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Sessão de 14 de Março de 1923
Diz-se, Sr. Presidente, que o comércio levanta os preços por motivo dos câmbios, e é assim, pois, a verdade é que centenas o milhares de especuladores se vão servindo dessa arma para enriquecerem à custa do sangue do povo.
Apoiados.
A ordem pública, Sr. Presidente, que o Sr. Presidente do Ministério tem conseguido manter, tem servido para todos êsses especuladores, sem escrúpulos, adquirirem os lucros mais ilícitos e fabulosos, isto em prejuízo do povo.
O caminho que havia a seguir, Sr. Presidente, era meter na cadeia todos êsses ladrões e especuladores que estão vivendo à custa do sangue do povo, ajudados por essa casta de ladrões, especuladores, jogadores, prostitutas e prostitutos que infestam a sociedade portuguesa.
Emquanto se não fizer isto, isto é, emquanto se não castigar severamente toda essa casta de bandidos, especuladores e ladrões que estão fazendo fortunas à custa do povo português, seja qual fôr a resolução que se tomar em face do movimento do funcionalismo pública, êle ficará de pé, e a sua causa nunca poderá acabar.
Esta, Sr. Presidente, é que é a verdade. Emquanto os poderes públicos não olharem a sério para o assunto e não resolverem a questão da carestia da vida, a situação nunca se poderá modificar.
Torna-se absolutamente necessário, Sr. Presidente, que o Govêrno estude o assunto como deve ser, acabando de vez e para sempre com essa obra nefasta que se está fazendo neste País, a dentro da República, da República que foi a aspiração mais sublimo dêste povo, dêste pobre povo que está sendo sugado por essa casta de especuladores, sicários, bandidos e ladrões.
Proíba o Govêrno duma vez para sempre e com sanções convincentes o comércio das cambiais, chame a si exclusivamente êsse serviço que tem muitos estabelecimentos a seu cargo para o poder fazer, tais como a Junta do Crédito Público, a Caixa Económica, etc., o se se verificar que em Portugal já não há ninguém com conhecimentos bastantes para desempenhar êsse serviço, importe S. Ex.ª de fora alguém que venha demonstrar que ainda tem, sendo mercenário, mais amor aos seus princípios morais do que aquele que têm os portugueses que, hora a hora, momento a momento, cavam a ruína da sua própria terra, negando-lhe toda a viabilidade de salvação.
O Govêrno tem cambiais?
Pois faça êle e só êle o comércio das cambiais instituindo uma Caixa de conversão, se lhe agrada o termo, à semelhança do Brasil.
Fixe S. Ex.ª o câmbio que julgar conveniente fixar.
Perde nas primeiras operações?
Ganha nas seguintes e ganha o bastante para cobrir o prejuízo da primeira melhoria que introduzir ficticiamente no câmbio, e não deixe o Govêrno chegar aos seus ouvidos os lamentos daqueles que depois em dificuldades hão-de implorar-lhe piedade; para êsses lamentos os ouvidos dos homens honestos de Portugal têm de fechar-se de vez, levando-os até à condição da miséria, porque é isso só que merecem as suas qualidades dissolventes dentro da sociedade portuguesa.
Procedendo o Govêrno dessa forma iria o câmbio a 3, a 4, a 5, a 6, até que saltassem como que dinamitados os potentados que corroem a medula da Pátria e atrás dêles iria a cauzoada miserável que em Lisboa e já em toda a parte chega até a infâmia de assacar aos outros, como a mim Deputado que tenho as mãos limpas, a comparticipação em negócios ilícitos, quando afinal eu limito-me a preguntar que autoridade moral têm os jornais ou pessoas que a isso aludem, se êsses jornais ou pessoas estão ao serviço servil e imundo dessas entidades!
Tudo está confundido, Sr. Presidente, è o que me. dói é que a confusão já vai tam longe que neste desgraçado País onde se deu sempre consideração à nobreza de carácter, à pureza de sentimentos, onde já os réus estão transformados em juizes e já o homem que cultivava por educação, por temperamento, aquilo que se chama a honra pessoal tem vergonha, anda escondido e colado pelas esquinas de Lisboa, em face especialmente do espavento e consideração que se dá a todo o parvenu, a todo o malandrim que saído das sargotas, do cano do esgoto o lugar próprio para a sua negra consciência, pretenda dominar o domina de facto o meio português.
Contra esta situação, afirmo hoje aqui a V. Ex.ª, hei-de mobilizar toda a energia