com o comandante da companhia. Pois tanto bastou para que esse desgraçado fosse horrivelmente agredido e ainda por cima preso à ordem do comandante da referida companhia.

Eu sou um funcionário hospitalar e, como tal, esses factos não podem passar--me despercebidos, causando-me um enorme e prefando desgosto, sem que, no. em-

tanto, queira verberar o procedimento dê nalguêm.

Todos nós sabemos o que são os soldados e', havendo algumas mulheres internadas nesse hospital, há frases que os soldados proferem e que não devem ser ouvidas por essas doentes, assim como alguns discos de gramofone que é costume fazerem correr, e que são verdadeiramente indecorosos.

Sr. Presidente : absolutamente confiado em que o Sr. Ministro do Trabalho já terá pensado no caso e já terá entabola-do as negociações necessárias para que o Hospital de Avroios deixe de estar transformado numa caserna, eu aguardo o que S. Ex.a me disser a este respeito. " O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Trabalho (Lima Duque) :— Sr. Presidente : ouvi com toda a atenção o ilustre Deputado Sr. Hermano de Medeiros, que falou com coração, com inteligência e com a distinção profissional que todos lhe reconhecemos.

Devo dizer a S. Ex.a que conheço perfeitamente o assunto a que se referiu e, desde que tive conhecimento dele, compreendi logo que um hospital transformado oní caserna prejudica os serviços hospitalares e não aproveita a ninguém.

Dirigi-me por isso ao meu colega do Interior, a quem pedi instantemente pai\^ que combinasse com o Sr. comandam^ da guarda republicana a saída imediata do posto da guarda do hospital referido.

Julgo que o Sr. Ministro do Interior tratará hoje mesmo ou amanhã do assunto, mas se houver alguma demora, eu voltarei a insistir, tanto quanto possível, para que as cousas tornem ao estado desejado.

O orador não reviu.

O Sr. Hermano de Medeiros (para explicações) :— Sr. Presidente : agradeço ao Sr. Ministro do Trabalho não só a sua presença nesta casa do Parlamento, mas ainda a sua resposta, como de resto outra não era de esperar do homem que actualmente sobraça aquela pasta e que se chama Lima Duque.

O orador não reviu.