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Sessão de 8, 11, 12 e 13 de Abril de 1921

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Os antigos representavam a força na figura duma mulher com os braços cruzados.

Aconselho o Parlamento a que cruze os braços, porque é uma afirmação de força.

Por estas considerações dou o meu voto à amnistia.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Vou interromper a sessão para continuar logo, às 21 horas e 30 minutos.

Está interrompida a sessão.

Eram 20 horas.

SEGUNDA PARTE

Eram 21 Jioras e 15 minutos.

O Sr. Presidente:—Está reaberta a sessão.

O Sr. Manuel Fragoso: — Sr. Presidente: lamento, o lamento profundamente que as circunstâncias me obriguem a proferir hoje aqui algumas palavras, que eu sou o primeiro a reconhecer que de certa forma destoam o caem mal na atmosfera de solene glorificação que nos envolve. Mas propositadamente se trouxe agora esta questão, que é de indiscutível importância e que forçosamente tem de levantar muitas e desencontradas paixões, e por isso me vejo na dura obrigação de falar nos termos em que o vou fazer.

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Eu tenho quási a absoluta certeza daquilo que afirmo, e não me incomodam, portanto, os não apoiados de V. Ex.as, que em nada modificarão a minha linha de conduta. A responsabilidade, porém, do facto que afirmei, há-de cair intacta sobre todos aqueles que assim pretendem arrancar, na hora de piedoso recolhimento que decorro, uma votação que, em minha opinião, de forma nenhuma prestigia ou fortalece a Eepública. (Não apoiados).

Sr. Presidente: eu falo de consciência tranquila, e, por isso, como só procuro agradar a mini próprio, pouco ou nada me incomodam os não apoiados daquela parte da Câmara quê vai votar a amnistia, quando é certo que eu, de forma nenhuma, lhe censuro ou lhe verbero a sua maneira de pensar, porque cada um tem o direito de pensar o de proceder aqui como entender e quiser, e o que é necessário é que todos tenhamos a coragem de expor as nossas ideas com completo desassombro e inteira grandeza moral. (Muitos apoiados}.

Sr. Presidente: sei muito bem que com estas palavras vou chamar sobre a minha pessoa antipatias, malquerenças, e, porventura, ódios; julgo, contudo, cumprir, assim falando, o meu indeclinável dever do republicano, e isso tanto mo basta. (Apoiados}.

Seria cómodo, extremamente cómodo,— porque eu não me procuro iludir a mini próprio, e tenho portanto a certeza de que a amnistia vai ser votada,— seria cómodo, repito, que eu me calasse, que votasse sem dar nas vistas, ou saísse por aquela porta.

Repugna-me, no emtanto, tamanha cobardia moral, porque posso bem, e sempre, com as responsabilidades da minha maneira de pensar. (Apoiados}.

Eu não pretendo especular politicamente com falsas noções de sentimentalidade doentia, e não receio os futuros dissabores que me pode causar a minha atitude de hoje. (Apoiados}.

Todavia, chamo a atenção dos meus colegas nesta Câmara e dos Srs. cronistas parlamentares, para uma afirmação que vou fazer e que para mim tem muito de importante o de sinceridade: eu não conheço um só dos actuais presos políticos, e, assim, não tenho, não posso ter, de qualquer deles, o mais leve ressentimento pessoal.

Bati-me, quanto pude, contra a ditadura dezembrista e contra as suas consequências do carácter monárquico, mas nunca encontrei, que eu saiba, um- só desses presos pela frente.