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Sessão de 20 de Abril de 1921

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.gnidade e da liberdade do seu corpo e do seu espírito, que até então não tinham, -se não lhes incutir o respeito pela nação -dominadora, torna-os inimigos mais ou .menos conscientes, desse poder estranho a que não devem, ou julgam não dever, vantagens morais e materiais. = Os signatários da Conferência de Berlim, abrindo a África á propaganda missionária, levaram ao sertão africano o .gérmen da desorganização social que teria produzido o caos, se o missionário -tivesse podido, como pretende, aniquilar as crenças religiosas dos indígenas.

O missionário de qualquer das religiões dos povos civilizados, baseado em tradições espiritualistas e ritualistas destinadas a cérebros e climas diferentes, não consegue, o que constitui a sua principal .preocupação, converter o preto. E não o pode converter porque não lhe é possível varrer da mente ingénua do indígena as suas crenças tradicionais, e substituídas pela religião que prega. A razão principal dessa grande dificuldade, mesmo em relação às várias formas do cristianismo, reside no facto de as crenças dos indígenas, e muito principalmente o feiíicismo, ter para o preto um carácter essencialmente material, difícil de substituir pelo carácter essencialmente espiritual de quási iodas as formas da religião de Cristo.

Quanto às raças indígenas professando o inaonietanismo, a influôncia missionária é absolutamente nula, a sua fé é inabalável e o missionário nem sequer tenta aproximar-se delas.

Quanto às raças feiticistas, o missionário supõe ter convertido à religião que prega, os pretos que conseguiu atríúr à missão. De facto, isso é uma pura ilusão, porque debaixo da fraca mão de verniz que a instrução religiosa lhe deu, conserva-se o selvagem, não já o produto natural, mas o selvagem com todos os seus defeitos e vícios que por intermédio da religião assimilou.

O indígena que se supõe convertido não o está em verdade; tem uma fé frouxa, e sente, quando entregue a si, a falta de qualquer cousa tangível que o defenda da vida presente e nas conjunturas materiais mais difíceis, de tudo que se opõe aos seus empreendimentos, aos quais se entrega sem aquela confiança no êxito que lho prometem os seus feitiços. Do que re-

sulta que, na maioria das vezes, o indígena que se supõe convertido, adiciona à sua nova crença o uso íntimo do seu feitiço, para, pelo menos, iludir o feitiço oposto, encobrindo-lhe a sua conversão.

Apesar do tudo as missões religiosas têm sido consideradas como valiosos elementos para a educação das raças indígenas, porquanto, conjuntamente com a instrução literária elementar que devem subministrar ao indígena, devem igualmente ensinar-lhe um ofício, uma profis-.são, o trabalho da terra, e, com a incontestável vantagem do seu pessoal dever -ser escolhido antro homens que pelos seus votos, consagram a sua vida à tarefa de missionário.

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Só os que se obstinam em não reconhecer que a destruição dos princípios reli giosos dos indígenas levanta uma natu ral reacção, podem responder afirmativa mente.

A missão religiosa gerou o produto imperfeito do preto semi-civilizado, de aparência desagradável, desmazelado, negligente no vestuário, que bem se constata com o espécime do preto do mato, distinto pela sua aparência de saúde e robustez, insinuante pela sua alegria ingénua o espontânea, e pela simplicidade rústica da sua senii-nudez.

O preto perde as qualidades sãs^que constituem o rudimento moral do carácter da raça a que pertence, com a defeituosa educação que adquiriu no contacto íntimo com o missionário, e que lhe destruiu o respeito, a delicadosa e o pudor naturais, substituindo-lhos por um tosco- descaramento e por um insólito amor próprio mal concebido.