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Sessão de 21 de Maio de 1923
cado e que aos olhos de quem não conhece o que são organizações da armada pode dar a impressão de que êle é exagerado para as necessidades da marinha.
Expor quais são as necessidades da marinha, o muito que seria preciso realizar para a marinha portuguesa ou o que o País necessita que ela seja, seria, sem dúvida, gastar muito tempo à Câmara e, porventura, com pouca utilidade. Mas, como Deputado, como oficial de marinha, deseja fazer convergir a atenção da Câmara mais para o que representam os números contidos no orçamento e para a sua aplicação do que pròpriamente para um programa a elaborar paru a marinha portuguesa.
A quando da discussão geral dos orçamentos, alguns ilustres Deputados disseram que o do Ministério da Marinha tinha dobrado os pés com a cabeça, foi esta mesma a frase de que se serviu um ilustre parlamentar, antigo Presidente do Ministério, que com muita mágoa, êle, orador, não vê na Câmara pelo facto de o seu partido não assistir às sessões.
Um outro ilustre Deputado o seu querido amigo, que também sente não ver presente, entre os vários exageros que tem a respeito do orçamento do Ministério da Marinha, aumentou de quâsi 50 por cento o número das praças dos serviços da armada.
Vê-se que o orçamento proposto para o Ministério da Marinha é de 67:000 contos, emquanto que o transacto era de 37:000 contos; mas só para melhoria dos vencimentos do pessoal, o que sucede identicamente em todos os outros Ministérios, são 24:000 contos.
Se, porém, compararmos o estado da marinha de guerra em 1923 com o seu estado em 1910, no último ano da monarquia, chegamos a conclusões flagrantes e que cabalmente demonstram que, sendo hoje os serviços muito mais desenvolvidos do que então, o quantitativo do orçamento é relativamente muito menor.
Devemos atender a que, se a armada nacional é hoje mais pequena em cruzadores, é muito maior em contra-torpedeiros, em canhoneiras, em submarinos, em aeronáutica, que então não existia, em serviços radio-telegráficos.
Ela tem muito mais desenvolvidos os seus serviços de departamentos e capitanias e de farolagem. Para a marinha de 1910, que em serviços e em número total de unidades era inferior à de hoje, tínhamos um orçamento de 4:500 contos, o que reduzido a libras dava £ 1. 000:000.
Ora o orçamento actual para os serviços da armada não corresponde às suas necessidades.
Por isso não há o material preciso.
Não há as máquinas necessárias; e só por muita dedicação dos nossos marinheiros é que se pode fazer o serviço.
Por isso se nota muitas vezes a falta de fardamentos e de tudo o que é necessário por não haver dinheiro.
Chega mesmo a não haver dinheiro para comprar remédios nos hospitais, e muitas outras cousas.
O orador, em face dos mapas que lhe vão servir de base para a discussão, provará que só pela dedicação dos marinheiros é que os serviços muitas vezes se fazem, não sendo justo que sejam criticados aqueles que por dedicação e amor à República estão sempre dispostos a cumprir o seu dever.
O orador faz o paralelo dos preços do carvão, em 1910, com os preços de hoje; prova que o material aumentou 200 a 300 por cento no seu custo actual; que o preço das rações sofreu um elevadíssimo aumento e que as somas destinadas ao pagamento do pré são evidentemente muito maiores, mas, ainda assim, em desproporção com a carestia da vida.
O resultado de tudo isto é que o pessoal luta com todas as dificuldades para a sua vida, pois não recebe aquilo que devia receber.
Por outro lado os serviços da armada em 1910 eram inferiores ao que são hoje. Nós temos serviços de navegação novos que não havia então.
Os serviços aeronáuticos, e os serviços de farolagem foram aumentados, tendo um orçamento de 67:000 contos.
Para os serviços da armada falta-nos muito dinheiro e isso provém dos orçamentos não estarem actualizados.
É êste o problema que muitas pessoas não querem ver, votando os aumentos nos orçamentos, mas não querendo ver de onde vem êsses aumentos.
O orador afirma que não há neste orçamento aumentos que não tenham lei que os justifique.