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Diário da Câmara dos Deputados
sem embaraços maiores, o saldo do deve e haver internacionais.
Emfim, todas as operações de trocas mundiais, incluindo o movimento de capitais, se realizava mais ou menos normalmente segundo as boas regras da economia social.
A guerra de 1914 lançou uma perturbação profunda na vida dos Estados. A enormidade de despesas e a sua urgência, o agravamento delas sempre progressivo, crescendo incessantemente com a maior duração das hostilidades, o período das incertezas que se seguiu ao armistício, eis um conjunto de circunstâncias que forçou todos os beligerantes a lançarem-se no caminho perigoso da inflação dos instrumentos de crédito.
De várias maneiras se produziu em diversos Estados, Sr. Presidente, a inflação, seja lançando-se em circulação instrumentos do pagamento possuindo fôrça liberatória ilimitada, seja pela execução dum sistema, do crédito fundado em depósitos bancários, seja ainda pelas facilidades de adiantamentos feitos pelos Bancos aos subscritores ou compradores dos títulos dos empréstimos.
Assim, por exemplo, a inflação nos Estados Unidos da América, do Norte produziu-se duma maneira muito especial. O Govêrno Americano, para fazer face aos encargos da guerra, não apelou apenas para as economias privadas.
Doutros recursos, evidentemente, lançou mão.
Mas em momento algum os Estados Unidos se serviram de papel-moeda, seja sob a forma inglesa de emissão do Estado (Currency Notes), seja segundo o processo de notas do Banco com curso forçado adoptado em França, Portugal e outros países.
Foi pela criação de créditos nos Bancos e a sua transformação em moeda, graças ao regime da organização dos doze Bancos de emissão americanos, constituindo os Federal Reserve Banks, que o Govêrno do Washington provocou a inflação.
Os factos passaram-se do seguinte modo, Sr. Presidente: os Bancos foram convidados, mediante negociações prévia mente combinadas, a subscrever os empréstimos do Governo a curto ou a longo prazo e a fazer, à sua clientela, adiantamentos destinados a facilitar-lhes a subscrição dêsses empréstimos.
Esta combinação gerou um rápido desenvolvimento de créditos nos diversos e numerosos, bancos filiados no sistema federal de reserva, aos quais correspondeu, paralelamente, uma grande expansão de depósitos feitos, seja pelo Govêrno, seja pelos particulares. Mas não bastava promover a abertura de créditos e o aumento consequente de depósitos. Os Bancos interessados careciam de meios de transformar êsses créditos em instrumentos de pagamento. Daí a intervenção dos Federal Reserve Banks, que só comprometeram a descontar a uma taxa de favor, inferior à taxa comercial, os bilhetes à ordem dos referidos Bancos, ou letras à vista dos particulares endossadas pelo mesmo Banco, garantidas ou por bilhetes do Tesouro ou títulos dos empréstimos de guerra.
O mecanismo da inflação em Inglaterra foi complicado. Não procurarei expor todos os pormenores dêsse fenómeno. Apenas direi, Sr. Presidente, que o Govêrno Inglês negociou com o Banco de Inglaterra um sistema de abertura de créditos reembolsáveis a três meses (Ways and Means Advances) e com outros Bancos convencionou e obteve promessa de facilidades de subscrição directa dos empréstimos de guerra a curto ou a longo prazo ou de adiantamentos ao público de somas necessárias para essa subscrição em forma de contas correntes caucionadas por depósitos.
A alta dos preços e dos salários foi a resultante lógica o inevitável, Sr. Presidente, dessa inflação, que, produzindo outros efeitos, reduziram o poder de compra do dólar-ouro e da libra esterlina. Em face disso, os Estados Unidos remediaram logo o mal, fazendo um decisivo combate à política inflacionista. Um conjunto de circunstâncias favoráveis, entre as quais a emigração do ouro europeu para a florescente República e a concentração das reservas metálicas nacionais nas caixas dos Bancos emissores, facilitaram a obra de rápida restauração monetária do dólar, conseguindo o Govêrno Americano jugular mesmo uma crise grave em 1920, determinada por um excepcional movimento de negócios. A Inglaterra, que teve também a sua moeda do-