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Sessão de 18 Marco de 1921

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E todos nós esperamos que seja uma obra bela, que levante essa província, fazendo dela um grande empório que possa contribuir para o prestígio da República, e altíssimos interesses da nossa Pátria. (Apoiados).

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Ferreira da Rocha: — Sr. Presidente: venho também associar-me, em nome do Partido Liberal, à homenagem que a Câmara presta hoje ao Ex.mo Sr. general Norton de Matos. E permita-me V. Ex.a que o faça, invocando não só a minha qualidade de membro do Partido Liberal, mas ainda, e principalmente, a dupla qualidade, de que sempre saberei orgulhar-me, de ter sido o parlamentar que conseguiu vencer e resolver o problema da descentralização colonial, que há tanto tempo se vinha debatendo nesta Câmara, e de ter sido o Ministro que escolheu os mais competentes homens e as mais adequadas figuras para a execução da obra que era preciso realizar para completar a votação do Parlamento. (Apoiados).

Foi este Parlamento que resolveu o problema da administração colonial, resolvendo que as colónias possam administrar-se por si próprias, permitindo que as nossas duas maiores colónias possam desenvolver-se, livres dos empecilhos burocráticos que tinham.

Foi este Parlamento que realizou essa obra, e se mais nenhum motivo de orgulho lhe assistisse, este facto seria o bastante para provar perante a opinião pública que uma obra grande, uma pelo menos, saiu já desta assemblea, não se justificando aquelas afirmações que têm sido feitas sobre a sua improficuídade e improdutividade do seu trabalho.

Não julgue a Câmara que este serviço representa pouco: mais de meio século de lutas parlamentares foi necessário para se conseguir que o Poder Legislativo abdicasse de certas prerrogativas que só serviam para coarctar às colónias os meios de trabalhar e de progredir.

Foram precisos meses de lutas persistentes dentro desta Câmara para conseguir convencer todos os parlamentares

de que não haveria perigo para a nacionalidade em incumbir a homens competentes a direcção das nossas colónias.

Orgulho-me, como disse, desse papel parlamentar, mas orgulho-me também, e bastante, de, como Ministro, ter encontrado os homens que a opinião pública do meu país unanimemente reconhece como sendo capazes de darem cumprimento a tam difícil missão. (Apoiados).

Foi minha preocupação constante, no Ministério das Colónias, iniciado que tinha sido o regime dos Altos Comissários, não mandar para as colónias senão homens que a opinião pública considerasse competentes para isso, e que as colónias pudessem ter a dirigi-las, como dizem os ingleses, quem consubstanciasse a frase right man in right place.

Deu-se este caso com o Sr. Norton de Matos para Angola, como com o Sr. Brito Camacho para Moçambique, e, assim, a missão de cada um deles é perfeitamente adequada à colónia que vai administrar.

O Sr. general Norton de Matos era por mim conhecido e admirado há muitos anos. Conheço-o do tempo em que S. Ex.a não havia ainda dado as provas de inex-cedível político que mais tarde se afirmou.

Lembro-me ainda do tempo em que S. Ex.a, homem muito novo, conseguiu na índia levar a efeito uma tarefa bastante difícil, organizando um serviço quási que sem elementos nem pessoal. Recordo-me bem da maneira como S. Ex.a o Sr. Norton de Matos se tem desempenhado de todas as suas comissões de serviço colonial, demonstrando à evidência aquelas qualidades de energia, de acção e de saber querer, que tanto faltam nos portugueses de hoje, e que tanta falta fazem aos políticos que se encontram nos mais altos lugares da nossa administração pública.

O' Sr. Norton de Matos é portador dessas qualidades -que caracterizam os construtores do impérios, aqueles homens que, com uma vontade firme, acima de tudo, sabem vencer todas as dificuldades, saltando por cima delas.