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Sessão de 10 de Maio de 1921

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ao Estado porque a transferência se poderia levar a efeito por outros meios estranhos á primitiva Agência.

Houve pois, de princípio, a previsão de vantagens recíprocas.

O contrato Ramada Curto teve mesmo uma grande vantagem naquela oportunidade, que foi impedir de entrada quaisquer operações ilícitas dado que a Agência não era organismo dotado de quaisquer meios de defesa que os podesse evitar.

Portanto, o contrato de momento teve a vantagem de não deixar fazer essas operações de especulação.

Estou mesmo certo de que em Maio de 1919 se pensou principalmente em captar, por intermédio da Agência, maior quantidade de ouro e tornar a sua acção mais intensa do que até ali.

Pensou-se em colher vantagens e parece-me que, de momento, a idea de qualquer especulação menos regular estava por completo arredada.

Se esta especulação realmente existiu será interessante a constatação de que teria sido seguida ou aplicada pelos rivais de outrora.

Quando se fez o convite secreto para o concurso, convite que foi muito mal interpretado, os ataques que lhe fizeram estabeleceram uma grande confusão que deturpou a verdade, o que, longe de esclarecer antes confundiram, pois que argumento algum é absolutamente convincente, e prova alguma se produziu.

O mal do nosso desgraçado câmbio é a especulação, dizem. É evidente que ela pode influir mas não menos verdade ó que ela apenas pode produzir duradouramente um pequeníssimo desvio comparado com o que outras causas produzem. Se V. Ex.as lerem a tese apresentada para discussão na Conferência Inter Parlamentar do Comércio, da autoria de M. Levy, reconhecerão que a especulação não é considerada nela como um dos mais importantes factores da situação cambial.

Esta tese ó interessantíssima e é uma maravilhosa síntese da nossa situação económica e financeira. Nós temos a impressão quando a lemos de que o seu'autor a escreveu em Lisboa, vendo de perto as cousas e os acontecimentos.

O problema é intrincado e todos os seus sintomas se traduzem na situação

cambial, sendo'difícil de discriminar qual dos factores é que tem mais importância.

O Sr.,Cunha Leal: —V. Ex.a dá-me licença ? E tam complicado que eu notei até uma cousa quando outro dia falava o Sr. António Granjo, e eu o escutava com a atenção com que me compete ouvir todos os Srs. Deputados. S. Ex.a dizia que se acabássemos com o preço político do pão, mesmo que pela Agência Financial não nos viesse ouro, este apareceria, visto que os outros Bancos não necessitariam de o guardar, mas a par dizia também que a Agência se prestava a grandes especulações.

Sendo assim, admitia, de certo o facto de se ter dado o assambarcamento de ouro por esses Bancos.

Este raciocínio era verdadeiro, mas S. Ex.a só via o problema lucidamente quando retirava dele a Agência.

O Orador:—Esse caso que V. Ex.a apontou vem, realmente, corroborar ò que eu estava dizendo.

Mas esta tese estuda, até com muitos detalhes, as causas principais da depressão cambial.

Agora se me preguntarem se, afectivamente, com a Agência Financial havia especulações, eu digo que em minha opinião, em qualquer operação financeira havia e há-de haver sempre especulações.

Admito a especulação como um acidente parasitário mas não uma determinante de qualquer acaso.

A Agência, pelo facto de ser o veículo de grandes transacções, foi aproveitada pela especulação como fulcro fixo e de garantia, mas esta especulação far-se-hia com a mesma intensidade, fossem quais fossem as razões em que estivesse a Agência ou o veículo encarregado das importantíssimas transferências de ouro.

Há que tomar em conta os fenómenos mundiais e não analisarmos apenas a nossa situação a dentro dos nossos interesses e das nossas condições particularíssimas.

Resta-me apenas fazer algumas observações sobre a especialidade da proposta.