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Sessão de 5 de Junho de 1923
droado capelães em regimentos ingleses, vou informar a Câmara, visto que a comissão o não fez.
Dois padres portugueses têm sido com efeito capelães em regimentos ingleses: um em Belgão (Arquidiocese de Goa), nada recebe do Govêrno Português; e outro em Madrasta (Diocese de Meliapor), é jesuíta, esteve na Mesopotania ao serviço da Inglaterra (a Inglaterra não tem medo de frades!), e acumula actualmente com o cargo de capelão o de missionário, recebendo do Govêrno Inglês uma gratificação. Não há outros capelães do Padroado em regimentos ingleses. Precipitadamente, por isso, ando a a comissão no que afirmou.
O Sr. Abílio Marçal: — Posso assegurar-lhe que há mais capelães.
O Orador: — E eu posso assegurar-lhe que não há; e, senão, demonstre quais sejam.
As minhas informações foram recebidas há minutos apenas, de um dos mais venerandos e beneméritos prelados do Padroado, o Sr. Bispo de Meliapor, que se encontra ainda numa das salas desta Câmara.
O que eu disse corresponde justamente à verdade.
Falando do Padroado, continua o parecer da comissão com a mesma ligeireza:
«Terá êle êsse alto valor como factor político ou económico da nossa nacionalidade ou da nossa missão colonial do Oriente?
Será êle de se manter ante a nossa Constituïção?
A outros órgãos políticos pertence o estudo dêsse problema, absolutamente alheio ao âmbito dêste parecer».
Não, não pertence o estudo dêsse problema só a outros órgãos políticos; pertence a todos os portugueses sem distinção; deve começar por todos os cidadãos logo na escola primária e seguir pela vida fora; é um problema profundamente nacional e interessa aos destinos da Pátria não só sob o aspecto religioso, mas também sob os aspectos político e económico. Não se compreende mesmo que seja agora considerado sob o aspecto financeiro, sem que se ligue com os outros aspectos sociais.
Seria fazer da função orçamental uma simples conta de grande armazém, o que está, felizmente, longe de ser.
Perante a Constituïção, não há dúvida que o Padroado é de manter-se em face do respectivo artigo 2.º, § único; e, como factor político ou económico, é pelo menos maior que o da nossa organização consular e diplomática estendida sôbre a Ásia, cujos resultados mal se percebem e de que ninguém aliás pede a eliminação.
O Sr. Almeida Ribeiro: — O Padroado tem servido apenas para levantar dificuldades às autoridades civis na Ásia.
O Orador: — Só uma lamentável paixão anti-religiosa pode explicar semelhante afirmação.
Tudo o que de grande se tem feito na Ásia foi à sombra do Padroado...
O Sr. Almeida Ribeiro: — Foi com efeito à sombra do Padroado» que muitos, padres se fizeram cônsules e desempenharam outros cargos.
O Orador: — Isso simplesmente demonstra que os padres do Padroado eram de tais aptidões que, sem prejuízo da sua missão religiosa, a Pátria os podia aproveitar e os encontrava sempre prontos para todos os fins de que carecia.
Longe de deprimir, levanta...
O Sr. Agatão Lança: — Pode V. Ex.ª responder ao Sr. Almeida Ribeiro que conforme tive ocasião de observar na minha passagem pelo Oriente, como oficial de marinha, um padre do Padroado teve de assumir o consulado português, em Singapura, porque o cônsul que o Govêrno para lá tinha mandado se tinha apoderado dos respectivos fundos, fugindo com êles.
E, se V. Ex.ª mo permite, acrescentarei que o prestígio dos missionários portugueses é tam grande que, em Singapura, em ocasiões de revoltas, que são frequentes, todos os estrangeiros carecem de munir-se de salvo-condutos; só os portugueses não,- pela consideração dispensada aos seus missionários!