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Sessão de 5 de Junho de 1923
O Sr. Presidente: — Previno V. Ex.ª de que faltam apenas 3 minutos para poder concluir as suas considerações.
Vozes: — Fale, fale.
O Orador: — Agradeço a atenção da Câmara, mas não abusarei.
Permita-me que, para concluir, leia esta parte dum prospecto há dias publicado a favor do Colégio das Missões Religiosas Ultramarinas Portuguesas:
«Segundo as informações recentemente enviadas ao Exmo. e Revmo. Superior do Colégio das Missões pelos respectivos prelados, nas nossas grandes províncias de Angola e Moçambique têm-se nos últimos meses continuado a fechar missões católicas e escolas e institutos católicos por falta de pessoal missionário; na Guiné portuguesa e em S. Tomé e Príncipe teme-se que antes de poucos anos não haja um só sacerdote católico; a província de Cabo Verde tem um tam reduzido número de sacerdotes que se não lho são enviados mais da metrópole a sua paganização será completa em meia dúzia de anos, e o glorioso Padroado português no Oriente, se não fôr amparado com mais missionários, se extinguira vergonhosamente.
E, portanto, urgentíssimo ir reforçar amplamente o reduzido e muito dedicado grupo de missionários portugueses que, por amor à religião e à Pátria, ainda trabalham hoje no ultramar; a consciência e o patriotismo o exigem».
Apesar duma tal situação e das muitas dificuldades com que se vêem embaraçados a cada passo, o patriotismo e a f é dos católicos portugueses é tal que na presente conjuntura conseguem ter a funcionar em Angola duas missões e três sucursais do grupo A e vinte e seis missões do grupo B; em Timor duas missões do grupo F; em Moçambique dezasseis missões e sete sucursais do grupo CD, e quatro missões e várias sucursais do grupo E.
Para tanto, e para mais a que ardentemente aspiram, sustentam já três institutos de preparação de missionários: o Colégio dos grupos A, C, D e F (decretos n.ºs 6:322 e 7:600); o Colégio do grupo D (despacho do Ministério da Justiça, de 18 de Dezembro de 1922, decreto de 22 de Fevereiro de 1918 e decreto n.º 6:322).
Têm, ao todo, pròximamente trezentos alunos, entre artífices, auxiliares e seminaristas, e cinquenta empregados Q- missionários inutilizados, ou sejam cêrca de trezentas e cinquenta pessoas a sustentar e educar, o recebem das dotações ordinárias dos seus respectivos grupos as percentagens voluntárias, que não excedem a 55. 000$ anuais.
Grupos A, C, D e F, 30. 000$; grupo B, 11. 000$; grupo E, 4. 000$.
Admitindo que cada pessoa nas circunstâncias económicas actuais faz de despesa anual apenas 1. 000$, temos necessidade de 350. 000$; mas, além disso, há ainda a custear as verbas de livros, instalações, oficinas, vestuário, montagem de luz, obras, etc., para o que se pede mais 100. 000;$, sendo por isso necessário inscrever uma verba total de 450. 000$ para os três institutos de reparação de missionários portugueses para as missões civilizadoras religiosas de todas as nossas colónias.
Com o pessoal acima poderá ter-se, além dos que já foram formados por dois dêstes institutos, para dentro de dois ou de três anos, cinco ou seis alunos em cada ano, e dentro de seis a oito anos uma média de vinte a trinta missionários anualmente.
Em dois dêstes institutos ou colégios é tal a pobreza que os alunos têm de andar descalços (grupo B e grupo E).
Tais são os sacrifícios dos católicos portugueses na obra da colonização a empreender pela sua pátria.
A par do exposto, é de referir, como reflexo da elevação dos seus trabalhos, as publicações periódicas de propaganda e informação que se vêm fazendo nesse sentido: Missões de Angola e Congo, mensal, publica-se desde Janeiro do 1921; Anais da Ordem da Santa Infância; Boletim Salesiano; Eco dá África; Anais da Propagação da Fé.
Que o Estado saiba ao menos corresponder à dedicação de tam prestantes como activos, cidadãos que traduzem a maior corrente social do seu país.
Mas não quero cansar mais a Câmara. Terminou o tempo que me era destinado para falar.