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Diário da Câmara dos Deputada

As últimas autorizações parlamentares foram pedidas polo Sr. António Granjo e caducaram em 31 de Janeiro.

Elas foram tam amplas que me pareço não ser conveniente continuar a concedêlas.

Eu quereria que o Sr. Presidente do Ministério e ilustre Ministro da Agricultura trouxesse ao Parlamento as medidas de (jue necessita, pois eu teria muito gosto de, com o meu nulo valor, auxiliar S. Ex.a em tudo quanto pudesse.

Não posso, todavia, dar o meu voto a este pedido, porque, como muito bem disse o ilustre Deputado Sr. Cunha Leal, sucedendo-se os Ministérios tam vertiginosamente, eu não sei a quem vão aproveitar as autorizações que se votam agora.

Eu desejava que S. Ex.a me dissesse se pretende; com esta autorização, conservar algumas cousas que existem e que a prática nos tem dado como bastante prejudiciais para a vida nacional.

Há um Comissariado dos Abastecimentos o é preciso que o Parlamento comece a conhecer a sua acção.

E necessário que dentro do Estado não haja poderes distintos. E preciso que não haja entidades dependentes de Ministérios que não acatam as ordens dos Ministros a que estão sujeitos. (Apoiados).

Eu desejaria que o Sr. Presidente do Ministério me explicasse como é quo pelo Comissariado dos Abastecimentos só fazem requisições de artigos já requisitados para determinadas localidades.

Eu tive a honra de entregar ao Sr. Presidente do Ministério uma reclamação do administrador do concelho de Cuba em que pedia quo se lhe fizesse justiça, pois pretendia-se-lho requisitar o azeite que a Câmara Municipal linha em tempos requisitado para consumo público. .

Esses cascos de azeite tinham sido requisitados para consumo do povo de Cuba.

Foram guardados em depósito particular e vem uma ordem do Comissariado dos Abastecimentos requisitando esse azeite, que foi despachado para a estação da Malveira, onde tem sido vendido a Gfl e a lê cada litro.

Para quem é a diferençar*

(Jnterrvpçâo do Sr. Presidente do Ministério).

O Orador: — As declarações do Sr. Presidente do Ministério são extremamente

amáveis e animam-me a falar ainda mais deste caso.

A história é muito interessante e tenho pena. que não esteja presente um parlamentar a quem este azeite foi oferecido para cobrir a falta duma requisição que em Abrantes tinha sido feita, deixando também aquele concelho sem azeite.

O povo de Cuba tinha feito um depósito de azeite para seu consumo para todo o ano, e o quo faz o comissário com a protecção da guarda republicana. Faz embarcar esse azeite para a Malveira onde ó vendido à razão do 6$ e mais.

Ora isto não honra a República!

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior Q, interino, da Agricultura (Bernardino Machado): -— Não honra mas é quem o fez !

O Orador: — Como foi praticado por autoridade . . .

Isto não pode .continuar.

Em Beja tenho conhecimento de um-caso análogo.

Os lavradores de Beja tinham sido autorizados a guardar uma parte de trigo para o seu consumo; pois arrombaram-se os celeiros, sob a protecção da guarda republicana, e foi despachado para o Cartaxo, onde o pão está a 1$20 o quilograma !

^Ora, eu preguuto se isto pode continuar assim sob um regime de Comissariado de Abastecimentos?

Isto é uma vergonha para nós.

O Governo \ern pedir-nos autorizações e como a amplitude dessas autorizações é tam grande talvez lá coubesse a modificação deste estado de cousas.

O Sr. Presidente do Ministério e Mi-nistrodo Interior e, interino, da Agricultura (Bernardino Machado): — Deve sair hoje ou amanhã no Diário do Governo uma portaria para se estudar este estado de cousas.

O Sr. Cunha Leal (em aparte): — E obra do Sr. António Granjo!