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Diário da Câmara dos Deputados
ponder aos Srs. Deputados que acabam de usar da palavra.
Sr. Presidente: ou vejo às vezes, com bastante surpresa, que me atribuem afirmações que nunca fiz, que nunca pensei fazer e das quais por isso não posso tomar a responsabilidade.
Declaro isto de uma vez para sempre.
Em matéria de circulação fiduciária, eu afirmei desde a primeira hora que era meu propósito orientar a vida do Estado sem recorrer à circulação fiduciária. Foi esta sempre a directriz da minha acção, tanto como Ministro como na minha qualidade de Deputado.
Cada uma das minhas propostas examinadas de per si, e todas no seu conjunto, revelam o propósito de fazer sair o Tesouro duma situação muito difícil sem recorrer à circulação fiduciária.
Não assumo responsabilidades de actos que não cometo.
Mas no fundo toda a questão é apenas isto: vamos ou não vamos para o aumento da circulação fiduciária,
O Sr. Cunha Leal: — Não é isso. Fomos ilegalmente ou não? Assim é que está certo.
O Orador: — Até já ouvi falar de crimes e não sei que mais.
Havia de ter graça que eu, que nunca fugi às minhas responsabilidades, tivesse de responder pelas culpas de outrem.
Seria inédito que eu, membro do Poder Executivo, tivesse de responder pelas consequências de situação que deriva de o Poder Legislativo ter entregue ao Executivo um orçamento deficitário, e agravado depois com aumentos de vencimentos aqui votados.
Nem como Deputado eu disso tenho responsabilidade porque votei contra.
O Sr. Cunha Leal: — Quando se discutiram os orçamentos a minoria nacionalista não vinha à Câmara!
O Orador: — Mas a minoria nacionalista estava na Câmara quando se votaram os aumentos de vencimentos,
Trocam-se simultâneos e sucessivos àpartes.
O Orador: — É uma cousa triste estarmos a meter um debate político numa discussão que versa afinal sôbre um assunto que bem merece que todos nós cerremos fileiras, como tam necessário é para salvação da República.
O Sr. Carlos de Vasconcelos: — Já caí com essas, mas agora não...
O Orador (continuando): — Ouvi do lado da minoria palavra de agressão a êste Govêrno de que faço parte e também do Partido Democrático a que pertenço. Injustas e imerecidas são essas palavras.
Duas cousas tem feito o Govêrno que só por si justificariam o seu bom nome e o reconhecimento do País. Uma cousa é a manutenção da ordem pública, a outra é a estabilização cambial.
Há risos e àpartes.
Noto que alguns Srs. Deputados da minoria se sorriem por estar afirmando esta verdade. Desculpem-me, pois, S. Ex.ªs que eu lhes recorde que quando passaram por estas cadeiras não conseguiram o mesmo.
Falo nesses dois actos do Govêrno, tanto mais à vontade, quanto é certo que eu não posso compartilhar das glórias de tal acção, visto que ao Govêrno pertenço há pouco tempo.
Sr. Presidente: alguns Srs. Deputados e, designadamente, o Sr. Cunha Leal, preguntaram-me se eu nas minhas considerações anteriores quisera referir-me a S. Ex.ªs
Evidentemente que não.
Eu jamais poderia pôr qualquer de S. Ex.ªs na categoria dos homens que defino como especuladores cambiais ou como favorecendo-os. S. Ex.ª, é um patriota que eu coloco no primeiro plano dos defensores da República; não podia estar — a declaração chega a ser importuna-incluído em qualquer das categorias que indiquei.
S. Ex.ª, fogoso sempre nos seus ataques, teve simplesmente em vista um objectivo de natureza política, ao dirigir-me as suas tam enérgicas quam infundadas acusações. E tam dominado se encontrava o ilustre parlamentar pelo seu objectivo político que, ensombrando um pouco o seu reconhecido talento, chegou a confundir os números da circulação fi-