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Sessão de 6 de Julho de 1923
verão? É atenuar a diferença cambial, fazendo toda a diligência para evitar a especulação; assim um bom Govêrno deve evitar as grandes oscilações, de forma que não se mantenha a curva sinusoidal e se aproxime da curva real.
Merece a pena nesta terra, com homens como o Sr. Presidente do Ministério, com homens como o Sr. Ministro das Finanças, para os quais tudo está bem; homens como o Sr. Presidente do Ministério, cujas palavras lhe saem aos borbotões como se fossem a catarata do Niagara; mas vale a pena nesta terra pugnar por semelhantes ninharias, nesta terra em que a especulação é protegida e favorecida pelo Govêrno, sobretudo pelo Sr. Ministro das Finanças?
O Govêrno, por exemplo, anuncia que vai trabalhar com a comissão de finanças e com o Sr. Velhinho Correia para que o câmbio vá melhorar, e isto com a colaboração do Parlamento.
O Sr. Velhinho Correia proclama isto, e S. Ex.ª naturalmente tem os seus admiradores, e com a responsabilidade do seu cargo prova-lhes quê o câmbio há-de melhorar por faz ou por nefas.
Há-de melhorar com o próximo negócio do empréstimo.
Àpartes.
Nós. Deputados da oposição, deixamos ao Govêrno todas as glórias, como todas as responsabilidades.
Dizendo um Ministro que o câmbio há-de melhorar, vemos então a justa ambição da raça humana.
Em dado momento todos seguem o mesmo caminho, todos os banqueiros vendem libras, sem as ter, fazendo o raciocínio que, vendendo libras a 100$, ganham porque as compram muito mais baratas.
Mas o Sr. Ministro das Finanças e o Sr. relator dizem que o empréstimo é contraído em bases sérias e que o juro de 15 por cento não se justifica porque o câmbio vai melhorar.
Nessa primeira fase o fenómeno cambial dá razão ao Sr. Ministro das Finanças, porque todos vêem vender libras que não aparecem no mercado, que só existem na imaginação dos que as vendem, e em dado momento fazia-se a operação que pode iludir quem desconhece o fenómeno cambial, mas não aqueles que de câmbios percebem alguma cousa.
Eu pregunto: é legítimo que isto se faça?
Mas são êstes cavalheiros os melhores cooperadores do género.
Êstes são bons porque acreditam na melhoria cambial, os outros são maus portugueses porque não acreditam.
Então os especuladores zangam-se quando acreditam neles?
Os especuladores disseram que o câmbio ia para 4 e o país acreditou.
Se nós fizéssemos aplicar a lei da inspecção de câmbios teriam de prender o Sr. Ministro das Finanças, o Sr. Velhinho Correia, o Sr. Adrião de Seixas, o Sr. Soares Branco, porque determinam boatos de que resultou uma exploração cambial.
Fez-se a propaganda do empréstimo em artigos patrióticos e patriòticamente pagos, assim como a publicação de retratos pagos a tanto por centímetro quadrado; agora verifica-se que não havia razão para tantas esperanças.
Vendidas libras que não se possuem, como é que elas no prazo marcado hão de ser entregues a quem as comprou?
Ou a lógica é uma batata ou só há um remédio: comprando de novo, de modo que o especulador que anda especulando no sentido da melhoria cambial seja forçado a especular no sentido contrário.
Mas nesta altura intervém a Inspecção de Câmbios. Não se indigna porque o especulador comprou para melhorar a situação cambial, mas porque comprou para se refazer a sua posição.
Sr. Presidente: há cousas tremendas nos cérebros das pessoas que são as mais altas capacidades e que põem os cabelos da cabeça do Sr. Adrião de Seixas em pé. Depois de se anunciar uma melhoria cambial que é proporcional do número de parvos que nela acreditam, assistimos ao retrocesso, à reversão, que é a consequência lógica da especulação.
Eu admito erros, mas não admito má fé.
Eu admito que um Ministro se possa ter enganado, mas renegar aqueles que nele acreditaram é que não posso admitir.
O Govêrno tem primeiro que tudo de fazer um juízo seguro sôbre quais são os negreiros que hão-de vender a pele do branco; mate-os, assassine-os, mas não os deixe especular nesse sentido, porque tem