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Sessão de 18 de Março de 19È1

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do indígena, que é muito mais barato que o nosso, sendo o solo muito mais fértil, e neste caso, pregunto o que será feito dos trabalhadores —porque são aqueles que mais me interessam e o quê sucederá com o desequilíbrio que há-de prodv zir o abastecimento dos mercados com produtos africanos.

j\. forma como S. Ex.a expôs os seus pontos de vista levou-me ao convencimento de que - é capaz de executar tudo quanto disse.

Sr. Presidente: a minoria socialista vê com tristeza que, a par da política inteligente que se vai fazer em Angola, senão faça a mesma cousa neste país, porque nós, socialistas, não desejamos herdar uma casa arruinada, não desejamos a falência do Estado, mas sim que ela tinha uma organização perfeita para a modificar a nosso modo.

Há um ponto para o qual quero chamar a atenção do Sr. Norton de Matos, antes da sua partida, e esse é que trate com carinho da situação do indígena. No dia em que Angola tiver a sua organização económica perfeita, ela emancipar-se há deste país, e neste ponto, mais uma vez quero apelar para S. Ex.a, afim de que desenvolva a instrução, de modo que, quando este facto se efectivar, nessa terra se fale a nossa língua.

E uma aspiração pequena, que, creio S. Ex.a é capaz de conseguir.

Felicito também o Sr. Ferreira da Rocha pela feliz nomeação e pela sua isenção política porque, sendo membro do Partido Republicano Liberal, não teve dúvida em escolher para comissário geral da província de Angola um seu adversário político.

Sr. Presidente: termino lembrando mais uma vez a V. Ex.a a conveniência de despertar nos políticos a necessidade de mudar de atitude; é preciso trabalhar porque o pais não suporta mais esta iníriga-Ihada constante que nos envergonha.

É preciso que esta situação termine e que se faça uma obra útil, uma obra de ressurgimento, uma obra de levantamento nacional.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): — Sr. Presidente: não é por

um dever de cortesia mas sim por uma imposição de consciência e de coração que eu em nome da representação parlamentar do Partido Republicano Popular, me associo à homenagem que a Câmara dos Deputados presta à pessoa do Alto Comissário de Angola Sr. Norton de Matos.

S. Ex.a é, todos o sabem, e porque todos o sabem me julgo dispensado de o referir, um verdadeiro valor.

Tive ocasião, a quando da partida do Sr. Brito Camacho para Moçambique, de fazer na Câmara a afirmação de que numa terra de valores considerados apenas por si próprios e em que cada um se reputa um verdadeiro valor, o Sr. Brito Camacho ora por consenso unânime um verdadeiro e autêntico valor; para a pessoa do Sr. Norton de Matos, orientado como é, criatura de sã justiça, não tenho neste momento senão que fazer igual afirmação.

O Sr. Norton de Matos a dentro da nossa terra, a dentro da nossa Pátria, pelos altos serviços que tem prestado, ó uni verdadeiro valor intelectual, moral e político.

Isto não é indiferente numa terra em que os- homens de fé quási não existem, em que é raro encontrar homens de acção.

O Sr. Norton de Matos é, todos o sabem, um hom^m de fé e de acção; demonstrou-o brilhantemente na gerência da pasta da Guerra no momento difícil da preparação para a guerra.

Mas isso é do conhecimento de todos nós, e eu quero neste momento relembrar àqueles que o conhecem; e dizer sobretudo àqueles que o ignoram, que S. Ex.a no desempenho da sua difícil missão como delegado de Portugal na Conferência da Paz marcou um lugar digno de todo o respeito e louvor. Tive o cuidado de, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, procurar c dossier que lá existe do conjunto de trabalhos que S. Ex.a, interpretando o sentir e os interesses nacionais, teve ocasião de formular na Conferência da Paz; por 6los concluí, e qualquer pessoa concluiria também, que S. Ex.a soube interpretar, como poucos o saberiam fazer, os interesses nacionais.