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Diário âa Câmara dos Deputados

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Só os reaccionários ou os jacobinos, que, sendo dois extremos, por isso se tocam, podem dizer o contrário.

Os socialistas não contam que para o seu grémio passem os monárquicos, e jamais podem pretender que as senhoras do país rastejem a seus pés, como alguém, inconvenientemente, já aqui disse.

Sr. Presidente: todos sabem a injustiça das penas que se impuseram aos monárquicos. Todos sabem que os dirigentes do movimento monárquico se encontram em liberdade e que a justiça republicana não foi cumprida como deveria ter sido. Se outras razões não existissem a favor da amnistia, parece-me que esta era suficiente. Parece, porém, que a muitos dos homens públicos do meu país este argumento não os move.

Eu sei que alguns desgraçados, dois, pelo menos, segundo me informam, estão há mais de dois anos presos no Limoeiro acusados de propagandistas do bolche-vismo.

Há criaturas que se dizem republicanos e não têm vergonha de mandarem para a cadeia homens que outro crime não cometeram se não o de fazerem a propaganda da emancipação do trabalho.

Para a República foram os piores dos monárquicos, muitos daqueles que a monarquia não queria para lhe engraxar as botas, almas daninhas que foram para o meio republicano para o empestarem.

São estas criaturas que são hoje republicanas e que amanhã serão monárquicas; são esses os homens que mais protestam contra o sentimento nacional que reclama a amnistia.

A minoria socialista aprovando a amnistia não o faz para captar simpatias, nem por medo, inas porque em sua consciência entende que a amnistia é reclamada pela maioria da Nação.

A República não caminha porque ela tem sido perseguidora. Basta ver o que durante anos ela fez aos homens da igreja.

É necessário que os homens da República sejam tolerantes e façam a República.

Os senhores têm sido os caça-frades.

É a isto que é necessário pôr termo para que a República caminhe.

V. Ex.a sabe bem que os h améns que trabalham em Portugal não são inimigos da República, mas o que é certo é que o povo ainda não sente a República.

A inconsciência ó tam grande que eu admiro o regosijo de alguns Deputados que estão aqui apenas com uma centena de votos.

Trocam-se apartes.

O Orador: — Sr. Presidente: eu vou terminar, mas, antes disso, não querendo que os republicanos se aflijam mais, não posso, todavia, deixar de lhes; dizer que o Partido Socialista não apresentou o seu projecto de amnistia para concuistar simpatias de quem quer que seja ou para captar os sorrisos das senhoras, mas sim por uma questão de princípios. Realmente, os socialistas não podem admitir que por um delito de pensamento alguém esteja nas cadeias, porque para mim, mesmo, é mais digno de consideração um monárquico que tenha sido sempre monárquico e que pelo seu ideal conspire, do que aqueles que têm a República nos lábios e a monarquia no coração. (Apoiados}.

Sr. Presidente: eu termino, para sossego dos nossos republicanos, já amargurados com as verdades que eu. aqui tenho exposto, e oxalá eles sejam tam breves como eu o fui, para não estarmos na Câmara até de madrugada a perder o nosso precioso tempo. (Apoiados}.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.

O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: não combatemos a amnistia, porque a sua concessão possa consistir um perigo para a segurança da República. Se o destino desta estivesse dependente da prisão de pouco menos de duas dúzias de pessoas, seria um regime tam odioso que à minha alma de democrático e de republicano repugnaria defendê-lo.