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Diário da Câmara dos Deputados

Como tivesse reclamado, mandaram-mo então para infantaria 6.

Estive aí mós e moio a convalescer. Bom sítio para convalescer, não tendo ninguém que mo suavizasse os mous sofrimentos.

A nova transferência foi foi ta no meio de simples praças. Foi assim que fomos tratados pela Traulitâuia.

Se V. Ex.as estão esquecidos, eu não estou.

Na prisão que nos deram, nada tínhamos, nem uma bacia de'lavatório para nos lavarmos, e assim estivemos ato 19 de Janeiro. Depois fomos transferidos para o Aljube, onde também nada tínhamos, nem cadeiras, nem mesas e separados por um tctbique ouvíamos os nossos inimigos como mastins atirarem-nos às faces com os maiores vitupérios, como bandidos, malandros, otc.

O que se passou nesses vinte e cinco dias de Traulitânia ainda não é de todos conhecido. Para satisfazer a mais pequena necessidade éramos acompanhados por trauliteiros, que nos escarravam na cara os maiores vitupérios.

Assim estivemos numa prisão onde apenas havia uma porta que estava fechada e uma janela igualmente fechada e com os vidros foscados para nada se poder ver cá para fora; uma prisão sem ar nem luz e onde não havia nem ao menos uma mesa e papel para nós podermos escrever à mulher e aos filhos.

Era esta, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a situação em que se encontravam então os presos, muitos dos quais eram maltratados por aqueles algozes, que chegavam a colocar as mãos dos presos sobre uma mesa, batendo-lhes em seguida com um maço a ponto de lhes fazer saltar as unhas fora.

Isto é uma verdade, Sr. Presidente, não me consta que então se tivesse ouvido uma única voz a suplicar ou pedir perdão, para aqueles que se encontravam então na situação que acabei de expor L Câmara. Sr. Presidente: eu ouvi da boca do Sr. Presidente da República o do Sr. Presidente do Congresso palavras de piedade para os que hoje se encontram presos, e tenho-as ouvido igualmente não só da boca do Sr. Cardeal Patriarca como também da boca de várias pessoas categorizadas, assim eomo tive ocasião de lor as

valias representações que se tem escrito sobre o assunto, bem como as súplicas que têm sido feitas por parte das mulheres portuguesas. Não me consta, porém, Sr. Presidente, que então, isto é, quando se deram os factos que já tive ocasião de relatar à Camará, algumas destas entidades (e triste ó dizê-lo!) tivessem tido pá lavras do carinho e de dor para aqueles que então se encontravam m, situação a que me referi.

Nunca dos meus lábios saiu uma palavra de ódio. Não as tenho agora.

Não conheço nenhum dos presos políticos.

Sei que está lá o tenente Guimarães. Não o conheço: nunca o A*Í, não sei quem é. Apenas o encontrei lá fora.

Sei que mo posso defrontar com Solari Alegro. Não o conheço também. E passo todos os dias e instantes, ombro com ombro, com caudilhos da monarquia, e nem sequer escarro à sua passagen.

Contudo, alguns deles merecem bem o meu escarro, porque têm faltado h, sua palavra de honra.

Não me movem ódios: não os tenho nem os tive . . .

O Sr. Presidente (interrompendo): — Peço suspenda as suas considerações até que se faça silêncio na Câmara.

Pausa.

O Orador: — São desataviadas as minhas palavras. Até podem sair da sala. . .

Mas não tonho maçado muito os meus colegas . . .

Tenho encontrado em tocos amigos bem queridos, c muito lamento se hoje ficar com um inimigo.

Não será por mini que a separação dos republicanos se há-de dar.

Vejo do meu lado correligionários do meu Partido; do outro correligionários da República e nunca adverfsários. Não tenho ódio a ninguém. Mas também é preciso que o diga, posso transformar-me numa leoa . . .

Uma voz: —

O Orador: — Numa leoa, porque um leão ó muito forte, para defender os meus correligionários quando os vi: atacados.