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10 Diário da Câmara dos Deputados

Esta data representa mais uma glória da República, lembrando o momento em que o povo afirmou mais uma vez a sua fé pela República.

Aos heróicos soldados que defenderam o regime, e a todos aqueles que combateram em nome do seu ideal num momento de desfalecimento, a todos a minha maior homenagem.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: em nome da minoria nacionalista, associo-me ao voto proposto pelo Sr. Almeida Ribeiro.

Viu-se a alma republicana nesse momento combater pelo regime que era o seu ideal.

Nós não podemos ficar indiferentes perante êsse grande acto de abnegação de um tam valoroso povo.

Não posso deixar de dizer que as minhas homenagens são especialmente para aqueles que batendo-se pela República, tombaram mas envolvo nas minhas homenagens todos os que se bateram sinceramente por um ideal.

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança: — Sr. Presidente: faz hoje precisamente cinco anos que a República conseguiu triunfar mais uma vez, devido à dedicação dos republicanos, ao seu esfôrço, e ao valor e saber do exército e da marinha republicana e do povo republicano de Lisboa.

Sr. Presidente: propositadamente quis dizer «saber», dada a situação especial em que os monárquicos se encontravam para restaurar o regime deposto; porque se não houvesse uma boa tática, a República teria atravessado momentos dolorosos, porventura ainda mais do que os que passou nos dias que se seguiram ao dia 19 de Janeiro de 1919.

Sr. Presidente: faz hoje precisamente um ano que mandei para a Mesa uma moção, que não teve a honra de ser aprovada por toda a Câmara republicana; mas nem por isso eu me arrependo, pois a minha consciência ainda hoje, um ano depois, me diz que pensei bem e conforme a minha consciência de republicano e patriota.

A hora que nós atravessamos é melin-

drosa e a data que celebramos é uma data gloriosa para a República e para o coração de todos os republicanos.

Nessa hora de dor e de angústia, êsses homens bateram-se por um nobre ideal.

Apoiados.

Sr. Presidente: as minhas palavras nunca foram de ódio ou revindita.

Há um ano não tive o prazer de ver aprovada a minha moção; mas hoje espero que, por um sentimento de justiça e até de piedade, eu consiga o aplauso da Câmara.

Espero êsse voto para um projecto de amnistia, que vou ter a honra de mandar para a Mesa, para os marinheiros que se encontram nas masmorras de S. João da Barra, em virtude dos acontecimentos de 10 de Dezembro de 1923.

Não ignora a Câmara e o país a confusão dos espíritos, sôbre a maneira como êsse movimento nasceu, e as suas diversas características e sôbre os antecedentes dêsse movimento.

Sr. Presidente: houve oficiais superiores e subalternos que se foram entregar à prisão, por terem responsabilidade no movimento.

Não ignora V. Exa. que houve individualidades da classe civil, também de categoria, que se foram entregar à prisão, como sendo responsáveis dêsse movimento.

E o que vemos nós, Sr. Presidente?

O que vê o povo republicano?

O que vêem os marinheiros da República, com profundo desgosto?

O que vejo eu com a mágoa que perturba a minha consciência?

Que se mandaram em liberdade aqueles que sé inculcavam criminosos, não se vendo até hoje, cinqüenta dias decorridos, que se procurasse fazer um inquérito rigoroso pela pasta da Guerra, um inquérito rigoroso pela pasta do Interior, para prender todos aqueles que tivessem responsabilidades nesse movimento!

Não!

Tudo se limitou a agarrar os marinheiros do destroyer Douro, a maior parte dos quais tem, como único crime, o crime da presença, isto é, de estarem a bordo no dia em que pela escala de serviço tinham de lá estar.

Se a revolta tivesse sido um dia antes ou um dia depois não seriam os mesmos