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Sessão de 21 e 22 de Março de 1923
Sabem V. Ex.ªs qual foi a nossa resposta?
Que era pior a emenda que o soneto.
Alvitrámos que então era preferível a primeira fórmula, depois de mostrarmos os inconvenientes, e no emtanto agora a culpa é nossa, segundo diz o Sr. Presidente do Ministério!
E já exagerar as nossas culpas, é levar muito longe as afirmações!
A culpa é do Sr. Ministro das Finanças e do Sr. relator.
Se se deixaram prender, é com êles.
Todavia, o Sr. Presidente do Ministério acha que é prisão de mais para o Sr. Ministro das Finanças, que o encargo efectivo máximo seja de 15 por cento, sinal de que entende que ainda devia ser mais.
Esta é a política desgraçada do Sr. Presidente do Ministério, esta é a política a que S. Ex.ª chama de saneamento da moeda, como poderia chamar-lhe política de cavar batatas:
Risos.
Afirmou o Sr- Presidente do Ministério que a larga discussão que teve o empréstimo se podia fazer. Plenamente de acôrdo.
A alguém que há momentos me interrogou nesta Câmara, sôbre quais seriam as características dum empréstimo que fôsse mais fácil de colocar do que o que propõe o Sr. Ministro das Finanças, respondi que seria aquele em que os encargos máximos fôssem de 30 a 40 por cento, e em. que a criatura que comprasse o título tivesse só de pagar o sêlo.
Risos.
E claro que, se estamos de acôrdo em que a propaganda da imprensa foi útil e o Sr. Ministro das Finanças vai colocar todo o seu empréstimo, isso não impede que digamos que S. Ex.ª tenha prestado um mau serviço ao País, e que aqueles que lá fora estão procurando defender opiniões contrárias não estejam prestando um bom serviço. Apoiados.
As pessoas que lá fora combateram o empréstimo são as que não querem, que o cambio melhore, são as que têm os seus rendimentos em ouro.
Outra daquelas afirmações coadas através dos lábios do Sr. Presidente do Ministério, sem com certeza ter nela meditado.
Não, Sr. Presidente! As pessoas que lá fora combateram o empréstimo, algumas delas — e eu falo por mim — têm tanto interêsse nisso como V. Ex.ª pode ter. E, se eu não tivesse a certeza que essa afirmação tinha sido pronunciada impensadamente, eu teria de a classificar como uma insinuação, respondendo com outra.
Então, diria. As pessoas que lá fora defendem o empréstimo são aquelas que, porventura, estando amarradas à circunstância de saberem que a sua colocação dava um lucro exagerado, asseguravam a si próprias êsse lucro.
Apoiados.
Sr. Presidente: é preciso demonstrar pelos modos à gente que lá fora trabalha, que sua, àqueles que sofrem tormentos para ganhar a vida, àqueles que vivem com uma compressão constante das suas necessidades, àqueles que vêem os filhos na miséria e sentem a revolta a nascer-lhes na alma, que os adversários políticos do. Sr. Presidente do Ministério são pessoas ruins P más, que querem a miséria do País!
S. Ex.ª quis lançar sôbre nós a cólera de todos os famintos do Portugal, e então eu terei de dizer, visto que uma arma só se inutiliza com outra, que S. Ex.ª estará conscientemente a entregar títulos a criaturas que amanhã hão-de especular com elos, no sentido de que o câmbio piore, para receberem mais proventos.
Então, tem de dizer que aqueles que defendem o empréstimo são os que querem a ruína e a miséria do País.
Mas, o Sr. Presidente do Ministério veio mais tarde, teimosamente, como teimosamente veio o Sr. Velhinho Correia, no seu relatório e no seu discurso, seduzir o Pais com as palavras inflacionista e deflacionista.
Eu tenho notado que, mesmo nas assembleas cultas, há um enorme amor pelo palavrão, e em apanhando uma palavra complicada a gosto, agarram-se a ela, e substituem as ideas pela palavra. O Sr. Presidente do Ministério substituiu as suas ideas dizendo que nós somos partidários de inflacionismo.
Mas, quem é que deu autorização para fazer essa afirmativa?
Onde é que ela foi feita?
Em que se fundam o Sr. Velhinho