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Sessão de 25 de Janeiro de 1924 21

Não digam, portanto, tam mal do Parlamento. Ao Parlamento já se devo nesta hora um serviço, e êsse serviço é simplesmente êste: é que os negociadores, que pediam pressa até 31 de Dezembro, já não tem pressa para que seja dado como bom o acordo. Êsses negociadores tinham, pôsto o Govêrno entro a espada e a parede, dizendo:

«Ou aprovam êsse acordo ou não se efectua a operação».

Agora já êsses negociadores alargam o prazo o estão prontos a transigir.

Tenho portanto o direito de dizer que à honesta intransigência do Parlamento só deve que futuras negociações possam ser estabelecidas com a casa Armstrong.

Não nos importa que digam que queremos uma discussão que não é uma discussão, mas uma mistificação da discussão, o que queremos acima do tudo, é defender os interêsses do país, o havemos de defendê-los com aquela intransigência, com aquela ferocidade que deve ser a nossa característica dentro do Parlamento.

Sr. Presidente: no meio desta discussão enxertou-se um assunto que não deixa de ser interessante esboçar nesta Câmara, é o que se refere a tendências separatistas em certos meios, em certas colónias.

Essa questão, que é evidentemente uma daquelas que deve merecer a atenção do Parlamento, devo ser por mim esboçada na altura em que o Sr. Ministro das Colónias me queira dizer que está habilitado a responder à minha interpelação.

É do facto um a cousa curiosa, esboçar-se êsse ponto, e até pela simples circunstância de ou anunciar que um dos números do meu programa nessa sessão é êsse das tendências separatistas, devo afervorar o Sr. Ministro das Colónias, no bom desejo de mo dar e a todos os Srs. Deputados que só queiram ocupar do assunto, o ensejo de explicar o nosso pensamento!

Por isso, Sr. Presidente, não direi nada hoje sôbre tendências separatistas, não me referirei a documentos emanados das nossas colónias para jornais estrangeiros, reservo-me para essa ocasião, o então se verá que não temos muito tempo para esporar.

Há várias pessoas interessadas em que o caso se esclareça, somos todos nós e sobretudo aquêles que se ocuparam hoje sôbre o assunto.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Francisco Cruz: — Sr. Presidente: não era intenção minha entrar neste debato, mas ouvidas algumas declarações feitas nesta casa sôbre o assunto, não podia ficar calado.

Esta questão a meu ver encerra dois aspectos, o aspecto de ordem moral e o aspecto de ordem económica o financeira.

Sob o aspecto de ordem moral chego a convencer-me que êle briga com o brilho da nossa independência, o a êsse respeito dói-me como português sentir a quási insensibilidade que se vem notando nesta Câmara.

Sob o aspecto de ordem económico e financeiro, desejo preguntar aos campeões da defesa do empréstimo se na verdade elo convém ao País, negociado nas condições em que veladamente foi trazido à Câmara ou se não convirá mais que se esclareça bem claramente, à luz do dia, com toda a verdade, o que são essas cláusulas de verdadeiro caderno de encargos e em que há algumas disposições que não honram os negociadores.

Sr. Presidente: eu sentir-me-ia pequenino, só tivesse negociado um acordo nestas condições.

Sr. Presidente: receber dinheiro por intermédio de uma casa para impor a condição do comprar os produtos, tendo apenas em conta o bom acabamento e qualidade.

A Câmara não quero dedicar a sua atenção e esfôrços patrióticos ao estudo cabal dos assuntos.

Como disse muito bem o meu ilustre correligionário Sr. Cunha Leal, o empréstimo é feito em condições perfeitamente leoninas.

Há colónias que tem o espírito separatista, que é preciso deter a tempo.

Não vejo que temor que velado interêsse exista em não querer discutir as cláusulas, para que êsse empréstimo devidamente possa ser apreciado?

Por que se não hão-de discutir convenientemente as suas cláusulas, para olhar