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Diário da Câmara dos Deputados
de que seja capaz, e o Sr. Presidente do Ministério, se me quiser fazer justiça, há-de reconhecer que costumo pôr sempre ao serviço das causas justas toda a minha energia.
De qualquer forma Portugal há-de salvar-se e na hora do ajuste de contas alguém, haverá com os olhos bem abortos e com a consciência já endurecida pelas tragédias dos últimos anos que cegamente aplicará o látego da justiça, Não ficarão muitos de fora, eu sei, mas dêsse monturo imundo alguém há-de sair que faça vibrar todo o heroísmo desta raça que se encontra neste momento vilipendiada, cuspida pelos impropérios de toda a casta de traficantes, levantando de novo ao sol puro de Portugal o seu peito cheio de nobreza cheio de grandeza para não deixar cair o passado brilhante, o passado santo, sagrado dos nossos maiores e para demonstrar iniludívelmente, duma vez para sempre, mais uma vez, que Portugal, embora transitoriamente, na mão dos judeus e servindo de almoeda ao emprego dos seus trinta dinheiros, há-de fazer justiça.
Comece, se pode, o Sr. Presidente do Ministério, criatura que não citou nestas palavras porque não conheço S. Ex.ª nem de hoje nem de ontem. S. Ex.ª é cheio de boas intenções, S. Ex.ª é a audácia, mas torna-se necessário que seja menos político, segurando as rédeas do Govêrno bem firmes a fim de se entrar no caminho das resoluções seguras e imediatas, doa a quem doer. S. Ex.ª além de outras virtudes tem uma especial, é a de não ter medo, vá S. Ex.ª para a frente porque terá a acompanhá-lo todos os portugueses e eu lá estarei ao lado de S. Ex.ª Se não enveredar por êsse caminho S. Ex.ª será esmagado pelo cilindro da indignação popular que hei-de empurrar para a frente tanto quanto em minhas fôrças caiba e, apesar da minha consideração ser muita por S. Ex.ª poderei voltar a cara para o lado quando o cilindro o atingir, mas não deixarei de o impulsionar para produzir o esmagamento de todos aqueles que tem produzido o mal de que estamos sendo vítimas, porque dêsse esmagamento resultará a nossa salvação.
Tenho dito.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Sr. Presidente: o ilustre Deputado Sr. Tôrres Garcia veio tratar um assunto de capital importância.
Poderia dispensar-me até de responder à maior parte das considerações de S. Ex.ª, porquanto estou inteiramente de acôrdo com elas.
S. Ex.ª só me fez justiça dizendo que me conhece; efectivamente de há muitos anos somos conhecidos, não podendo atribuir-nos qualquer acto praticado contra o regime, antes pelo contrário, tendo empregado sempre os nossos esfôrços na defesa dêsse regime.
Quanto à questão tratada por S. Ex.ª, devo dizer que êsses Srs. funcionários públicos andam de algum tempo a arripiar caminho, o bom caminho. Primeiro publicaram um manifesto que, não tendo nada por onde se lhe pegue, sob o ponto de vista literário, alienaram as simpatias que êles podiam ter, não digo numa reclamação, mas numa solicitação a quem de direito poderia solucionar êsse problema.
Vozes: — Quem os meteu lá?
O Orador: — A benevolência da República tem sido tam grande que tem mantido lá êsses conselheiros, embora não cumpram com assiduidade os deveres do seu cargo.
Chegou o momento em que temos que dizer a verdade.
E necessário não nos colocarmos numa situação em que qualquer pessoa possa bater o pé ao Poder Executivo, porque então iríamos para o caos, para. a anarquia.
Sou funcionário dum serviço autónomo do Estado, e quando encarregado de qualquer reforma colocava-me fora do alcance dos benefícios para ter autoridade para hoje falar desta maneira.
Não tenho dúvida em afirmar que se fôsse Ministro quando da primeira greve, em que um director geral foi o primeiro a dar o exemplo de indisciplina, eu o teria demitido.
O S. António Fonseca: — V. Ex.ª cairia, como caiu o Presidente do Ministério dêsse tempo.
O Orador: — Mas antes de cair, demiti-lo-ia. Ninguém é preso para Ministro,