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Ontem na cidade de Évora não se encontrava um litro de azeite à venda, e a população está por isso justamente alarmada.

Quando eu me dirigia para a estação do caminho de ferro, fui por várias pessoas solicitado para dar a minha atenção ao que se está passando.

A imprensa local diz que as autoridades do distrito têm muita responsabilidade no. facto, visto que não têm impedido eficazmente a saída de géneros, especialmente azeite.

Estamos chegados a uma situação que não comporta a possibilidade de se definirem responsabilidades.

O lógico é que só se mande sair do distrito de Évora aqueles géneros que possam existir ali em abundância, mas não o que ali faça falta.

Pois em Évora dá-se precisamente o mesmo.

A fornia atribiliária como se tem tratado o assunto das subsistências só podo dar lugar a perturbações, que todos devemos querer que não se dêem.

Acho absolutamente injusto que' se ordene às autoridades administrativas du Évora que deixem sair do distrito os géneros que ali façam falta.

Protesto mesmo contra essa orientação, porque entendo ser ela atentatória dos direitos da população.

Se insistirmos nestes erros, teremos deles as consequências mais desastrosas.

A população do distrito de Évora é por índole bastante pacata, mas a verdade é que ela ver-se há obrigada a agir, porventura violentamente, se vir que os poderes públicos continuam a não ter em atenção as suas necessidades no tocante a subsistências.

Os Govemos não devem olhar só às necessidades da população de Lisboa; é preciso que não se esqueçam de que os povos da província também têm. necessidade de comer.

Ao Sr. Ministro do Interior eu daqui peço o obséquio do transmitir estas minhas considerações ao Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura, a cuj,a pasta pertence o assunto que venho de referir.

Tenho dito.

'Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Ministro do Interior (Alves Pé drosa):— Sr. Presidente: respondendo ao ilustre Deputado Sr. Alberto Jordão, devo declarar que por várias vezes tem chegado ao meu conhecimento o facto de as autoridades administrativas impedirem o cumprimento das ordens que são expedidas pelo Ministério da Agricultura para a saída de géneros dos diversos distritos e patrocinarem os desejos das populações, desejos que são no sentido de reterem os géneros que lhes não fazem falta, com o pretexto de que carecem doutros.

Têm trigo, mas falta-lhes azeite, e por isso não deixam sair o trigo-

Pelo que respeita à minha pasta, declaro que toda a vez que tenha notícia de que alguma autoridade administrativa deixa de cumprir as ordens que lhe são

I das por quem de direito, eu a compelirei

| a cumprir o seu dever.

| A parte do assunto que corre pela pasta da Agricultura, pelo respectivo Ministro será tratada, e eu comunicarei ao Sr. Presidente do Ministério as considerações que S. Ex.a acaba de fazer, com tanto mais interesse quanto é certo que da parte do Governo há todo o empenho em que a questão das subsistências seja tratada com todo o cuidado e justiça. Tenho dito. O orador não reviu.

l O Sr. Álvaro Quedes:— Para o assunto-| de que vou tratar, chamo a atenção de j qualquer dos Srs. Ministros que estão-j presentes.

j No concelho de Mafra, e particular-j mente na Ericeira, não aparece à venda ! a mais. insignificante quantidade de açú-! car, ,de arroz e de azeite. • Segundo me informam, muitas famílias j que estão naquela praia a banhos, pensem, já em retirar-se dali, visto a grande faltado subsistências.

O Sr. Manuel Fragoso:— Mandam-se de Lisboa as que sobejam.

O Orador: — O Sr. administrador do concelho de Mafra já tem íeito requisições de azeite, arroz e açúcar, mas não-têm sido atendidas.