O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 27 de Outubro de J.92Q

É uma questão muito curiosa esta dos especuladores. Especuladores houve-os sempre, em todas as épocas e em todas as Nações.

A especulação ó que nem sempre exis-te, porque nem sempre as condições se prestam para ela se desenvolver.

£ Porque é que ela agora prospera V

& Porque é que não há concorrência?

Porque alguma cousa muito forte a impede neste momento.

Eu vou íentar demonstrar a V. Ex.a o gue é que torna, neste momento, a .especulação n&o só p.o.ssível, mas aind.a forçada.

Suponhamos um. negociante .de trigos que, pm tempos normais, s.e fornecia para todo p ano na ,éppca da colheita, vendendo a sua mercadoria com o lucro de 10 por c(ento, e cobrindo com .esse ganho, as despesas da sua casa. Este negociante, em íal hipótese, estava em equilíbrio económico, is.to é, nem empobrecia nem enriquecia. f

A guerra rebentava e .esse negociante, suponhamos, continuava a limitar os seus ganhos aos mesmos 10 p.or Qonto. Era um negpciaritç honrado, ó certo, mas estúpido, porque, cheg.ado a/} fim do ano, o ,tr.igo tinha encarecido 20 por cento, por exemplo, e ele não tinha ppsses p.ara comprar ,a mesma quantidade do. ano anterior. Assim, via-se na necessidade de ir reduzindo a matéria negociáyel e acabaria por ter^de mudar de vida.

E que os preços que o comerciante tem de arbitrar à fazenda que tem na loja, dependem dos preços porque Jaá-de comprar as remessas que frão-de substituir a que está vendendo. E como os preços futuros dependem das novéis notas a emitir; e estas da fantasia dos governos, segue-se a impossibilidade de marcar um preço fixo e determinado às mercadorias.

Isto explica eni parte o motivo porque actualmente as cousas não têm preço.

Aqui em Ljsboa, e noutras terras ainda, paga-se conformo o yestuário e a casa do comprador.

Se quisermos restabelecer a concorrência, é preciso, pelo menos, normalizar p_s câmbios, para que o comerciante possa prever o futuro e saiba com o que há-de contar.

Se V. Ex.% Sr. Ministro das Finanças, biiratoar a vida e oquilibr;n* o orna-

, cpmece por reduzir a circulação fiduciária, até que regressemos ao regime da moeda forte.

Se assim proceder, as tabelas tornar-se hão inúteis, e o Orçamento do Estado encontrará o seu equilíbrio, se.m que seja necessário alterar nenhuma contribuição.

O que não se podç pensar ó em equilibrar um orçamento sem. primeiro escolher uni par e dispor de dois milhões esterlinos para estabilizar os câmbios.

Era isto que eu queria dizer a Y. Ex.:i, Sr. Presidente, e à Câmara, pedindo desculpa a S. Ex.'> o Sr. Ministro

Tenho dito.

Vozes : — Muito bem.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente : — \rou submeter à votação da Câmara o requerimento do Sr. Presidente do Ministério • pedindo urgência para a sua proppsta sobre a amnistia.

Procedeu-se á votação.

O Sr. Presidente: — Está aprovada a urgência.

O Sr. João Camoesas :—3£equeiro a .contraprova.

Procedeu-se à contraprova.

O Sr. Presidente:—Estãp • de pé 24 Srs. P.eputados e sentados 4.0. Está aprovada a urgência.

O Sr. Ministro das Finanças (Inocêncio Camacho): — Ouviu com toda a atenção as considerações do Sr. Deputado Pa-choco de Amorim, ,cujo discurso demons-,tra um aturado estudo da nossa situação financeira. As dificuldades financeiras, cujo' quadro o ilustre orador a que tem a honra de responder pintou com as cores mais sombrias, vem de mui.tp ionge. Em 1910 já a nossa situação financeira era insuficien.te para as necessidades do país. Circulavam c.iôca de 70:000 contos cm notas do Banco P. 27:000 contos em prata amoedada.