O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22
Diário da Câmara dos Deputados
tendo-se por isso de entrar em linha de conta apenas com as cobranças actuais e não com as do passado. Ora eu que julgava que tinha sido do maior escrúpulo mental, vejo agora que sou acusado pôr S. Ex.ª do contrário. Mas, para refutar S. Ex.ª, vejam V. Ex.ªs como eu organizei as minhas contas.
As cobranças nos primeiros meses foram na importância de x; as cobranças nos últimos meses foram na importância de y; a soma disso tudo dava 42:400 contos, números redondos. O que é que um homem que tivesse paixão política diria? Diria que a cobrança um ano dava 42:400 contos. Mas o que faz um homem que tem cultura matemática? O que fiz eu? Estabeleci uma média, depois de confrontar números e fazer cálculos. E assim, obtendo durante todo o ano anterior uma média de 3:000 e tantos contos, empreguei para os meus cálculos a média larga do 5:000 contos. E vem depois dizer-se que eu não fiz os cálculos bem, mas com vontade de colocar mal os adversários!
Àparte do Sr. Vitorino Guimarães que não se ouviu.
O Orador: — Mas S. Ex.ª julga que eu vinha para aqui com números ao acaso, atirados como uma esmola pelos directores gerais do meu Ministério?
Que homem supõe V. Ex.ª que eu sou?
Eu tenho aqui o mapa oficial das receitas. Os números que apresento são os oficiais. Não se trata, portanto, de fantasias, nem de erros de informação.
Não sou tam fácil de iludir como julga o Sr. Vitorino Guimarães; e S. Ex.ª conhece o pessoal do Ministério das Finanças para saber o escrúpulo como são dadas as suas informações, sobretudo quando elas são pedidas com detalhe. Por isso, posso afirmar que os meus números são certos, e para os obter foi preciso em dois dias um trabalho que teve qualquer cousa de fabuloso e que me dá orgulho de estar à frente dum pessoal que me merece todos os elogios.
Apoiados.
Assim não vejo em que as minhas previsões sejam erradas. O Sr. Vitorino Guimarães é que se permitiu fazer cálculos de fantasia quando diz com convicção que o rendimento do imposto de transacções há-de ser muito maior. Há-de ser, sim, mas quando nós trouxermos aqui medidas para isso e para tornar o imposto mais prático.
Apoiados.
Parece-me que houve uma confusão e não se quis ver o alcance das minhas afirmações quando falei sôbre o imposto pessoal de rendimento e sôbre a impossibilidade de obter êste ano o seu rendimento.
Por ser coerente com as minhas ideas, passaram a ver em mim um terrível adversário dêsse imposto, quando eu só afirmei que êste ano é difícil a sua cobrança, não pelo imposto em si, mas simplesmente porque os seus cultivadores tiveram pouco cuidado na prática da sua cobrança.
Como Ministro das Finanças o que eu quero é a forma de cobrir êsse imposto.
Afirmou também o Sr. Vitorino Guimarães que o novo não paga o que deve.
Não sei se o povo paga muito ou paga pouco.
Limito-me a fazer uma afirmação — e é que, infelizmente, pagão muito ou pouco as circunstâncias do tesouro e os erros do passado, que a todos pertencem, exigem que pague mais.
Isto é desagradável dizer-se, mas é necessário.
Apoiados.
O Sr. Vitorino Guimarães diz que tem o optimismo romântico.
Optimistas e pessimistas pertencem à escola do romanticismo, e já Voltaire os definiu.
O Sr. Vitorino Guimarães na sua casa tem o direito de ver tudo cor de rosa, mas fora da sua casa, e quando se trata de interêsses do país, o seu romanticismo pode ficar caro ao país, como aconteceu com o empréstimo a juro de 6 por cento.
S. Ex.ª fez o empréstimo com a convicção de que o câmbio melhorasse, e, então S. Ex.ª faria uma grande obra. Mas o câmbio foi para pior e apesar disso, S. Ex.ª vem dizer que sou criminoso porque não tenho o mesmo romanticismo de S. Ex.ª, e desejaria que eu fizesse um empréstimo pagando o juro de 16 por cento, que S. Ex.ª acharia uma surprema obra de administração.
Àpartes.